“O principal é o amor que essas crianças merecem receber”, diz coordenadora do Educandário

Quando se pensa no Dia das Crianças e nas crianças em situação de vulnerabilidade social, logo se tem uma ideia equivocada de que não é uma data feliz para elas. No Educandário Santa Margarida, por exemplo, os funcionários fazem questão de reforçar: todos são uma grande família ali, e amor não falta – seja antes ou depois da data comemorativa de outubro.

FRUTO DA SEGREGAÇÃO

Completando 75 anos de existência em 2017, o Santa Margarida passou por uma série de transformações nestas quase oito décadas de existência. Embora hoje seja sinônimo de abrigo para vítimas de famílias desestruturadas, a origem da estrutura vem de um triste episódio da história acreana.

Em 1942, surgiu a Sociedade de Assistência aos Lázaros, que atuou como “preventório” ao separar os filhos dos pais e familiares que eram diagnosticados com hanseníase e enviados para as “colônias de leprosos”.

Estrutura já existe há quase oito décadas, tendo passado por diversas mudanças ao longo desse tempo. Foto: ContilNet

Ou seja, a fundação dessa Sociedade surgiu para atender o interesse sanitário da época, quando ainda não havia tratamento eficaz contra a doença (conhecida como “lepra”). Quem era diagnosticado enfrentava a exclusão social em colônia, onde ficavam até morrer. Quando a ciência trouxe o tratamento, foi o momento de mudanças.

O NASCIMENTO DO EDUCANDÁRIO
Com a aprovação do novo Código Civil, surgiu o atual Educandário Santa Margarida em 2002, que recebe, até hoje, crianças com idade entre 11 meses e 12 anos de idade, sendo este o único espaço em Rio Branco que acolhe esta faixa etária. Atualmente, cerca de 35 crianças estão abrigadas na instituição não governamental.

Rita Batista, 70, atua há três anos e meio como coordenadora geral, sendo este o seu segundo mandato. “O que pretendemos é abrigá-las até que as famílias tenham passado por uma reestruturação, estando aptas novamente a receber as crianças para os devidos cuidados. Esse retorno acontece apenas com o aval do juiz, que avalia os nossos relatórios e a disposição da família”, disse Rita, que se considera avó dos meninos e meninas desse lar.

Rita Batista, 70, atual coordenadora geral do Santa Margarida. Foto: ContilNet

Os jovens são encaminhados para lá quando é detectada uma situação de desestruturação familiar que compromete a integridade e a formação física e/ou intelectual da criança, que é encaminhada para o Santa Margarida por ordem judicial. Daí, vem o Plano Individual de Atendimento (PIA) e outros relatórios que avaliam a criança.

“Através dos assistentes sociais e psicólogos, é realizado um longo trabalho com as famílias para que as mesmas possam receber esses jovens novamente. “Quando não existem mais possibilidades, solicitamos a destituição do menor de idade”, explicou Rita.

ASSISTÊNCIA SOCIAL
“Completei um ano de trabalho na instituição em outubro deste ano. Amo o que faço e prezo pelo melhor atendimento. Nós tentamos incentivar ao máximo a recuperação familiar para não separar as famílias, mas em certos casos, não há outra solução que não seja a destituição de um lar e a entrada no processo de adoção.”

Crianças são encaminhadas para o Santa Margarida quando enfrentam situações de desestruturação familiar. Foto: Angela Peres

Assim destacou a assistente social Rosimeire Fidelis, 32, que trabalha diretamente na assistência ao educandário. “Somos um intermédio entre o Juizado, instituições parceiras (unidades de saúde, escolas, casas terapêuticas para onde alguns pais são orientados a ir) e o educandário. Tudo isso para que exista a possibilidade do retorno para a família (biológica ou extensiva)”, afirmou Rosi, como é chamada pela equipe e pelas crianças.

Segundo a assistente social, cerca de 90% dos atendimentos são de situações onde há o vício em drogas nos lares. Quando os pais ou responsáveis querem fazer o tratamento – já que não existe ordem judicial que os obrigue a isso –, existe, de acordo com Rosi, uma vontade imensa de reaver o contato com os filhos.

“Se percebemos que não há essa possibilidade, solicitamos a destituição da criança, que fica apta, após um certo trâmite, para o processo de adoção. Mas, apesar dessas situações, o lar é um espaço de carinho e amor. Prezamos por isso e sempre vamos defendê-las”, enfatizou Rosi.

O educandário recebe crianças com idades entre 11 meses e 12 anos. Foto: Angela Peres

APADRINHE. AJUDE. DOE

Nesta semana, também foi lançado em Rio Branco o Projeto Padrinhos, que estimula o contato da sociedade em geral com essas crianças na forma de apadrinhamento, onde é possível colaborar de diversas formas: material escolar, vestuário, atividades recreativas, entre outras possibilidades.

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Caso você se interesse em realizar alguma doação (material de limpeza, roupas, fraldas ou outros artigos), entre em contato através do telefone (68) 3224-2828.

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