Educadora acreana participa de workshop na Suíça e afirma: “Honrada em representar o Estado fora do país”

Quando iniciou a faculdade de Letras aos 17 anos, Nayra Colombo tinha apenas uma certeza: queria trilhar o caminho da Educação para ser uma força transformadora. Incentivada pelos pais, que também são professores, Nayra concluiu o curso e logo iniciou a carreira de professora com apenas 21 anos de idade.

“A única coisa que eu sabia naquela época era de que gostaria de ver os sonhos das pessoas se realizando. Meus pais, que são professores, foram meus maiores exemplos – dentro e fora da sala de aula. A partir do curso de Letras, comecei a dar aula aos 21 anos de idade, e logo fui percebendo que ‘dar aula’ era muito mais do que repassar o que aprendi na faculdade. Meu envolvimento com os alunos me motivava cada dia mais”, destacou Nayra.

Nayra Colombo, professora selecionada para workshop na Suíça. Foto: Reprodução

Este envolvimento com a docência foi o que marcou o rumo profissional da educadora durante os seus dezessete anos de carreira. Ao longo deste período, Nayra se tornou mestre em Linguagem e Identidade pela Universidade Federal do Acre (Ufac) e acumulou cargos de coordenadora pedagógica, diretora escolar e coordenadora de Ensino Médio no Acre.

Este ano, a trajetória pessoal e profissional da educadora passou por uma transformação graças à viagem internacional realizada neste mês de junho, onde ela e outros educadores brasileiros puderam conhecer a Suíça e debater práticas educacionais fora do Brasil.

TALENTOS DA EDUCAÇÃO

A conquista dessa experiência na Europa foi possível graças à seleção de Nayra como um dos “talentos” da educação brasileira de 2017. Criado pela Fundação Lemann em 2014, o programa Talentos da Educação seleciona profissionais que sejam comprometidos em conduzir transformações e causar impacto na educação brasileira. Através dele, a Fundação busca ampliar o potencial de liderança e o alcance das ações de quem trabalha em diferentes áreas para melhorar a qualidade da educação no país.

“Em 2017, através de uma amiga que trabalha no Instituto Natura, soube desse processo seletivo para educadores de todo o país. O objetivo é formar uma equipe por ano com pessoas que os membros da Fundação acreditem ser capazes de mudar os rumos do país através da educação”, explicou Nayra.

Equipe de educadores selecionados para o intercâmbio. Foto: Reprodução

“O processo de inscrição foi rigoroso, composto por uma variedade de formulários e uma carta de recomendação do Ministério da Educação (MEC), que foram verificados pela equipe da Lemann. Após entrevistas, 28 pessoas de todo o Brasil – incluindo eu – foram escolhidas como os Talentos da Educação 2017. Fiquei muito feliz por representar o Acre e a Região Norte”, revelou.

DO ACRE PARA O MUNDO

Este ano, a Fundação Lemann realizou um processo de seleção que levou 20 educadores para participar de um workshop em Zurique, a segunda maior cidade da Suíça. A passagem pelo território suíço durou alguns dias, aproveitados ao máximo pelo time brasileiro. “Esse workshop debateu ‘Educação e Segurança Pública’. Falamos sobre como a Suíça trata o uso de drogas e quais as principais diferenças relacionadas à realidade brasileira; existe, neste ponto, uma distância enorme no que diz respeito às políticas ligadas aos usuários de drogas, ao tráfico e às fronteiras internacionais”, enfatizou Nayra.

“Isso tudo é tratado com a ‘política de redução de danos’. Creio que essa foi a maior lição que aprendi. Na Suíça, não existem usuários de drogas nas ruas, pois o governo decidiu construir algumas estruturas chamadas ‘Casas de Contato’. Nesses lugares, os usuários se drogam (do crack à heroína) dentro destas casas. É impressionante pelo elemento humanizador no tratamento com os usuários. No Brasil, vemos gente morrendo de overdose ao relento. Lá também existe isso, claro, mas nesses centros, com funcionários do governo e esterilização nas salas, é baseada na política de redução de danos. Para os suíços, é melhor existir uma casa dessas do que deixar o cidadão ao relento, gerando uma série de outros crimes que são resultado (direto ou não) do uso de drogas. Dentro desses locais, também existe o acesso às políticas de desintoxicação. Todo o tipo de gente frequenta estes lugares: moradores de rua, professores, funcionários públicos… Às vezes a família nem sabe. As únicas substâncias que não são permitidas lá são a maconha e o álcool”, revelou a educadora.

Workshop debateu o tema “Educação e Segurança Pública”. Foto: Reprodução

Além da política ligada ao uso de entorpecentes, também foram trabalhados durante a estadia na Europa assuntos ligados à educação formal e à primeira infância, que compreende o período entre a gestação e os três anos de idade do indivíduo.

“Uma creche ruim pode prejudicar além da nossa compreensão. Portanto, se esse for o caso, é melhor que ela fique em casa. Nem sempre a educação formal traz benefícios. Ela precisa ser adequada para as crianças. Uma creche ruim pode prejudicar além da nossa compreensão. Portanto, se esse for o caso, é melhor que ela fique em casa. Nem sempre a educação formal traz benefícios. Ela precisa ser adequada para as crianças”, disse.

MUDANÇA NO SISTEMA EDUCACIONAL

Questionada pela equipe da ContilNet sobre qual deveria ser a principal mudança no sistema educacional brasileiro, Nayra destacou que, apesar das décadas de mudanças, ainda há o que melhorar: “A valorização do magistério é importantíssima, mas não apenas no sentido monetário. As formações iniciais e continuadas e a adequação de currículos também devem ser pontos centrais, pois muitos alunos não ficam na escola porque sentem que o que estão aprendendo não tem o menor sentido. Precisamos de políticas que tenham abrangência, políticas personalizadas para se adequar às várias realidades dos alunos brasileiros. Outro ponto importante é a melhor distribuição do financiamento educacional. Às vezes não falta dinheiro, ele é apenas mal distribuído”.

Durante a passagem no território internacional, Nayra reforçou o potencial dos educadores acreanos: “Me sinto honrada em ser parte da rede educacional do Acre. Temos muito potencial, não tenho dúvida alguma. Escolhi a profissão certa e sempre digo que sou professora, e com ‘P’ maiúsculo!”.

 

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