1 de maio de 2024

Chapa presidencial Lula-Alckmin pode ganhar palanque duplo no Acre 

Aconteceu 

Depois de muitas semanas de especulações e após finalmente bater o martelo pela entrada no PSB no último dia 18, a solenidade de filiação do ex-governador de São Paulo e ex-tucano Geraldo Alckmin ao Partido Socialista Brasileiro ocorreu na tarde de hoje, em Brasília.

Sem Lula 

Apesar da ida de Alckmin para o PSB ter como principal articulador o ex-presidente Lula (PT), que quer o ex-tucano como seu vice na chapa presidencial, o petista não apareceu na solenidade de filiação. A justificativa encontrada por petistas e socialistas é que Lula não queria ofuscar o protagonismo do agora ex-picolé de xuxu no evento. Apesar da ausência de Lula, a alta cúpula nacional do PT esteve presente.

Discurso

Em parte de seu discurso, Alckmin disse que Lula representa a própria democracia. “Temos que ter olhos abertos para enxergar, a humildade para entender aquele que melhor reflete e interpreta o sentimento de esperança do povo brasileiro. Aliás, Lula representa a própria democracia porque é fruto da democracia”, disse o recém-socialista.

Sem Acre 

O evento também não contou com representantes do PSB acreano. O partido não enviou nenhum socialista para Brasília.

Improvável 

Mesmo no dia de sua filiação, é impossível ainda não se sentir surpreso com esse movimento. Adversário histórico de Lula e do PT, uma série de eventos improváveis tende a deixá-los do mesmo lado do palanque nas eleições deste ano. Se a chapa Lulalckmin já era dada como certa, agora com a ida do ex-governador para um partido da base de apoio de Lula, a aliança está praticamente sacramentada.

Vingança 

Em entrevista ao podcast “O Assunto”, da jornalista Renata Lo Prete, o analista político Fábio Zambeli diz que a ida de Alckmin para a vice de Lula é quase uma vingança política contra o PSDB e contra João Doria, governador de São Paulo. Ele explica que essa “aliança é claramente uma resposta do Alckmin ao João Doria, ao grupo que assumiu o PSDB e o colocou para escanteio e deu como prêmio de consolo uma candidatura ao Senado”.

Endireitamento 

O PSB, sobretudo após as mortes de Miguel Arraes e Eduardo Campos, passou por um processo recente de “endireitamento” ideológico. Foi caminhando para a centro-direita e teve seu ponto alto no apoio ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016. Em 2020, numa tentativa de retorno às origens, o partido entrou em um processo de autocrítica e autorreforma, que desde lá tem resultado em um PSB mais progressista e de alianças mais a esquerda.

Endireitamento 2 

Com a filiação de Alckmin ao partido, o PSB pode experimentar novamente uma guinada à centro-direita. Militante histórico de uma direita conservadora, porém democrática, Alckmin pode levar junto com ele alguns políticos desse mesmo espectro ideológico para o PSB. Um deles é o ex-presidente da Câmara Federal, Henrique Eduardo Alves (MDB-RN). Filiado ao MDB há 51 anos, Henrique Alves se desentendeu com a direção do seu partido e já declarou que seu destino pode ser o PSB, com o aval de Alckmin.

Alianças

Ao não aceitar compor a federação partidária junto ao PT, PCdoB e PV, o PSB poderia se afastar de vez do palanque de Lula, o que não ocorreu. Mesmo sem se federar, os socialistas garantiram que estarão com Lula neste ano, e prova disso é a filiação de Alckmin ao partido para ser vice de Lula. Porém, sem a federação, os Estados ficam livres para compor alianças da forma que lhes convém. Em São Paulo, por exemplo, a tendência é que tanto Fernando Haddad (PT) quanto Márcio França (PSB) sejam candidatos ao Governo, dando duplo palanque a Lula.

E no Acre? 

Por aqui, também existe a tendência de PSB e PT caminharem separados. Nem o deputado estadual Jenilson Leite (PSB) arreda o pé de sua candidatura ao Governo e nem o PT faz nenhum gesto que mostre que está disposto a caminhar com os socialistas. Apesar do principal nome petista, o do ex-senador Jorge Viana, ter mais interesse em disputar o Senado do que o Governo, a dobradinha entre ele e Jenilson não vai ser fácil de acontecer. A maior probabilidade é que cada um caminhe de um lado.

Dois palanques 

Com o imbróglio, o ex-presidente Lula pode ganhar dois palanques no Acre: o de Jenilson e o do PT. Claro que isso passa por uma série de decisões, como se Jenilson vai mesmo sustentar sua candidatura ao Governo até as eleições, se o PT terá candidato ao Governo, se os dois partidos não vão mesmo se entender por aqui e/ou se não vão compor alianças com outros partidos que também querem concorrer ao Governo, como o MDB de Mara Rocha e o PSD de Petecão. Só o tempo dirá. Mas numa hipotética candidatura de JV e de Jenilson ao Governo, Lula ganha duas vezes.

 

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