“Eu escrevi um diário sobre as brigas dos dois”, diz mãe de homem acusado de matar ex-companheira

A mãe do Hitalo, Mara Marinho, foi a quarta pessoa ouvida arrolada pela defesa nesta terça-feira (14), no Juri Popular de Hitalo Marinho, acusado de matar a esposa Adriana Paulichen, em julho de 2021.

Mara iniciou o depoimento informando que era muito amiga de Adriana, que a aconselhava. “Antes de ganhar o bebê, o relacionamento era tranquilo. Eu sinto muito pelo o que aconteceu, apesar das agressões que ela fez no meu filho. Eu falava para ela que se ele fizesse algo com ela, que ela me falasse, eu sou mãe dele e conversaria com ele”, disse.

Ao projetar uma imagem de uma mão segurando a perna do filho do casal, mostrando arranhões, a defesa do réu questionou Mara sobre quem seria a pessoa segurando a perna. “Sou eu. Eu vi que a perna estava machucada e chamei minha menina para tirar uma foto. Eu tenho esse short e essa blusa que aparece na foto”, disse.

Sobre as agressões, Mara afirma que sempre via o filho machucado e questionava o que havia acontecido. “Ele sempre negava as agressões mas eu via ele machucado, as pernas, as costas, a cabeça, o nariz…”, relembra.

A defesa perguntou sobre objetos quebrados, Mara contou que ela quebrava celulares, cabos de vassoura, potes de mantimentos e outros. “Eu perguntava sobre o cabo de vassoura e eles diziam que não sabiam. Eu fui passear de bicicleta e vi o cabo jogado, eu peguei e coloquei na vassoura para que eles percebessem que eu sabia o que tinha acontecido”.

Sobre a perna da criança que estava machucada, Mara conta que viu o machucado no neto e questionou os pais o que havia acontecido. “Me disseram que deve ter sido o menino do Gean, mas o menino do Gean era bem bebezinho”.

A mãe de Hitalo passou a escrever um diário sobre as brigas e agressões. “Eu escrevia tudo, no dia que brigavam e no dia que não tinha briga. Porque eu pensei se um dia ela chegar a matar meu filho, eu vou ter isso”, disse.

Mara relembrou que Adriana tinha ciúmes do relacionamento entre mãe e filho. “Ela disse para mim que tinha ciúmes de mim com ele, porque ela falou que nunca teve um relacionamento assim com a mãe dela”.

No dia do crime

“Eu estava dormindo e o telefone tocou, ela disse ‘dona Mara, eu furei seu filho’ e eu perguntei como tinha sido essa furada, aí ela disse ‘como foi?’ e desligou o celular. Eu liguei direto para ele para saber, pedi para ele tirar uma foto e ele tirou da mão, que ele segurou a faca e da perna”, disse.

Mara disse que conversou com o filho e ele disse que teria que ir para o Pronto-Socorro, então a mãe pediu que quando ele fosse liberado ligasse que ela iria buscá-lo, mas quando ele ligou disse que Adriana tinha ido buscar ele.

Na manhã do dia do crime, a irmã de Adriana, Andreia, ligou para Mara. “Ela pediu que eu fosse lá porque a Adriana tava batendo muito no Hitalo, aí eu disse que não iria porque eles sempre brigam e se resolvem, achei que fosse da mesma forma. Aí eu liguei para o Gean perguntando se ele tinha ido lá e ele disse que iria e quando vi já estava Gean na minha casa com o neném”.

Mara soube da notícia da morte pela Andréia, irmã da Adriana, com uma ligação afirmando que Hitalo teria matado Adriana. “Eu perguntei ‘como?’ e a Andréia falava ‘ele matou, matou a minha irmã’ e eu só soube da traição depois”, disse.

A mãe de Hitalo contou que eles teriam brigado e Adriana falou que não mataria ele, mas mataria a criança. “Quando ele viu ela indo em direção a criança com uma almofada, ele saiu do banheiro e pegou uma faca para parar ela, mas ela não teve medo e ela levantou e agarrou no pescoço dele e ele agarrou no pescoço dela”.

O MPAC e a defesa do réu fizeram perguntas sobre o relacionamento entre Mara e Adriana, sobre o dia do crime, o filho do casal e também sobre a amiga com quem Hitalo teria se envolvido.

“Uma vez ela apontou o dedo na minha cara, me chamou de ‘velha safada’ e disse que eu tinha ensinado meu filho a trair, disse ‘não sei onde eu estou que eu não dou um murro na sua cara’. Eu disse ‘o que é isso, menina? Me respeite’ e ela disse que eu merecia morrer”, lembrou.

Dona Mara lembrou também que tinha um carinho muito grande por Adriana, principalmente pelo fato dela gostar das filhas de Hitalo e revelou que diversas vezes teve essa conversa com a vítima.

A mãe de Hitalo disse que tentou conversar com Adriana sobre as agressões e que a vítima respondia que nem ela entendia o que acontecia. “Eu dizia ‘você bate tanto no meu filho, vamos parar com isso, vocês brigam e depois saem do quarto como se nada tivesse acontecido’, eu chamava ela para ir para igreja”.

Questionada se Mara havia pensado em ir na delegacia quando iniciou a escrita do diário com as agressões, a mãe de Hitalo disse que “jamais passou pela cabeça”.

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