Júri no Acre: Promotora diz que Hitalo matou Adriana porque não aceitou ser descartado

Nesta quinta-feira (16), o Júri Popular de Hitalo Marinho Gouveia, acusado de matar a esposa Adriana Paulichen, em julho de 2021, inicia com a réplica da promotoria do Ministério Público do Acre (MPAC).

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Hitalo matou Adriana em 2021/Foto: Reprodução

A promotora Manuela Canuto iniciou dizendo que o réu aproveitou-se de um ato cometido em um cubículo, se referindo ao local do crime, “sem qualquer testemunha, apenas um bebê, e vem inventar mentiras”.

Manuela também questionou porque o réu matou. “O réu matou após Adriana descobrir a última traição, aquela traição que lhe doeu. Adriana foi traída com a melhor amiga”, disse.

A promotora afirmou que o que mais importa, neste aspecto, não é o laudo, é o que o réu disse. “O réu sabia muito bem o que estava fazendo. Estrangulou até a morte. Falou com a maior tranquilidade que asfixiou e como ele fez e o laudo não faz menção a isso”, disse.

A promotoria diz que a defesa alega que o laudo aponta que a causa da morte foi as facadas. “No entanto, os laudos são fruto de uma atividade humana, naquele momento, o perito visualizou as facadas, mas o fato de ele não ter referido a asfixia não quer dizer que não aconteceu. Temos provas materiais, documentos no processo, depoimento do primeiro policial que viu Adriana no local”, disse.

Manuela questiona também sobre falas feitas pelo réu sobre supostos episódios agressivos de Adriana. “O réu vem dizer que uma menina de 1 metro e 54 centímetros, magra, partiu pra cima dele com uma faca e atinge sua canela”.

“Adriana se cansou, deu um basta, mas o réu não aceitou, afinal de contas, aquele ciclo se repetia. Ele percebeu que naquele momento, sua lábia não ia mais funcionar e sentiu que ali havia acabado. Não aceitou ser descartado, foi lá e deu as facadas”.

“Hoje o que resta para essa família é chorar e eu me compadeço muito, eu lamento muito que essa família tão grande e honesta esteja passando por isso”, disse a promotora.

A promotora voltou a falar sobre a morte de mulheres no contexto familiar e sobre a lei criada para punir esses crimes, a Lei do Feminicídio. Além disso, Manuela também falou sobre a vantagem corporal que o réu tinha para com a vítima.

“Esses crimes são praticados entre quatro paredes e é o que a gente vê aqui. O réu, utilizando sua capacidade física, de homem, pesado, expert em sobrevivência por ter sido do exército, ele protege sua esposa? Não. Mais uma vez, age pelas costas e esfaqueia uma vez e outra. Como essa mulher ia se defender? Como? Sendo uma mulher pequena, magra, que tinha parido há seis meses”.

O promotor Thalles Ferreira/Foto: ContilNet

O promotor Thalles Ferreira iniciou sua fala falando sobre o interrogatório de Hitalo no segundo dia de júri, na última quarta-feira (15). “O Hitalo ontem contou para a gente em quatro horas uma versão ensaiada, treinada. Em algum momento, nas quatro horas que ele esteve aqui, ele disse que se arrependeu do que fez?”.

“O advogado quer fazer com que vocês acreditem que ele matou porque ela queria matar o filho. Por que ele não tentou a guarda do filho antes, se tinha tanto medo?”, disse.

“Ele ligou para quatro advogados. Não ligou para o Samu. Ele não pensou que aquela mulher estivesse viva. Isso porque ele a esganou até a morte”, falou o promotor.

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