Estudar em escola particular pode custar mais de R$ 25 mil por ano no Acre

A educação é, sem dúvida, uma prioridade para o desenvolvimento da sociedade

No Acre, assim como na maioria do país, o acesso a uma educação de qualidade para adolescentes está se tornando um desafio financeiro cada vez mais complexo. Números recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam uma renda domiciliar per capita de R$ 1.038 em 2022, um aumento de 16,8% em relação ao ano anterior.

Essa melhoria é um indicador positivo para a população acreana, mas se confrontada com os custos da educação particular no estado, a realidade financeira das famílias é insuficiente. Exploraramos um pouco essa equação complexa que envolve a educação no Acre.

O desafio financeiro na educação particular

O custo da educação particular em uma das escolas mais tradicionais de Rio Branco, que não será nomeada, fornece um exemplo ilustrativo dos desafios financeiros enfrentados pelas famílias acreanas. Para o ano letivo de 2024, o valor anual para um estudante matriculado na 1ª série do ensino médio nessa escola atinge aproximadamente R$ 15.312,00, incluindo a mensalidade de R$ 1.269,00 e o material didático de R$ 3.893,00. Essa cifra representa mais de 14 vezes a renda per capita anual do estado.

© Alexandre Campbell/Direitos reservados

Outra escola igualmente tradicional, e com alto índice de aprovação no Enem, cobrará R$ 1.891,76 na mensalidade de 2024. Ou seja, R$ 22.701,12 no ano. Isso somado aos R$ 3.050,32 de material, chega ao valor 25.751,44 em apenas um ano letivo.

Enem

O principal fator que faz com que essas escolas tenham uma alta procura, mesmo com um custo elevado de manutenção do aluno, é o índice de aprovação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) dessas escolas. O exame é a principal forma de entrada nas principais universidades do país e na única universidade federal do estado, a Ufac.

Nas redes sociais e publicidades das principais escolas de Rio Branco, o assunto “índice de aprovação no Enem” é sempre o mais chamativo e relevante. Quem sonha em entrar em cursos concorridos como direito e medicina, deposita no ensino e nos números dessas escolas, o seu sonho. E vender sonhos é algo que essas instituições fazem com maestria.

Aplicativo do Enem. Foto: Reprodução

Reajustes de mensalidades

A decisão de aumentar as mensalidades em cerca de 10% foi tomada pelo Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Privado do Acre (Sinepe/AC) para o ano letivo de 2024. Esse aumento é baseado em diversos fatores, incluindo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e considerações sobre os custos locais, logística de materiais didáticos, segurança e manutenção das instituições de ensino.

Variação nos custos entre instituições

É importante ressaltar que o reajuste não será uniforme entre todas as escolas particulares do Acre. Toni de Lucca, diretor do Colégio Meta, um dos mais tradicionais do estado, explicou que cada instituição toma decisões baseadas em sua realidade específica. “Cada série tem uma realidade diferente, mas o aumento não será o mesmo para todos”, esclareceu Toni.

LEIA MAIS: Escolas particulares do Acre devem reajustar mensalidades em 10%; entenda

Comparativo com escolas em outros estados

Para contextualizar essa conta, é importante fazer um comparativo com os custos das escolas particulares em outros estados do Brasil. A Forbes Brasil divulgou os custos de matrícula para algumas das escolas mais caras do país em 2023. Embora o Acre tenha uma renda per capita significativamente menor do que muitos estados brasileiros, a discrepância entre os custos educacionais é notável. A título de comparação, aqui estão alguns exemplos:

– A mensalidade na 1ª série do ensino médio em uma escola tradicional do Acre é de R$ 1.891,76, enquanto a escolas mais caras da lista da Forbes cobram mais de R$ 10.000, o que representa uma diferença de mais de cinco vezes.

– Em relação ao material didático, não consta na lista o valor que essas instituições cobram.

O impacto nas famílias acreanas

Essa complexa equação que envolve os custos da educação particular e a renda per capita no Acre é um desafio que muitas famílias enfrentam ao buscar uma educação de qualidade para seus filhos e o sonho da universidade pública. Mas a situação do estado reflete uma realidade nacional, onde as mensalidades escolares frequentemente superam a capacidade de pagamento das famílias.

Qual caminho seguir?

A educação é, sem dúvida, uma prioridade para o desenvolvimento da sociedade, mas o alto custo das escolas particulares mostra uma necessidade de se buscar soluções que tornem a educação de qualidade mais acessível à população. Essa realidade levanta questões importantes sobre o acesso à educação e o impacto financeiro nas famílias que buscam o melhor para seus filhos.

O estado do Acre, como o resto do país, enfrenta desafios financeiros na educação, especialmente para famílias com renda per capita limitada. O desafio de equilibrar a busca por uma educação de qualidade com a realidade financeira é um dilema enfrentado por muitas famílias.

Uma alternativa a ser considerada é o investimento em escolas públicas que possam oferecer um padrão de ensino equivalente ao das escolas particulares. Essas instituições, chamadas de “escolas modelos”, poderiam buscar uma qualidade de ensino que rivalize com as escolas privadas e alcance resultados semelhantes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Ao adotar esse modelo, os governos poderiam tornar a educação de alta qualidade mais acessível, reduzindo a disparidade entre a oferta de ensino público e privado. Dessa forma, as famílias teriam uma alternativa mais acessível, garantindo que a qualidade do ensino não seja um privilégio de poucos.

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