Acre registra uma das maiores taxas do país de detecção de doenças tropicais negligenciadas

Dados foram revelados no boletim do Ministério da Saúde

O Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde de janeiro de 2024, sobre os dados de Doenças Tropicais Negligenciadas no país, revelou que o Acre é um dos estados brasileiros com a maior taxa de detecção das doenças.

As Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs) representam um grupo amplo e diverso de mais de vinte doenças e agravos resultantes de processos de desigualdades e vulnerabilização de territórios, comunidades e pessoas em contextos econômicos, sociais e ambientais desfavoráveis, principalmente em áreas tropicais e subtropicais.

DTN´s foram alvo de pesquisa elaborada pelo Ministério da Saúde/Foto: Karen Prinsloo

O levantamento analisou números e casos das seguintes doenças: Chagas, Hanseníase, Leishmaniose, Raiva Humana, Oncocercose, Tracoma, Esquistossomose mansoni, Filariose linfática e Acidente ofídico.

O Ministério analisou dados do quinquênio 2016-2020 e concluiu que 16 estados apresentaram taxas superiores à verificada no Brasil (dezessete estados em 2015), sete da Região Norte (também em 2015), seis da Nordeste (também em 2015), dois da Sudeste (também em 2015) e um da Centro-Oeste (dois em 2015). O levantamento também identificou os dados de casos da linha base da pesquisa: o ano de 2015.

O Acre aparece na quinta posição do ranking, com uma taxa de 189,80 de detecção de casos por 100 mil habitantes.

Taxa de detecção de casos de DTNs no Brasil, [A] 2015 (linha de base) e [B] quinquênio 2016-2020/Reprodução

O estado fica atrás apenas de Roraima (273,98), Tocantins (272,13), Mato Grosso (204,77) e Alagoas (191,76).

Do total de 5.570 municípios brasileiros verificou-se no quinquênio 2016-2020 um total de 5.529 (99,3%) em que houve registro de pelo menos uma DTN (em 2015, 4.904 – 88,0%) e de 3.935 (70,6%) com três ou mais DTNs (em 2015, 2.296 – 41,2%).

Todos os municípios da Região Norte e da Centro-Oeste (95,7% em 2015) tiveram registro de sobreposição de DTNs (99,8% em 2015), enquanto que em 99,8% da Nordeste (92,0% em 2015), 99,5% da Sudeste (88,0% em 2015) e 97,6% da Sul (74,6% em 2015) houve este registro.

A Região Norte apresentou 99,1% de seus municípios nesta condição (87,3% em 2015), a Centro-Oeste 89,1% (64,0% em 2015), a Nordeste 85,3% (50,2% em 2015), a Sudeste 72,5% (36,6% em 2015) e a Sul, 28,0% (7,8% em 2015).

Por outro lado, o Acre não registrou altas taxas de mortalidade da doença, apenas 2,08.

Taxa de mortalidade específica por DTNs (como causa múltipla) no Brasil, [A] 2015 (linha de base) e [B] quinquênio 2016-2020/Reprodução

Resultados da pesquisa

No quinquênio 2016-2020 foram identificados 583.960 casos novos das DTNs selecionadas (média anual de 116.792); somente em 2015 (linha de base) foram identificados 152.894 casos novos.

Em todo o período, as maiores taxas de detecção de casos foram verificadas nas Regiões Norte e Nordeste. Um total de 40.857 óbitos como causa múltipla foi registrado no quinquênio (média anual de 8.171,4), demarcando-se 7.978 óbitos na linha de base.

Os óbitos foram destacados em níveis significativos em todo o período, principalmente nas Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste. No quinquênio verificou-sobreposição de casos de DTNs em 99,3% dos municípios (88,0% em 2015) e sobreposição de óbitos em 66,0% (35,0% em 2015).

Estimou-se em 15 milhões o número de pessoas sob risco de DTNs em 2015, passando para 28,9 milhões em média no quinquênio. Em todos os períodos analisados, houve relação direta entre detecção e IBP, com maiores taxas na população masculina, indígena e em >60 anos.

Houve redução da detecção no período de 2007-2020 para o País e em todas as grandes regiões. A previsão para 2025 é de redução mais pronunciada da detecção do que da mortalidade para o Brasil.

“A despeito da redução da morbimortalidade específica por DTNs no País, mas com padrões diferenciados entre as regiões, este grupo de condições persiste como problema crítico de saúde pública associado ao risco na população em geral e à elevada carga verificada em diferentes espaços, com forte vinculação a contextos de vulnerabilidade social”, concluiu o estudo.

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