O janeiro Branco, campanha nacional dedicada à conscientização sobre a saúde mental, tem conquistado cada vez mais espaço e promovido mudanças importantes na forma como a sociedade percebe e valoriza o bem-estar emocional.
Com o objetivo de desmitificar tabus e incentivar o cuidado preventivo, a campanha é um convite para refletirmos sobre como lidamos com nossas emoções e enfrentamos os desafios do dia a dia.
Para a psicóloga e neuropsicóloga Samara Pinheiro, que atua na clínica, leciona na Uninorte e desenvolve projetos no Tribunal de Justiça do cre (TJAC), a iniciativa é fundamental para estimular conversas e conscientização.
“O janeiro Branco promove mudanças culturais, incentivando práticas simples, como reservar momentos para cuidar de si, buscar ajuda quando necessário e cultivar conexões genuínas. É um passo importante para reduzir o estigma em torno da saúde mental”, ressalta.
Apesar dos avanços promovidos por campanhas como o janeiro Branco, o acesso a serviços de saúde mental no Acre ainda enfrenta desafios significativos.
Samara destaca que muitas pessoas dependem de dispositivos como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e unidades básicas de saúde, mas a sobrecarga de demanda e a falta de recursos dificultam o atendimento.
“Precisamos de mais investimento em políticas públicas que garantam não apenas acesso aos serviços, mas também a qualidade de vida para populações vulneráveis. Isso inclui jovens que enfrentam dificuldades relacionadas a desemprego e desigualdade social, fatores que impactam diretamente a saúde mental”, explica a psicóloga.
Entre os problemas mais recorrentes identificados no estado, estão depressão, ansiedade, transtornos relacionados ao uso de substâncias químicas e esquizofrenia.
Segundo Samara, esses quadros refletem tanto a carência de políticas preventivas quanto o impacto de questões culturais e sociais.
“Ainda vivemos em uma cultura que prioriza o cuidado com o corpo e desvaloriza o sofrimento psicológico. Essa mentalidade precisa mudar”, afirma.
Nos últimos anos, Samara percebeu um aumento na busca por psicoterapia, o que ela atribui a uma maior conscientização sobre a importância do autocuidado e do autoconhecimento.
No entanto, muitos ainda só procuram ajuda em situações extremas.
“O ideal é que o atendimento psicológico seja visto como uma forma de prevenção, assim como fazemos check-ups para cuidar da saúde física”, destaca.
Cuidar da saúde mental exige mudanças práticas no dia a dia.
A psicóloga recomenda exercícios físicos, hobbies, um boa noite de sono, alimentação saudável e uma rotina equilibrada como medidas simples e eficazes.
“Gosto muito de uma frase: ‘Cuide de você como cuida de alguém sob sua responsabilidade’. Isso nos lembra de sermos gentis conosco”, reforça.
Para quem enfrenta dificuldades emocionais e teme buscar ajuda, Samara deixa uma mensagem de encorajamento: “Você é a pessoa mais importante da sua vida.
Validar suas dores e procurar apoio profissional não é fraqueza, mas um ato de coragem.
Não hesite em pedir ajuda; é o primeiro passo para construir um caminho de saúde e bem-estar”.
O janeiro branco é mais do que uma campanha: é um chamado para que cuidemos de nós mesmos e daqueles ao nosso redor. Afinal, a saúde mental é tão essencial quanto a física e merece atenção e investimento o ano inteiro.
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