“Não sou homem de correr da raia”, diz Bocalom sobre candidatura nas eleições de 2026

Prefeito diz que foi eleito para governar Rio Branco mas diz que, se for chamado para outro projeto futuro, não é homem de fugir

Na sua primeira entrevista exclusiva de 2025, ao ContilNet, no primeiro dia útil do ano e após ser empossado para exercer o segundo mandato, o prefeito Tião Bocalom falou sobre projetos futuros para a cidade e sobre seu futuro político. Depois de enumerar as obras que pretende concluir e outras que pretende iniciar, para gastar R$ 800 milhões que dispõe em recursos para investimentos até o ano que vem, ele também falou da possibilidade de disputar novas eleições.

Bocalom em entrevista ao jornalista Tião Maia, do ContilNet/Foto: Reprodução

Disse que o velho terno preto com o qual toma posse em cargos de prefeito desde 1993, quando assumiu pela primeira vez a Prefeitura de Acrelândia, até o último dia 1º, quando tomou posse no segundo mandato em Rio Branco, vai ficar guardado no armário até 2026. “Eu fui eleito para ser prefeito e pretendo permanecer os quatro anos, mas se o projeto de direita me convocar para novas lutas, não sou homem de fugir da raia”, disse o prefeito, ameaçando tirar o velho terno do armário em 2026.

A seguir, os principais trechos de sua entrevista:

Prefeito, o que a população da Capital pode esperar de seu governo na cidade neste segundo mandato?

Tião Bocalom – Pode esperar muito trabalho e muita dedicação do prefeito e de toda nossa equipe. Vamos poder fazer mais do que fizemos no primeiro mandato. Nunca é demais lembrar que encontramos a capital, embora uma capital, com sua infraestrutura deficitária. A parte de modernização precisava de muita coisa, o que nós fizemos durante esse mandato.

Para o segundo mandato, temos computadores novos, máquinas novas, treinamento de pessoal, o pagamento das pessoas e dos trabalhadores sempre em dia. Então, eu acho que nós demos uma arrumada muito boa na casa e preparamos muitos projetos. Por exemplo: são esses quase 800 milhões de reais em obras que nós temos para realizar, que serão realizadas até o final de 2025, talvez no início de 2026.

Bocalom durante posse dos vereadores/Foto: Reprodução

O senhor poderia citar quais seriam essas obras a serem construídas com esses recursos?

Tião Bocalom – Vamos lá. O elevado ali da ABB, uma obra de R$ 25 milhões. Vai ser maior do que foi inaugurado agora. Quase 100 metros a mais, bem maior. É resultado de uma emenda do senador Márcio Bittar. Vamos fazer também quatro restaurantes populares, que eu acho que isso é fundamental para melhorar a alimentação de quem mais precisa.

Onde serão esses restaurantes?

Tião Bocalom – Os restaurantes populares serão um no Tancredo Neves, um no São Francisco, um no 2º Distrito, na Cidade Nova, e o outro no Calafate. Vamos fazer ainda sete unidades de saúde, que estamos construindo, e reformando outras que já existem, com adequações também, porque não é só reforma comum, mas tem que adequar, depois da pandemia, as unidades de saúde para melhor atender à população.

Mas essas, ao que parece, não consumiriam todos os recursos, os R$ 800 milhões, que o senhor diz ter para investir, não é?

Tião Bocalom – Uma outra coisa bastante forte que eu considero que a gente tem para fazer é o “Mercado Elias Mansur”, que é um ponto de referência para quem vem visitar Rio Branco. O Elias Mansur vai se tornar um mercado que vai deixar a população muito alegre. Ali em frente ao Mercado Elias Mansur haverá também uma praça à beira do rio, que será fundamental para que aquela região da cidade fique muito bem servida de obras e serviços da Prefeitura. Estamos correndo atrás agora de recursos também para que a gente possa fazer uma grande reforma ali no Terminal Urbano. Temos recursos também para trabalhar já o calçadão, para fazer uma reforma no calçadão.

Ou seja, a Benjamin Constant, naquele trecho, não será aberta à passagem de veículos? Vai continuar sendo um calçadão?

Tião Bocalom – Ali é calçadão, não adianta mudar. É o único calçadão que tem em Rio Branco. Como é que nós vamos tirar o único calçadão e transformá-lo também em rua novamente? Não dá certo. Ali o movimento de gente é muito grande. O fluxo de pessoas ali é muito grande. Então, como é que nós vamos colocar uma via de veículos rodando? Como é que a gente vai colocar ali uma rua para as pessoas ficarem atravessando na frente de carros? É impossível. Temos que ter consciência de que um calçadão é fundamental na região, porque a área tem muito movimento de gente passeando, fazendo compras, trabalhando, enfim, um local onde se concentram muitas pessoas que não podem disputar espaço com veículos.

Apesar dessas grandes obras que o senhor vem fazendo, sua administração é muito criticada por problemas no abastecimento de água potável e em relação às falhas no transporte coletivo. Como o senhor responde a isso e qual é o tempo que o senhor daria para a população para solucionar ou melhorar tais setores?

Tião Bocalom – Em relação ao transporte coletivo, devo dizer que, quando chegamos à Prefeitura, esse serviço estava um caos. Todo mundo sabe disso e lembra muito bem que as empresas quebraram e entregaram de volta o serviço para a Prefeitura, em plena pandemia do coronavírus, num momento em que nenhuma empresa no Brasil queria assumir esse serviço, porque estava todo mundo quebrando. No entanto, conseguimos uma empresa para melhorar, e melhorou muito o serviço. Mas, evidentemente, há muito a fazer ainda, e estamos cuidando disso com a realização de uma nova licitação para o setor.

Bocalom conduzindo novo ônibus que chegou a Rio Branco/Foto: Juan Diaz/ContilNet

E quando será concluído esse processo licitatório?

Tião Bocalom – Não sei. Licitação é um negócio que a gente sabe quando começa, mas não se sabe quando termina. No que depende de nós, Prefeitura e poder público, a licitação está em andamento, e a nossa intenção é concluir isso o mais rápido possível. O que já está certo é que o Governo Federal, através do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), selecionou a Prefeitura de Rio Branco para autorizar fazer um financiamento – e não como vi na imprensa, alguns questionando e dizendo que se trata de dinheiro federal. O dinheiro não é federal, o dinheiro é da Prefeitura. O Governo Federal apenas selecionou, dentro do PAC, para que a Prefeitura faça um financiamento. Com esse financiamento, pensamos em comprar 20 ônibus elétricos, mas, depois, conversando com prefeitos de outras unidades da federação, concluímos que, ao invés de comprarmos 20 ônibus elétricos, reduzimos essa quantia para seis unidades e o restante será de ônibus convencionais, com ar-condicionado, plataforma rebaixada e todas as condições para que a gente possa substituir algo entre 60 a 70 ônibus, com os recursos que usaríamos para comprar apenas 20 ônibus.

Nessa nova licitação, no desenho desse novo sistema de transporte coletivo, quantas empresas poderão participar?

Tião Bocalom – Todas que queiram participar, mas a operação será apenas de uma empresa vencedora. Estudos mostram que, se tivermos duas empresas operando no sistema, o custo será muito maior.

Mas, havendo uma só empresa, não há risco de haver monopólio, como já houve?

Tião Bocalom – Não existe esse negócio de monopólio, porque tudo é trabalhado dentro de uma planilha de custo. E essa planilha de custo é a mesma utilizada em São Paulo, em Curitiba e em qualquer lugar do Brasil. Essa história de monopólio para o sistema de transporte coletivo atual não tem possibilidade, porque tudo é transparente. E o transporte coletivo é o mais transparente possível, porque tem que calcular valores e as prefeituras do Brasil, em grande maioria, estão financiando o setor através de subsídios. Aqui, estamos subsidiando para manter a tarifa a R$ 3,50. Em São Paulo, por exemplo, nos últimos dias, subiu o valor da passagem porque realmente o custo do transporte coletivo está a cada dia aumentando mais. Se você coloca para rodar uma frota nova, é evidente que os custos vão aumentar. Mas vamos continuar atuando para, ainda que com os aumentos de insumos, possamos garantir a tarifa no preço que está.

E em relação à falta de água na cidade?

Tião Bocalom – Este também é um problema que vem de longe, e nós resolvemos encarar para melhorar e resolver a situação. Mas temos enfrentado problemas de toda ordem, inclusive de erosão às margens do rio, que tem prejudicado nossas estações de captação de água. No passado, após as enchentes, caiu a ETA 1, do mesmo jeito que aconteceu com a ETA 2. Mas, graças a Deus, agora com a ETA 1, o Governo do Estado tem uns recursos antigos que estavam parados e o governador Gladson Cameli resolveu nos ajudar com isso. E há mais de R$ 17 milhões anunciados pelo Ministério da Integração Regional. E acabou que está sobrando lá um recurso da ordem de aproximadamente 10 milhões de reais. Quero agradecer imensamente ao Governo de Gladson Cameli, toda a sua equipe, por estarem determinados em nos ajudar a resolver o problema da ETA 1.

O senhor acha que vai resolver até quando?

Tião Bocalom – Acredito que dentro de 60 dias começa a solução. Agora, a solução definitiva vai demorar algo em torno de seis meses, talvez.

E aquele projeto que o senhor mesmo anunciou de perfuração de poços, desistiu?

Tião Bocalom – Nós fizemos a licitação, e a perfuração de poços de profundidade média já está garantida. A licitação foi feita, demorou, porque não é uma coisa fácil de fazer também. Ainda estamos aguardando o fechamento da licitação de poços profundos, poços de 360 metros. Infelizmente, a licitação não saiu até hoje, e a de poços mais rasos, até 120 metros, já ficou pronta. Então, essa a gente já vai começar a fazer alguns poços de pesquisa de até 60 metros.

O senhor assumiu o segundo mandato de prefeito usando um paletó antigo, aquele do primeiro mandato em Acrelândia. O senhor pretende usar o paletó novamente em outros mandatos? Ele ainda caberá em o senhor?

Tião Bocalom – Espero que eu não encurte ou acabe com meu velho paletó. Vou lutar para continuar me cabendo nos próximos mandatos.

Bocalom tomou posse do segundo mandato na última quarta-feira/Foto: ContilNet

Então significa que o senhor vai disputar novos mandatos. Quando?

Tião Bocalom – Deus é quem sabe. Eu quero dizer o seguinte, o meu terno vai continuar guardado lá, eu estou tranquilo, porque são cinco mandatos em que fui empossado vestindo. Isso não é para qualquer um, e, graças a Deus, quatro mandatos até agora concluídos, e nunca uma denúncia de desvio de dinheiro público ou malversação de dinheiro público foi feita contra o Bocalom. Isso me alegra, alegra a minha família, alegra com certeza os amigos mais próximos que estão sempre torcendo para que as coisas dêem certo junto com a gente.

Em 2026 o senhor vai tirar o paletó do armário então?

Tião Bocalom – Não, em 2026 não… Eu fui eleito para ser prefeito durante quatro anos. Sempre disse que eu sou instrumento nesse conjunto, nesse projeto. O nosso projeto de direita, comandado pelo governador Gladson Cameli e pelo senador Márcio Bittar, continua mais vivo do que nunca. Nós ganhamos essa eleição, ganhamos no primeiro turno. Mostra o trabalho que estamos fazendo, e a população entendeu. Então, estou feliz com isso. Mas, primeiro de tudo, fui eleito para ser prefeito e vou continuar por aqui, como prefeito. Agora, se chamado for para outro projeto, eu jamais vou correr da raia. Eu não sou homem de correr da raia. Sempre fui convidado para o projeto, sempre participei e, graças a Deus, tem dado certo.

PUBLICIDADE