‘Faroeste Amazônico’: conflitos por terra alimentam violência armada em região do Acre

Cenário se agrava enquanto poder público não avança com a regularização fundiária, diz reportagem

Uma reportagem publicada pelo Estadão mostra que conflitos por territórios e uso do solo vêm alimentando a violência armada na Amazônia Legal, sobretudo na tríplice divisa entre Amazonas, Acre e Rondônia.

A região ficou conhecida como “Faroeste Amazônico” por conta das disputas violentas. A reportagem destaca ainda que a situação piora porque “o poder público não avança com a regularização fundiária”.

“A guerra entre grupos armados por terra vem causando sofrimento em toda a região, mas a deflagração de disputas violentas no Faroeste Amazônico chama a atenção dos especialistas. Os conflitos se acirraram desde 2011, com o assassinato de Adelino Ramos, liderança local e assentado do Projeto de Assentamento Florestal Curuquetê”, destaca.

Alta da violência na Amazônia vem acompanhada de crescente degradação ambiental Foto: Gabriela Biló/Estadão

“Embora a região tenha registrado queda de 6,2% nos homicídios entre 2021 e 2023, a interiorização da violência para zonas rurais e de floresta tornou municípios pequenos e tidos como pacatos em alguns dos mais violentos do País”, continua.

Um estudo elaborado pelo Fórum de Segurança Pública (FBSP), lançado nesta quarta-feira (11), mostra que o conflito por terra é o principal eixo que estrutura a violência na Amazônia Legal.

O estudo destaca ainda que as comunidades locais sofrem com a ação de grileiros que desmatam.

“Neste processo, pistoleiros atuam a serviço dos grandes fazendeiros invadindo terras públicas da União como unidades de conservação e terras indígenas, levando a essa explosão de conflitos fundiários”, diz o estudo.

O estudo aponta que as elevadas taxas de homicídios têm relação com uma “dinâmica de sobreposição de ilícitos” que passa pela exploração de commodities da floresta, como madeira, ouro e outros minerais, pescado e animais silvestres. Tratam-se de produtos lícitos em si, mas cujas práticas de exploração têm sido ilegais, realizadas em unidades de preservação e em territórios indígenas, por exemplo.

VEJA MAIS: Moradores denunciam mortes, tortura e corrupção em região conhecida por conflitos de terras

O cenário vem se agravando na última década com a chegada de outros negócios ilícitos, como o tráfico de cocaína, maconha, armas e pessoas — que se acirraram com a chegada e a concorrência entre si de facções do Sudeste, sobretudo o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho. Em 2023, houve 8.603 homicídios na Amazônia Legal, taxa de 32,3 mortes para cada 100 mil habitantes, 41,5% maior do que o índice nacional (22,8).

“Em suma, em todos os casos estamos falando de conflitos fundiários, isto é, de conflitos em torno do controle ou posse da terra, que têm produzido mortes e outras dinâmicas criminosas – como exploração sexual infantil, tráfico de drogas e armas e tráfico de pessoas – que ameaçam a sobrevivência dos povos tradicionais da região”, diz o estudo.

CONFIRA A REPORTAGEM NA ÍNTEGRA!

PUBLICIDADE