Bruno Pereira procurou tio de um dos presos por sua morte antes de emboscada

Bruno Araújo Pereira e Dom Phillips foram vistos pela última vez no dia 5 de junho, antes de desaparecer no Vale do Javari. Foram dez dias de busca até que os corpos do indigenista brasileiro e do jornalista britânico fossem encontrados e o Profissão Repórter acompanhou os últimos dias deste trabalho de perto.

Caco Barcellos e Thiago Jock chegaram a Tabatinga, na tríplice fronteira do Brasil com a Colômbia e o Peru, no dia 10 e navegaram pelo Rio Solimões rumo à Atalaia do Norte. Assim que atracaram, viram um barco da Marinha e policiais reunidos; horas antes, a polícia havia apreendido um barco com meia tonelada de peixe.

No dia seguinte, a embarcação estava sendo periciada. Era de um dos suspeitos presos, Amarildo Oliveira, e foi descoberta por indígenas rio acima, próxima à Comunidade São Gabriel, onde aconteceu a emboscada. Os indígenas apontaram um buraco na vegetação, que tinha marcas, como o local onde o barco, que navegava pelo Rio Itaquaí, teria batido e as autoridades isolaram a área.

Amarildo mora a 300m deste ponto, na Comunidade São Gabriel. Lá, Caco encontrou Eliclei de Oliveira, irmão de Amarildo, que mostrou a casa onde ele foi preso. Questionado onde Amarildo estava no domingo, dia em que teria acontecido o crime, ele tentou negar que ele tivesse cometido o crime:

“Ele estava aqui pela manhã, todos estávamos. No domingo ele não saiu daqui. Eu me levantei umas 7h e pouco e essa baleeira que estão procurando passou. Vi eles passando; era uma baleeira branca, só duas pessoas”, disse.

Manuel Churrasco, tio de Amarildo Oliveira — Foto: Profissão Repórter

Manuel Churrasco, tio de Amarildo Oliveira — Foto: Profissão Repórter

Depois, Caco e Thiago visitaram também a comunidade vizinha, São Raphael, último lugar onde Bruno e Dom foram vistos. O indigenista queria conversar com um morador, Manuel Churrasco, tio de Amarildo.

“Eu e minha mulher contamos o que aconteceu, né? Ele chegou aqui perguntando por mim e ela disse que eu tinha saído. Eu tinha saído 6h. Ele queria marcar uma reunião comigo a respeito do nosso manejo, de pirarucu. Queria ajudar, se a gente aceitasse a reunião dele, com baleeira, com internet”, relembrou.

Perguntado se o sobrinho tinha problema com Bruno, Churrasco afirma: “Eu não sei. Não vou falar para o senhor que tinha, que não tinha, porque ele vive a vida dele e eu vivo a minha. Porque ele é meu sobrinho não quer dizer que… Eu sou um tipo de pessoa e ele é outra. Não sei o que tem no coração dele. Diz o pessoal que a acusação está pesada contra ele”

O pescador Jânio Freitas foi a última pessoa da comunidade que conversou com o indigenista e o jornalista e diz: “É impressionante o que aconteceu com eles. Hoje, se eu soubesse onde eles estavam, o que aconteceu, era o primeiro a ir atrás”.

Pescador Jânio Freitas — Foto: Profissão Repórter

Pescador Jânio Freitas — Foto: Profissão Repórter

Assista ao programa completo abaixo:

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