Às margens do rio Piraquê Açú, dois jovens de indígenas, de etnias diferentes, uniram as próprias vidas e a história das duas aldeias. O casamento de Kûarasy ra’yra, de 20 anos, e Para poty mirim, de 19, foi o primeiro entre os povos Guarani e Tupinikim no Espírito Santo.
A cerimônia aconteceu na Aldeia Temática Tekoá Mirim, em Aracruz, no litoral norte do Espírito Santo, no dia 22 de novembro deste ano. Os Guarani e os Tupinikim são os únicos indígenas do estado.
A festa, que celebrou a diversidade entre esses povos contou com a presença de representantes da etnia Krenak, de Minas Gerais. Ao todo, convidados de cinco aldeias estiveram presentes.
O g1 acompanhou todos os rituais da celebração tradicional. Eles começaram dois dias antes da data do casamento. Os jovens iniciaram as pinturas dos corpos um do outro com a tinta do jenipapo.
Noiva finalizando as pinturas — Foto: Beatriz Heleodoro
Os traços representam a cultura de cada etnia e foram finalizados no dia da cerimônia, com a ajuda do irmão da noiva e de outros convidados.
Pintura com urucum — Foto: Beatriz Heleodoro
Algumas linhas e formas são exclusivas dos noivos, mas a tradição de se pintar, não. Além da tinta preta do jenipapo, os convidados utilizam também a tinta vermelha do urucum para desenharem em seus corpos traços que são aplicados em momentos festivos e de guerras.
Pinturas festivas nos convidados — Foto: Beatriz Heleodoro
Para o cacique Karaí, casar sua filha mais nova com o jovem Tupinikim em uma cerimônia milenar é importante para preservar a cultura de seu povo.
Cacique Karaí antes da cerimônia — Foto: Beatriz Heleodoro
Membro da tribo Tupinikim e um dos convidados do casamento, Arabiôn explica que o uso da tinta natural, extraída diretamente dos frutos, simboliza a relação dos povos indígenas com a natureza.
A tinta vermelha é extraída direto do urucum — Foto: Beatriz Heleodoro
A tinta é aplicada diretamente no corpo — Foto: Beatriz Heleodoro
Enquanto finaliza as pinturas, o noivo se veste com uma canga feita de taboa, seu colar e um cocar da tribo Guarani. Todos os elementos representam a espiritualidade do jovem. A noiva chega ao local já pronta, vestida com trajes tradicionais Guarani, cujas pedras que compõem a saia ela quem escolheu, além de um cocar e braceletes.
Para poty mirim pronta para se casar — Foto: Beatriz Heleodoro
Kûarasy ra’yra pronto para o casamento — Foto: Beatriz Heleodoro
Assim que a cerimônia começa, o noivo entra com sua tribo ao som de cantos sagrados tupinikim. Em seguida, a noiva faz o mesmo com a sua família, ao som de cantos ancestrais guarani mbyá. Duas pajés e anciãs abençoam o casal, cada uma em sua língua nativa.
Tribo do noivo entra cantando ritos tupinikins — Foto: Beatriz Heleodoro
A tribo da noiva também entra cantando ritos guarani — Foto: Beatriz Heleodoro
Os noivos recebendo as bençãos das pajés — Foto: Beatriz Heleodoro
O pai da noiva, o cacique, anuncia em português os votos de agradecimento e de desejo para que o casal fique sempre unido. Abençoados, os noivos se beijam e recebem seus colares de casamento, finalizando a cerimônia.
O cacique, pai da noiva, traduz os votos das Pajés — Foto: Beatriz Heleodoro
Com um beijo, os noivos finalizam a cerimônia — Foto: Beatriz Heleodoro
Confira mais fotos do casamento:
Genipapo é utilizado para pintura nos corpos — Foto: Beatriz Heleodoro
Convidados se preparam para o casamento — Foto: Beatriz Heleodoro
Arabiôn com a pintura finalizada — Foto: Beatriz Heleodoro
Noivo aguardando a entrada da noiva — Foto: Beatriz Heleodoro
As músicas tradicionais são tocadas antes, durante e depois da cerimônia — Foto: Beatriz Heleodoro
Benção da pajé Krenak — Foto: Beatriz Heleodoro
Benção da pajé Guarani — Foto: Beatriz Heleodoro
Sob o olhar do Cacique, os noivos se casam — Foto: Beatriz Heleodoro