26 de abril de 2024

Renê Fontes aborda drama acreano em artigo: “Sistema Penitenciário e bloqueadores de celular”

Detentos após polícia controlar rebelião /Foto: Reprodução

Essa foto foi tirada na grande rebelião que aconteceu na capital acreana em 2016, decorrente da guerra entre facções. Nesse dia, membros do Bonde dos 13 e do PCC (Primeiro Comando da Capital) tentaram invadir o prédio onde se encontravam os presos ligados ao CV (comando Vermelho), para um verdadeiro massacre.

Por sorte, os agentes penitenciários não ficaram como reféns, pois, surpreendentemente, viaturas do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope/PM) faziam rondas no presídio no dia dessa ocorrência.

A força bélica do Estado evitou uma chacina. Ainda assim, 5 presos foram mortos na troca de tiros. Sim, houve muitos disparos, pela primeira vez na história do sistema penitenciário acreano os presos investiram contra a guarnição de serviço e tentaram tomar o presídio.

Há 8 anos os presos envolvidos com facção criminosa podiam ser contados nos dedos das mãos, mas hoje tomaram conta do sistema prisional. A Lei de Execuções Penais virou besteira, pois agora o que vale é a lei das facções e os presos não são mais divididos por crime, regime ou algo do tipo estipulado por lei. O prédio é da facção e só entra nele quem é aceito pelo crime.

Com o efetivo reduzido e sem material de segurança, além das condições insalubres de trabalho, os heróis anônimos todos os dias entram nos alojamentos para cumprir seu papel, que é zelar pela paz do recebimento até a passagem de serviço.

O Acre evoluiu rápido demais, a secretaria de Segurança Pública, reacionária na maioria das vezes, reage ao crime, mas não oprime as práticas criminosas com antecedência e a constância que se espera.

Após longa data de súplica da sociedade, finalmente foram colocados os bloqueadores de aparelhos telefônicos no presídio, isso é fato confirmado. Agora, o resultado pode ser inesperado.

A sociedade se alegra com a guerra entre as facções, o governo, em tese, está em uma posição amistosa, afinal, bandidos estão morrendo na guerra do crime.

Só que isso agora pode mudar! Sim, a flecha pode apontar novamente para a “máquina opressora”(forma como as facções chamam o Estado). Os bloqueadores podem ser o motivo de uma nova aliança para alcançar objetivos em comum, que é a volta da comunicação interna para o comando do crime, que acontece de dentro da cadeia.

Precisamos ser fortes para suportar os próximos capítulos dessa história, que até agora não tem vencedor. Lutemos para que sejamos aqueles que irão viver sem medo, de que o crime não evolua das celas para todo complexo, do complexo para os bairros e dos bairros para dentro de nossas casas, ou isso já aconteceu?

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