aflição
Os transtornos causados pela enchente do Rio Acre em Rio Branco começam a ser visíveis. Vários bairros já foram atingidos, deixando até o momento, mais de 4 mil pessoas desabrigadas. As famílias atingidas estão sendo abrigadas no Parque de Exposição Marechal Castelo Branco ou em casas de parentes.
De acordo com dados da Prefeitura de Rio Branco, encontram-se no abrigo municipal 852 famílias, totalizando 3.150 pessoas. Na medição das 15 horas desta quinta-feira (26), Rio Acre apresentou a marcação de 16,46 metros em seu nível.
Os moradores dos bairros Airton Sena, Palheiral, Seis de Agosto, Cidade Nova, Base, Baixada da Habitasa, Taquari entre outros estão sendo retirados pela as equipes do Exército Brasileiro, Corpo de Bombeiros e equipes da Prefeitura de Rio Branco.
A subida repentina das águas pegou praticamente todos de surpresas, muitas famílias já esperam o apoio das equipes com os móveis na calçada de casa. Outras pessoas tiram os principais pertences para não correr o risco de danificá-los.
No bairro Cidade Nova, as águas atingiram mais de 15 ruas até às 12 horas, onde muitos moradores levavam seus pertences para casas de familiares. Na Seis de Agosto, mais de 70% dos terrenos já foram afetados. Igualmente a Baixada da Habitasa que foi um dos primeiros bairros a ter pessoas atingidas e levadas para o Parque de Exposições por conta das águas começarem a invadir as residências.
Outros bairros afetados estão sendo monitorados por equipes do Corpo de Bombeiros e Exército Brasileiro. No bairro Taquari a população espera no meio fio a ajuda dos órgãos na retirada de seus objetos.
A moradora Arlede Dias dos Santos disse que solicitou o apoio na retirada de colchões e outros objetos, mas até às 11 horas da manhã as equipes ainda não tinham chegado.
“A água já chegou debaixo da casa e o quintal está totalmente inundado. Tenho minha filha pequena e mais uma casal, e preciso sair daqui. A água também está chegando pela rua, então quero sair daqui logo para o Parque de Exposição enquanto esta situação não acaba”, disse Arlede.
O trabalhador José Silvado da Silva, que está com a esposa grávida, esperava pelo apoio e retirada de seus móveis que, segundo ele, estão todos levantados em sua residência.
“É uma situação sofrida e preocupante porque temos nossos objetos que conquistamos com muito suor e trabalho. Quando vem a cheia se não providenciarmos logo a retirada vai se acabar. Isso que nos deixa tristes e de certa forma aflitos”, destacou Silvado.
Segundo informações do Corpo de Bombeiros, toda a cidade está sendo monitorada, assim como a elevação do nível do Rio Acre. As autoridades estão preocupadas com o volume de água que está chegando de Brasiléia, Xapuri e Capixaba. O que pode se transformar na maior enchente vista pela população acreana da Capital.
O prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre, disse que todas as medidas e apoio estão sendo empregados e que tem contado com o governo do Estado, que colocou as equipes à disposição do município.
“Estamos fazendo o possível para atender a população atingida e estamos em parceria com o governador Tião Viana que vem ajudando na disposição de toda uma estrutura necessária para auxiliar a população”, disse Alexandre.
Parque de Exposição abriga mais de 3 mil pessoas
O abrigo oferecido às famílias atingidas pela enchente que não têm para onde ir fica no Parque de Exposição, que conta neste momento com quase 3.115 pessoas e 850 famílias.
No abrigo estão sendo disponibilizados banheiros masculino e femininos separados, uma área de lavagem de roupas e louças, além de uma bebedouro com água tratada. As famílias no parque são constantemente monitoradas e os boxes estão organizados e divididos por bairros.
Ao chegar ao parque, às famílias são cadastradas e levadas para os boxes, juntamente com seus colchões e objetos de primeira necessidade. Os profissionais da Secretaria Municipal de Ação Social pegam informações relacionadas à saúde, benefícios e cuidados especiais que algumas pessoas das famílias abrigadas precisam.
Defesa Civil Nacional reconhece situação de emergência em Rio Branco por conta da cheia do Rio Acre
A Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC), do Ministério da Integração Nacional, reconheceu situação de emergência nas cidades acreanas de Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia, Rio Branco e Xapuri, todas castigadas por inundações causadas pelas chuvas dos últimos dias no Estado. O prefeito de Rio Branco e presidente da Associação dos Municípios do Acre (AMAC), Marcus Alexandre, explicou que o reconhecimento passa pelo correto cumprimento e apresentação dos documentos exigidos pela Defesa Civil Nacional, o que vem sendo possível graças ao apoio do Governo do Estado. De modo geral, as prefeituras não têm em seus quadros técnicos especializados e contam com o apoio da Defesa Civil do Estado para esse processo. A Defesa Civil estadual deslocou oficiais e técnicos para os municípios afetados pelos transbordamentos dos rios. “Os municípios estão recebendo suporte da Defesa Civil do Estado”, confirmou o coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, tenente-coronel George Santos, que no ano passado prestou auxílio à Prefeitura de Tarauacá.
A portaria de reconhecimento está na edição desta quinta-feira (26/2) do Diário Oficial da União. Após o reconhecimento de situação de emergência pelo governo federal, o município pode pedir ajuda para as ações de resposta, que são aquelas voltadas a socorro, assistência e estabelecimento de serviços essenciais, e assim solicitar recursos para as ações de reconstrução das áreas atingidas pelos desastres.
Para solicitar tais recursos, o município deve mandar um plano detalhado de resposta indicando qual é a necessidade para o repasse. É importante o município ter aderido ao cartão de pagamento de defesa civil, forma exclusiva de repasse de verbas, e que pode ser acompanhado pelo Portal da Transparência.
