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Em meio ao cenário delicado ao qual os brasileiros estão submetidos, algo chama a atenção: o sistema cooperativista tem ganhado cada vez mais segmentos. O lema “Cooperativas se mantêm fortes em tempos de crise” realmente faz parte da história das cooperativas do Acre e do Brasil.
No Mato Grosso, por exemplo, um estudo da Organização das Cooperativas Brasileiras de Mato Grosso (OCB-MT) revela que mais de 40% dos mato-grossenses têm algum tipo de envolvimento com o cooperativismo.
No Acre, a situação não é diferente: as cooperativas dão oportunidades de emprego a milhares de trabalhadores, em serviços gerais, autônomos e extrativistas. A eficácia do sistema cooperativista está evidenciada na criação, dia após dia, de novas cooperativas nos mais diferentes setores.
Em Senador Guiomard, também foi reconhecido o poder das cooperativas: na primeira quinzena de janeiro, os moradores do assentamento Pirão de Rã, nas proximidades da Zona de Processamento e Exportação (ZPE) do município, participaram de um curso básico para fundar uma cooperativa, com objetivo de fortalecer a economia local, gerando mais renda para as famílias.
Lá, a cooperativa foi fundada com 30 sócios e a perspectiva é que esse número dobre até o final do primeiro semestre do ano. O diretor de operações da empresa Sicoob Cemater, Marcos Torquato, classificou como inteligente o posicionamento da comunidade ao se organizar e trabalhar de maneira conjunta em um só objetivo.
Em todo o estado, não há como falar de casos bem sucedidos sem citar a Cooperativa de Trabalhadores Autônomos em Serviços Gerais (Coopserge).
Há 15 anos, apenas 14 funcionários – ou trabalhadores cooperados – faziam parte da cooperativa. A união desses cooperados, aliada ao apoio da entidades públicas e privadas, fizeram com que esse número subisse para incríveis 2.600 trabalhadores. É um aumento de mais de 1000%.
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Hoje, com renda sólida e trabalhadores satisfeitos, a cooperativa tem muito do que se orgulhar: seu faturamento anual – que ultrapassa os R$ 20 milhões – é totalmente destinado para ações de melhoria da qualidade de vida, tanto dos cooperados, como também do bairro Jardim Eldorado, comunidade onde está inserida a cooperativa.
A cooperativa conta com salão de beleza próprio, malharia, e uma sede social recém-construída com muitas novidades para este ano. Tudo isso para quem trabalha lá, mas que precisa também de lazer e descanso.
Outro ponto que destaca o pioneirismo da Coopserge é a preocupação com a educação: a cooperativa já acenou parcerias com o governo para lançar no Acre o CooperJovem, programa para inserir jovens no cooperativismo.
O programa chega ao Acre com o objetivo de conscientizar os jovens sobre o que é cooperativismo. Uma reunião foi realizada com o secretário de Educação do Estado, Marco Brandão, e a expectativa é de que o programa seja abraçado pelo governo em questão de pouco tempo.
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A preocupação com a comunidade também faz parte do DNA da cooperativa. Em pleno mês de aniversário, a Coopserge abriu mão das tradicionais comemorações e foi às ruas ajudar os desabrigados em virtude da cheia histórica do rio Acre.
A cooperativa completou 15 anos de serviços prestados no estado do Acre no último dia 2 de março. Foram vários os cooperados que se mobilizaram e foram ao Parque de Exposições Marechal Castelo Branco e para as regiões alagadas de Rio Branco prestar solidariedade àqueles que estão precisando de ajuda.
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A importância é tanta que a problemática de um possível encerramento de suas atividades já foi levantada: se a Coopserge parasse de funcionar hoje, por exemplo, atingiria mais de 8000 pessoas, direta ou indiretamente.
O diretor-executivo da cooperativa, José Roberto Araújo, comemora o patamar de estabilidade vivido pela cooperativa, mas garante: o trabalho é resultado do esforço de toda uma equipe.
“Sozinho, nada somos. Unidos, organizados e conscientes tudo podemos”.
É por este e outros motivos que a Coopserge é, há 15 anos, o lugar de pessoas felizes, o que evidencia que o cooperativismo é a melhor forma de vencer a crise.
Cooperativismo no Brasil – As 6,8 mil cooperativas brasileiras atuam em 13 ramos de atividade, com a participação de 11,5 milhões de associados e a geração de 340 mil empregos diretos. O setor também tem demonstrado significativa importância para a inclusão social no Brasil.
Se comparado ao total de habitantes no país, o número de associados a cooperativas representa 5,7% da população brasileira. Se somadas as famílias dos cooperados, estima-se que, hoje, o movimento agregue mais de 46 milhões de pessoas, ou 22,8% do total de brasileiros.
E, quando avaliada a relação comercial com outros países, o cooperativismo também se destaca. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) divulgados no início de 2015, no último ano, o segmento contabilizou US$ 5,2 bilhões em exportações.