Casos de sucesso
A pressão na hora de decidir qual carreira seguir é cada vez maior entre os jovens. No entanto, muitas vezes, ainda que sem convicção, o caminho traçado na esfera profissional acaba por mostrar o melhor rumo e aproximar o profissional da área de seu interesse a partir de experiências práticas.
Foi o que aconteceu com o morador de Cordeiro, interior do Estado do Rio de Janeiro, Lucas de Souza Oliveira, de 29 anos. O desejo de fazer concurso público traçou seu caminho pela área bancária até chegar ao Direito, onde ele pretende construir sua carreira profissional, no magistério e na esfera pública.
A edição nº1.422 da FOLHA DIRIGIDA está guardada até hoje no armário de Lucas, como uma lembrança de sua primeira aprovação. Foi através do jornal que ele ficou sabendo do concurso para os Correios. “Foi aí que a minha vida começou a mudar. A proximidade propiciada pela grande quantidade de agências que essa empresa possui, já que eu não poderia deixar a minha cidade naquele momento, somada aos benefícios trazidos pelo emprego público, chamaram a minha atenção e resolvi me inscrever”, contou.
A aprovação, em 2006, veio junto a um momento difícil na vida de Lucas. “Meu pai estava doente e sem renda. Minha era mãe do lar. Eu tinha terminado o ensino médio e não estava trabalhando.
Foi uma grande alegria. A certeza de que Deus está direcionando meus passos. Era a sensação de estar saindo do sufoco”, desabafou. Apesar das dificuldades, os pais de Lucas nunca deixaram de apoiá-lo em suas escolhas. “Eles sempre foram, e continuarão sendo, um auxílio fundamental, tendo em vista que entendem e acreditam nas minhas escolhas, bem como respeitam as minhas necessidades de privacidade e espaço durante meus estudos.”
Sua aprovação no topo da lista para o cargo de atendente comercial, fez com que ele logo fosse convocado a trabalhar em Santa Maria Madalena, município próximo à cidade onde morava. Já como concursado, descobriu na área bancária um ponto de partida para um próximo passo dentro da esfera pública. “O contato com os serviços bancários prestados pelo Banco Postal despertou meu interesse pela carreira bancária, e em 2007 decidi me inscrever para o concurso de escriturário do Banco do Brasil”, conta.
Aprovado em 2008, Lucas dava continuidade a sua ascensão na carreira pública. Desta vez, no entanto, a aprovação teve um gosto diferente. “O Banco do Brasil não representou a saída do sufoco, mas sim a melhora de vida. Passei a ganhar mais do que nos Correios e ainda fiz minha faculdade.” A jornada de seis horas diárias e a proximidade das universidades da região permitiram a Lucas conciliar seu desejo de se tornar servidor público, com o objetivo de cursar a faculdade na área jurídica.
Como funcionário do banco, se mudou para Duas Barras, próxima a Nova Friburgo, e se matriculou na faculdade de Direito, definindo, ali, seu rumo profissional. Atraído pelas possibilidades de carreira que o banco oferece e consciente dos benefícios que o curso traria dentro do seu mais novo emprego, Lucas não tardou a ser promovido. “Algum tempo após o início da graduação concorri internamente e fui promovido, indo trabalhar na cidade de Cantagalo, município limítrofe com Macuco.”
Em um mundo cada vez mais virtual, onde até mesmo o processo educacional se rende às possibilidades da internet, pensar em fazer concurso público sem o auxilio de um computador com acesso à rede parece distante. No entanto, Lucas iniciou a vida de concurseiro apenas com o auxílio da FOLHA DIRIGIDA e apostilas. “Acho que consegui suprir a ausência dos recursos da informática ao ser rigoroso nas leituras e anotações. Anotar bastante é algo que considero muito importante e de grande valor para alcançar a aprovação.”
A prova de que a falta do computador e acesso à internet não atrapalharam a sua preparação, foi a aprovação em primeiro lugar em sua localidade, para os Correios. Na época, a rotina de estudos já era organizada e consciente. “Basicamente eu estudava através de livros para o conteúdo de Português e Matemática e apostilas para os demais conteúdos.
Tinha o hábito, e mantenho até hoje, de refazer questões de provas anteriores e de concursos similares, questões que conseguia através das apostilas e também retiradas do jornal, pesquisando mais acerca do conteúdo trazido por essas questões, e sempre fazendo muitas anotações em cadernos separados por conteúdo cobrado”, enumera.
A distância e a falta de tempo após ter iniciado a carreira pública, impossibilitaram ainda que Lucas fizesse qualquer tipo de curso preparatório presencialmente. “Já fiz curso online, mas para fins de me manter atualizado acerca do que tem sido cobrado na minha área e de manter uma rotina de estudos.”
Após Correios e BB, foco na área judiciária
O contato com o Direito mudou o rumo da carreira profissional de Lucas dentro da área pública. Com a mudança de interesses, ele sentiu a necessidade de se dedicar ao meio jurídico. “Terminei a graduação em dezembro de 2013 e resolvi que faria concurso da área jurídica, mas não sabia qual.” A dúvida, no entanto, não o impediu de ter foco. “Esse fato não impediu minha preparação, mesmo sem estabelecer qual concurso faria, mantive, e mantenho, uma rotina de estudos, acompanhamento de jurisprudência, legislação e resolução de questões e pesquisa.”
Através de um ex-colega da universidade que trabalhou com ele na agência do Banco do Brasil, em setembro de 2014 Lucas tomou conhecimento do concurso para o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). Apesar de ter ficado sabendo do concurso em cima da hora, disciplina, organização e foco sempre acompanharam Lucas durante sua trajetória.
Decidido a tentar uma vaga no TJ, sua primeira atitude foi a análise do conteúdo programático trazido no edital. “Estabeleci, assim, considerando o pouco tempo que teria para um estudo orientado, quais seriam as prioridades, de acordo com o que já vinha sendo objeto dos meus estudos regulares e considerando a minha formação acadêmica.”
Após analisar os conteúdos, Lucas decidiu que focaria o estudo em Codjerj, Consolidação Normativa da Corregedoria Geral da Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Legislação Complementar e custas judiciais já que os temas ainda não haviam passado por sia rotina de estudos ainda. A dedicação deu resultado.
“O foco, felizmente, deu certo e resultou no acerto de todas as questões desses temas”, contou orgulhoso. Ainda aguardando a convocação, Lucas contou como foi a experiência de ter sido aprovado em seu terceiro concurso. “Dos três, certamente o do tribunal foi o que teve uma sensação mais intensa. Foi o concurso no qual eu mais me cobrei, sentia que não bastava ser aprovado, tinha que ficar classificado, mesmo com o pouco tempo que tive para me preparar especificamente para ele.”
Dessa forma, quando veio o resultado, a sensação de alívio e felicidade eram enormes. Além disso, Lucas percebeu o quanto é importante a rotina de estudos disciplinada mantida por ele. Além disso, as vantagens da carreira pública ficaram ainda mais evidentes após sua aprovação no TJ. “Elas começam na admissão impessoal através de concurso, e continuam nos bons benefícios concedidos, e no que se refere ao TJ-RJ, na boa remuneração combinada com a estabilidade”, fala.
Trabalhando no Banco do Brasil enquanto aguarda a convocação do TJ, o objetivo do jovem agora é focar no estudo dos conteúdos e na realização de concurso específico para graduados em Direito. “Ainda não decidi qual será, posto que vários fatores devem ser considerados na escolha de um concurso como esses, além da remuneração, tendo em vista que demandam mais tempo de preparação e certamente será o definitivo. Portanto deve ser algo que eu queira realmente fazer na minha vida, e me sinta realizado fazendo.”
Desde o primeiro concurso, as rotinas de Lucas eram planejadas e organizadas para que o tempo fosse aproveitado da melhor maneira possível. “Eu planejo minhas noites considerando o horário que chego em casa e o horário e os demais compromissos que tenho. Divido o conteúdo e as tarefas de estudo por dias da semana, estabelecendo metas de conclusão de determinada disciplina”, não esquecendo dos finais de semana.”
Já trabalhando na área pública, cursando a pós-graduação – que em breve será um mestrado – e buscando manter a rotina de estudo para concursos em sua área, o servidor acredita que o grande desafio da carreira ainda estar por vir.
“O desafio mesmo será em relação ao mestrado, pois o foco mais voltado à pesquisa acadêmica difere bastante da forma como normalmente são abordados os conteúdos nos concursos.” No entanto, ele acredita que conseguirá fazer do mestrado um auxílio a sua carreira pública e, assim, conseguir alcançar seu objetivo de vida, traçado desde a formatura do ensino médio, concurso a concurso.
