25 de abril de 2024

Paranoia (anti) rapé na fronteira

Gente que havia participado do lançamento do ponto de cultura Yorenka Atame, em Marechal Thaumaturgo, passou pelo constrangimento de ver o seu rapé apreendido durante revista dos soldados do Exército Brasileiro na pista de pouso do município. Até mesmo indígenas tiveram seu rapé apreendido, ainda que o porte esse tipo de substância de uso cultural, lhes seja assegurado por lei.

Os soldados justificaram a apreensão por se tratar de “produto da fauna e da flora local” (sic). A explicação não convence. Feito a partir de tabaco (produzido ali mesmo em Marechal) e cinza de cascas de árvores, o rapé tem menos de “fauna e flora local” do que os cocares e brincos emplumados que passaram sem problema.

A implicância com um produto que até bem pouco tempo não era incomodado com os aeroportos pode ter relação com uma reportagem recentemente apresentada pela TV Gazeta, onde, legitimamente, se apresentam preocupações com o abuso do rapé e sua rápida popularização no meio urbano, incluindo aí, muitos jovens e adolescentes nas escolas.

Digo que a preocupação é legítima, já que ate mesmo os pajés alertam para os danos de um eventual abuso do rapé.

O problema é que nas instituições da nossa sociedade, as reações a um fenômeno cultural, acabam tendo um viés proibicionista e criminalizador, principalmente quando se tratam de produtos da ‘exótica’ Amazônia.

Não se vê, por exemplo, alguém defendendo a proibição de Nutela ou Coca Cola, que podem ser tão viciantes ou, no caso da Coca Cola, especialmente danosa à saúde.

No caso do rapé, kambô ou mesmo da ayahuasca, cada vez mais se faz necessária a circulação de informações claras a respeito. Uma sugestão é que lideranças do meio indígena venham a cada vez mais a público, fazer estes esclarecimentos. Mas pode ser necessário também realizar encontros entre indígenas e não-indígenas, já que o uso destas substâncias no meio urbano, é uma realidade.

Transparência Reprovada

Enquanto a administração da capital Rio Branco comemora a colocação entre as 10 gestões municipais mais transparentes, segundo lista da Controladoria Geral da União, em Cruzeiro do Sul, os apoiadores do prefeito Vagner Sales olham para o outro lado e fingem que não viram que a capital do Juruá está entre as PIORES do estado, ocupando a posição de número 651 juntamente com Porto Walter administrada pelo também peemedebista Zezinho Barbary.

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Põe cone, tira cone

O celeuma gerado por uma faixa central pintada pela  Ciretran em uma das avenidas de maior movimento da cidade, parecia ter sido solucionado com um entendimento entre o órgão estadual e o departamento municipal de trânsito, que iria substituir dois semáforos por rotatórias.

O departamento municipal de trânsito chegou a ensaiar diversos dias seguidos, desligando o semáforo e colocando cones para simular uma rotatória. A operação foi realizada diversas vezes num tal de “põe cone, tira cone” que acaba por confundir os motoristas.

Aliás, a falta de entendimento entre órgão de governo e da prefeitura é talvez um dos maiores problemas de Cruzeiro do Sul. Demandas simples tornam-se uma verdadeira novela pela falta de relação institucional. Nas questões de trânsito isso se torna bem evidente. Locais perigosos que mereceriam uma intervenção mais eficaz passam anos e anos sem que nada seja feito.

Cultura

Uma das raras exceções tem sido na cultura. Por diversas vezes neste ano, a Fundação Elias Mansour e secretaria municipal de cultura uniram esforços para realizar atividades culturais de caráter beneficente. Isso se deve em grande parte ao caráter diplomático do atual secretário municipal, Zequinha Lima, do presidente do Conselho Municipal de Cultura, Ademir Maciel e do representante da FEM no Juruá Clerton Gaspar.

Clerton faz parte das indicações do deputado Éber Machado (PSDC) e o rompimento deste com a base de apoio à Frente Popular deverá determinar o afastamento também de Clerton da FEM.

Independente das razões que levaram a este rompimento na capital, Clerton vinha realizando um bom trabalho na cidade, mobilizando uma classe artística expressiva, carente de oportunidades.

*Leandro Altheman é jornalista e escritor do livro “Muká, A Raiz dos Sonhos” – um relato vivencial do processo de formação dos pajés yawanawá. Para adquiri-lo, entrar em contato com o autor através do email: [email protected]

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