“Meu Deus, o que eu vou falar para minha família?”, esse foi o primeiro pensamento que passou pela cabeça Karinne Silva de Oliveira, de 39 anos, quando foi diagnosticada com câncer de mama em 2009. A reação dela à doença, no primeiro momento, foi devido a questão dos tratamentos não serem avançados. “Na hora fiquei com medo, a palavra câncer é assustadora, fiquei sem chão, porque há alguns anos a Medicina não era tão evoluída como é hoje, e imaginei como viveria para criar minhas filhas.
Logo após a descoberta, Karine sofreu momentos aflitos com os diagnósticos da doença. “A gravidade já estava no grau 3, era um carcinoma, era invasiva, eu com 30 anos ele avançava rapidamente”, conta Karinne.
Hoje, anos depois e curada, ela divide a experiência que passou e a esperança da melhora com outras mulheres. “Para mim, é muito prazeroso e gratificante levar essas informações para outras pessoas, mostrar o que aconteceu comigo, para elas saberem que tem cura, que não pode guardar doença, tudo no início tem cura”.
A funcionária pública e autônoma descobriu que estava doente sozinha, enquanto fazia um autoexame em sua residência e detectou um nódulo na sua mama esquerda. A confirmação veio logo após ingerir frutos do mar, quando aconteceu uma série de inflamações. “Fui na médica, a minha ginecologista, ela pediu para fazer a mamografia e me encaminhou para uma mastologista, que logo após os resultados viu a necessidade de uma cirurgia para a remoção de um cisto”.
Após 15 dias, com o resultado da biópsia, Karinne foi diagnosticada com câncer e passou por tratamento. “Quando saiu o resultado, voltei na médica e ela disse que eu estava com câncer, falou sobre os tratamentos e foi bem clara: ‘O seu cabelo vai cair, suas unhas também, e vou ter que fazer a retirada da sua mama, o mais rápido possível’”. Para enfrentar o câncer, Karinne contou que o mais importante foi o apoio da família, que esteve sempre ao lado dela, pois ela teve que viajar para fora do Estado.
Filha do casal José Manoel Gonçalves de Oliveira e Margarida Florência da Silva, Karine comenta sobre a esperança de 1% de vida dada pela equipe médica e o apoio da mãe. “Eu tinha acabado de fazer 30 anos, e os médicos me falavam que eu só tinha 1% de chance de cura. Mas minha mãe fala que eu não ia desistir, continuei pelas minhas filhas e por mim”.
Os cuidados com as filhas Kateriy Pessoa e Karen Silva de Oliveira ficaram por conta do ex-marido, Carlos Afonso Rodrigues Pessoa. “Na época, ele foi de suma importância na minha vida e na vida delas foi um pai, de excelência, e nunca mediu esforços”, disse.
O tratamento com quimioterapia foi divido em dois ciclos. O tratamento começou justamente na data de aniversários da sua mãe. “Minha primeira quimioterapia foi no dia 23 de outubro 2009, não esqueço nunca, marcou muito, pois no final fiquei de cadeiras de rodas, quase não resisti”, conta.
Karinne não esconde o quanto tudo foi difícil: “Eu fui uma pessoa forte durante o tratamento. Me batia um desespero, uma sensação de medo, enjoada, tinha dias que eu não queria ver ninguém. Mas sempre tive o apoio da minha família pra vencer!”
Em seu relato, Karine chama sempre atenção para a importância de ter descoberto a doença cedo através dos exames de rotina, que são agentes preventivos na saúde de toda mulher. “Acredito num milagre de Deus, não perdi minha mama e fui curada”. Há 5 anos ela realiza trabalho voluntário com palestras educativas e contanto sua história de vida nas Unidades de Básicas de Saúde do município.
Curada, a funcionário pública acredita que um milagre aconteceu na sua vida, pois ela não perdeu sua mama. Ao lado da filha Kateriny Pessoa, a mãe posa para as lentes de Douglas Richer e fala da importância de vencer o medo contra a doença. “Cabelo nasce, tenha curiosidade com o seu corpo, e lute contra o medo”.