Os venezuelanos voltam às ruas de várias cidades nesta segunda-feira (4) em apoio à convocação do autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó. O líder da oposição sinalizou que irá participar das manifestações apesar do risco de ser detido.
Ignorando as determinações do Tribunal Supremo de Justiça que o proibiam de viajar, o líder da oposição ficou mais de uma semana fora da Venezuela. O presidente Nicolás Maduro já afirmou que ele deve acertar contas com a Justiça local ao regressar.
No domingo (3), Guaidó fez uma transmissão ao vivo pela internet durante a qual se comprometeu a participar dos protestos e disse ter dado instruções para aliados internacionais caso seja preso.
“Se o usurpador (Maduro) e seus cúmplices ousam tentar me deter, será um dos últimos erros que estará cometendo. Deixamos um caminho claro, com instruções claras a serem seguidas por nossos aliados internacionais e irmãos parlamentares. Estamos muito mais fortes do que nunca e não é hora de fraquejar”, afirmou.
Nos últimos dias, ele esteve na Colômbia, Brasil, Paraguai, Argentina e Equador, desafiando uma determinação do Tribunal Supremo venezuelano, que o havia proibido de deixar o país no final de janeiro. No Equador, o líder da oposição afirmou que voltaria para a Venezuela, mas o seu paradeiro era desconhecido.
Na manhã desta segunda, Guaidó declarou que “em poucas horas” estará em seu país em áudio divulgado nesta segunda. “Quando estiverem ouvindo esse áudio estarei a caminho de casa, da nossa casa… Em poucas horas estarei com homens e mulheres que mais admiro”, afirmou o líder da oposição.
Pouco depois da transmissão de Guaidó, o assessor de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, se pronunciou em uma mensagem no Twitter, na qual ameaçou uma resposta caso alguma atitude seja tomada contra o líder oposicionista em seu retorno à Venezuela.
“O presidente interino venezuelano, Juan Guaidó, anunciou seu planejado retorno à Venezuela. Quaisquer ameaças ou atos contra seu retorno seguro serão recebidos com uma resposta forte e significativa dos Estados Unidos e da comunidade internacional”, escreveu Bolton.
O clima era de relativa calma na capital venezuelana, Caracas, sobretudo depois de Maduro ter antecipado o feriado de carnaval para a quinta-feira (28).
Já nas fronteiras com a Colômbia e o Brasil o clima é mais tenso. Há mais de uma semana, as fronteiras com os dois países estão fechadas, prejudicando venezuelanos que costumavam fazer compras ou trabalhar em território estrangeiro.
Viagem ao exterior
Em 23 de janeiro, Guaidó se autoproclamou presidente durante uma grande manifestação em Caracas, prometendo organizar eleições gerais no país. A iniciativa recebeu apoio imediato dos Estados Unidos, posteriormente de quase 50 países.
Guaidó fez um apelo para que ajuda humanitária fosse enviada para a Venezuela, que sofre com uma inflação galopante e com o desabastecimento de alimentos e medicamentos.
A ajuda que foi enviada principalmente pelos Estados Unidos e pelo Brasil ficou parada em Pacaraima (Roraima) e na Colômbia pois Maduro decretou o fechamento das fronteiras com os dois países. Para o presidente venezuelano, a ajuda humanitária é um pretexto para uma invasão militar ao país e um subsequente golpe para tirá-lo do poder.
Guaidó deixou a Venezuela para acompanhar da Colômbia a entrega da ajuda humanitária, que estava marcada para 23 de janeiro. No entanto, os caminhões com alimentos e medicamentos não conseguiram entrar em território venezuelano. Foram registrados confrontos entre opositores de Maduro e as forças de segurança. Na fronteira com o Brasil, além dos feridos, houve mortes.
Diante do fracasso na entrega da ajuda, Guaidó participou de um encontro do Grupo de Lima, em Bogotá, na Colômbia. Depois, ele seguiu para o Brasil, Paraguai, Argentina e Equador.