Venezuelanos voltam às ruas nesta segunda na expectativa do retorno de Guaidó

Apoiadores do autoproclamado presidente interino Juan Guaidó reúniram-se nesta segunda (4) em Caracas, na Venezuela, para aguardar o retorno dele ao país. — Foto: Federico Parra/AFP

Os venezuelanos voltam às ruas de várias cidades nesta segunda-feira (4) em apoio à convocação do autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó. O líder da oposição sinalizou que irá participar das manifestações apesar do risco de ser detido.

Ignorando as determinações do Tribunal Supremo de Justiça que o proibiam de viajar, o líder da oposição ficou mais de uma semana fora da Venezuela. O presidente Nicolás Maduro já afirmou que ele deve acertar contas com a Justiça local ao regressar.

No domingo (3), Guaidó fez uma transmissão ao vivo pela internet durante a qual se comprometeu a participar dos protestos e disse ter dado instruções para aliados internacionais caso seja preso.

“Se o usurpador (Maduro) e seus cúmplices ousam tentar me deter, será um dos últimos erros que estará cometendo. Deixamos um caminho claro, com instruções claras a serem seguidas por nossos aliados internacionais e irmãos parlamentares. Estamos muito mais fortes do que nunca e não é hora de fraquejar”, afirmou.

Nos últimos dias, ele esteve na Colômbia, Brasil, Paraguai, Argentina e Equador, desafiando uma determinação do Tribunal Supremo venezuelano, que o havia proibido de deixar o país no final de janeiro. No Equador, o líder da oposição afirmou que voltaria para a Venezuela, mas o seu paradeiro era desconhecido.

Na manhã desta segunda, Guaidó declarou que “em poucas horas” estará em seu país em áudio divulgado nesta segunda. “Quando estiverem ouvindo esse áudio estarei a caminho de casa, da nossa casa… Em poucas horas estarei com homens e mulheres que mais admiro”, afirmou o líder da oposição.

Pouco depois da transmissão de Guaidó, o assessor de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, se pronunciou em uma mensagem no Twitter, na qual ameaçou uma resposta caso alguma atitude seja tomada contra o líder oposicionista em seu retorno à Venezuela.

“O presidente interino venezuelano, Juan Guaidó, anunciou seu planejado retorno à Venezuela. Quaisquer ameaças ou atos contra seu retorno seguro serão recebidos com uma resposta forte e significativa dos Estados Unidos e da comunidade internacional”, escreveu Bolton.

O clima era de relativa calma na capital venezuelana, Caracas, sobretudo depois de Maduro ter antecipado o feriado de carnaval para a quinta-feira (28).

Já nas fronteiras com a Colômbia e o Brasil o clima é mais tenso. Há mais de uma semana, as fronteiras com os dois países estão fechadas, prejudicando venezuelanos que costumavam fazer compras ou trabalhar em território estrangeiro.

Fronteira com a Venezuela amanheceu fechada pelo 11º dia nesta segunda (4) em Pacaraima (RR). — Foto: Alan Chaves/G1 RR

Viagem ao exterior
Em 23 de janeiro, Guaidó se autoproclamou presidente durante uma grande manifestação em Caracas, prometendo organizar eleições gerais no país. A iniciativa recebeu apoio imediato dos Estados Unidos, posteriormente de quase 50 países.

Guaidó fez um apelo para que ajuda humanitária fosse enviada para a Venezuela, que sofre com uma inflação galopante e com o desabastecimento de alimentos e medicamentos.

A ajuda que foi enviada principalmente pelos Estados Unidos e pelo Brasil ficou parada em Pacaraima (Roraima) e na Colômbia pois Maduro decretou o fechamento das fronteiras com os dois países. Para o presidente venezuelano, a ajuda humanitária é um pretexto para uma invasão militar ao país e um subsequente golpe para tirá-lo do poder.

Guaidó deixou a Venezuela para acompanhar da Colômbia a entrega da ajuda humanitária, que estava marcada para 23 de janeiro. No entanto, os caminhões com alimentos e medicamentos não conseguiram entrar em território venezuelano. Foram registrados confrontos entre opositores de Maduro e as forças de segurança. Na fronteira com o Brasil, além dos feridos, houve mortes.

Diante do fracasso na entrega da ajuda, Guaidó participou de um encontro do Grupo de Lima, em Bogotá, na Colômbia. Depois, ele seguiu para o Brasil, Paraguai, Argentina e Equador.

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