Uma pesquisa apresentada na 68ª Sessão Científica Anual do Colégio Americano de Cardiologia indica que aquela soneca no meio do dia ajuda a reduzir a pressão arterial, um fator importante para quem deseja evitar hipertensão.
Segundo os cientistas, esse é o primeiro estudo que avalia o efeito do sono diurno na pressão de indivíduos nos quais ela é praticamente normal. Anteriormente, eles já haviam descoberto que, em hipertensos, essa cochilada está associada a níveis mais adequados e a menores quantidades de remédio.
A equipe de estudiosos analisou 212 pessoas com pressão sistólica de 129,9 mmHg, em média. Esse é o primeiro número que o médico fala após medir sua pressão com aquele aparelho que aperta o braço, o esfigmomanômetro. Só não se confunda: muitas vezes o profissional simplifica esse dado – no caso, ele diria 12,9 e completaria com o dado da pressão diastólica. Ou 12,9 por 8, como exemplo.
Além disso, os participantes possuíam 62 anos, em média, e um em cada quatro fumava e/ou tinha diabetes tipo 2.
Então, foram divididos em um grupo que faria sesta e outro que permaneceria acordado o dia todo. Eles usaram um monitor portátil para monitorar a pressão arterial em intervalos regulares durante um dia inteiro, em vez de apenas uma vez na clínica.
Os experts verificaram os registros feitos por 24 horas consecutivas, a duração da soneca, os hábitos e a rigidez das artérias. Eles também ajustaram fatores que influenciariam os números finais, como idade, gênero, estilo de vida e medicamentos.
No fim das análises, constatou-se que a média da pressão sistólica era 5 mmHg menor em quem cochilou (127,6 mmHg) comparado a quem ficou acordado (132,9 mmHg). Além disso, a cada 60 minutos de sono, o nível caiu, em média, 3 mmHg.
Apesar de não parecer uma diferença enorme, o achado tem sua importância. “Uma queda de 2 mmHg é capaz de reduzir o risco de eventos cardiovasculares, como o ataque cardíaco, em até 10%”, justifica, em comunicado à imprensa, o cardiologista Manolis Kallistratos, do Hospital Geral Asklepieion, na Grécia, que participou da pesquisa.
De acordo com o especialista, essa seria uma medida tão efetiva quanto mudar alguns hábitos. Por exemplo: maneirar no sal diminui o índice em 3 a 5 mmHg. Já uma baixa dose de medicamentos para hipertensão subtrai de 5 a 7 mmHg.
“Baseado nos nossos achados, quem possui o privilégio de tirar uma soneca durante o dia vai melhorar sua pressão. Os cochilos podem ser facilmente adotados e não têm custo”, conclui Kallistratos.
Claro que outras pesquisas devem ser feitas para confirmar esse achado e sua magnitude. Mas fica o recado de que aquela sonequinha pode fazer um bem danado para a circulação.