25 de abril de 2024

Policial Militar assume em vídeo que matou vendedor: ‘Vai dar nada’

Um vídeo obtido pelo G1 nesta quarta-feira (19) mostra um policial militar assumindo o envolvimento na morte do vendedor Cristian Domingos de Almeida, de 33 anos, em Guarujá, no litoral de São Paulo. A vítima desapareceu em janeiro deste ano, após sair de um bar, com amigos e um familiar, onde assistia a uma partida de futebol. O policial foi preso na noite de segunda-feira (17) e transferido para o Presídio Romão Gomes, na capital paulista. A motivação do crime ainda é investigada.

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As imagens foram gravadas por uma das testemunhas que constam no inquérito policial. Conforme apurado pelo G1, o vídeo foi uma das principais evidências para que a Justiça pedisse a prisão preventiva do PM. Na gravação, é possível ouvir o suspeito falando que fez ‘merda’ e que não iria ‘dar nada’, pois a polícia não havia localizado o corpo.

Cristian desapareceu na madrugada do dia 23 de janeiro. Na ocasião, ele foi a um bar com amigos e um irmão para assistir a um jogo de futebol. Depois da partida, o irmão foi para casa e Cristian ficou com um amigo, próximo a onde morava com os pais.

Vendedor foi sequestrado após assistir a partida de futebol em Guarujá, SP — Foto: Arquivo Pessoal
Vendedor foi sequestrado após assistir a partida de futebol em Guarujá, SP — Foto: Arquivo Pessoal

 

Ele foi abordado por dois homens em um carro, na Rua Maria da Conceição das Neves, no bairro Morrinhos, e levado para um local ainda não informado pelas autoridades. O sumiço foi denunciado na Delegacia Sede de Guarujá, onde foi registrado como sequestro e passou a ser investigado.

Uma testemunha, que prefere não se identificar, procurou o G1 e afirmou que dois policiais militares estariam envolvidos no desaparecimento do rapaz. Segundo o relato, um deles teria confessado o crime a essa pessoa, e a revelação foi gravada em vídeo. Nas imagens, o policial aparece fardado, falando sobre um corpo que não foi encontrado e também da investigação.

“Aí, fico transtornado, doido. Começo a fazer merda. Fiquei sem chão, perdi o juízo. É cobrança, um monte de coisa. Eu sei que eu tô errado e só fiz merda [sic], quase perdi a profissão. Vamos esperar para ver o que vai dar. Tudo bem que não vai dar nada. Capaz que não suba nem para a corregedoria, só se der alguma coisa na [Polícia] Civil aqui, porque não achou o corpo, a arma também, só se achar o corpo. Aí, opa, ‘vamos periciar a arma dos caras’”, afirma o suspeito.

Em outro trecho da gravação, o PM fala sobre o carro usado no crime, que pertencia ao segundo suspeito, também policial militar. “O que ia pegar mesmo era o carro, que estava com as manchas. O cara [policial] está andando a pé por minha causa. O meu parceiro, que estava junto comigo, está andando a pé por causa de mim, dessa merda que eu fiz. Ele se desfez do carro. Ou foi furtado, alguma coisa assim”, completa.

Suposto carro de sequestradores que levaram vendedor em Guarujá, SP — Foto: Arquivo Pessoal
Suposto carro de sequestradores que levaram vendedor em Guarujá, SP — Foto: Arquivo Pessoal

 

Inquérito

A Reportagem teve acesso ao inquérito do caso, no qual consta que há uma segunda testemunha, que presenciou o momento do sequestro e reconheceu os policiais após o ocorrido. O advogado Rodrigo Sorrentino, que representa a família da vítima, explica que fez a análise detalhada do documento. Ele revela que foram usadas imagens de câmeras de monitoramento para identificar a placa do carro que levou Cristian.

“Por meio da placa, a polícia identificou que o veículo era de propriedade de um dos PMs investigados. Um mês após Cristian desaparecer, esse PM deu queixa de furto do carro, porém, o inquérito mostra que quebrou-se o sigilo telefônico dele, e pela antena do celular, confirmou-se que ele estava no local, no dia e hora do crime”, explica o advogado.

Além disso, conforme Sorrentino, foram apreendidos materiais na casa do outro PM supostamente envolvido que aumentam as suspeitas. “Tudo leva a acreditar em homicídio, porque a testemunha afirma que viu dois disparos no local”, diz.

Em nota, a Polícia Civil, por intermédio da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), informou que diligências ainda estão em andamento e detalhes não podem ser passados, pois o caso segue em sigilo. A Polícia Militar também apoia as investigações. O G1 não localizou a defesa dos policiais militares até a última atualização desta reportagem.

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