Fim do governo de Netanyahu aprofunda isolamento de Bolsonaro no mundo

Os brasileiros já viram esse filme nos últimos meses. Depois de apostar todas as fichas em um alinhamento pessoal, político e ideológico com o ex-presidente norte-americano Donald Trump, a quem chegou a dizer “eu te amo” nos corredores da Assembleia Geral da ONU, o presidente Jair Bolsonaro e o Itamaraty agora tentam reconstruir seu relacionamento com um país liderado por alguém radicalmente diferente — o presidente democrata Joe Biden.

Substitua Trump por Benjamin Netanyahu, o líder israelense que deixou o poder após 12 anos de governo, e a fórmula se mantém.

No domingo (13/06), o nacionalista de direita Naftali Bennett foi alçado ao posto de primeiro-ministro de Israel, depois de conquistar um voto de confiança no Parlamento israelense por uma margem mínima — de apenas um voto.

Bennett, líder do partido Yamina, será primeiro-ministro até setembro de 2023 como parte de um acordo de divisão de poder. Ele então será substituído por Yair Lapid, chefe do partido centrista Yesh Atid, por mais dois anos.

Netanyahu — o primeiro-ministro que mais ficou no poder na história de Israel — permanecerá à frente do partido de direita Likud e se tornará líder da oposição.

Espera-se que a guinada no núcleo duro do governo israelense, que agora reúne políticos ultranacionalistas, figuras de centro e até islâmicos árabes, tenha forte impacto na complicada geopolítica do Oriente Médio.

Mas ela também tem reflexos do outro lado do mundo — mais precisamente no gabinete do presidente brasileiro, novamente órfão de um de seus principais padrinhos políticos internacionais.

Após investir em uma intensa relação de elogios e apoio ao ex-premiê de Israel, a quem chegou a tratar como “irmão”, o presidente brasileiro agora se vê “mais isolado do que nunca” no tabuleiro político internacional, segundo analistas estrangeiros ouvidos pela BBC News Brasil.

“Esse é o problema de ter uma política externa que não é uma política de Estado, mas uma política partidária e ideológica”, avalia o professor Christopher Sabatini, pesquisador sênior para América Latina da Chatham House, instituto real de pesquisa mais prestigiado do Reino Unido.

“Antes de você se dar conta, seus aliados podem sair do cargo e você sobra sozinho.”

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