Poucos animais vivem tanto quanto os humanos. O elefante africano pode viver até 70 anos; a tartaruga-gigante-de-galápagos (Chelonoidis nigra) chega a passar dos 100; e o tubarão-da-groenlândia (Somniosus microcephalus), incrivelmente, beira os 400 anos, segundo o site da ONG internacional One Kind Planet.
Mas e os peixes comuns? Até agora, sabia-se que a carpa (Cyprinus carpio) podia viver 40 anos, o que já é bem longevo para esse tipo de animal. E num estudo publicado nesta quinta (17/6), na revista científica Current Biology, cientistas franceses apresentam um centenário peixe do oceano Índico.
Chamado de celacanto africano (Latimeria chalumnae), a espécie é considerada em risco de extinção e pode crescer até 2 m de comprimento e pesar cerca de 100 kg. Esse gigante subaquático pode viver até 100 anos, de acordo com os pesquisadores.
Como descobriram a idade do peixe?
Para chegar à idade do celacanto, os cientistas contaram minúsculas estruturas de cálcio em forma de anel nas escamas preservadas de um exemplar existente no Museu Nacional de História Natural da França.
Eles descobriram que, como ocorre nas árvores, um novo anel surge a cada ano de vida do peixe. A contagem das estruturas de cálcio revelou que o espécime mais velho tinha 84 anos. Mas o estudo revela que alguns indivíduos podem viver até 100 anos.
Além de ter uma das maiores longevidades dos peixes marinhos, os cientistas afirmam que os celacantos envelhecem lentamente e não atingem a maturidade sexual até cerca de 40 a 60 anos. Isso seria como os humanos alcançando a puberdade na meia-idade.
De acordo com o estudo, as descobertas podem ajudar a explicar porque existem tão poucos celacantos africanos. Eles já foram considerados extintos e costumam ser chamados de “fósseis vivos” devido à aparência “pré-histórica”. Como demoram muito para atingir a idade reprodutiva e têm relativamente poucos descendentes, acabam morrendo sem serem capazes de repor a população.
Além disso, a sobrepesca e a destruição do habitat provavelmente não estão ajudando os celacantos, alertam os cientistas.