O guardião do maior território indígena do estado, Ari Uru Eu Wau Wau, foi encontrado morto na RO-010, em Tarilândia, distrito de Jaru, próximo da aldeia 621 onde morava. O corpo de Ari apresentava sinais de lesão contundente na região do pescoço e nenhum de autodefesa.
Ari era professor e integrava a Equipe de Vigilância Indígena que monitora invasões e extrações ilegais de madeira dentro do seu território, a Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau.
O julgamento está previsto para ocorrer no dia 15 de abril, a partir das 8h da manhã, na comarca de Jaru (RO). O réu, João Carlos da Silva, se condenado por homicídio qualificado com motivo fútil, pode ter pena imposta de 12 a 30 anos.
Para a Polícia Federal, que assumiu o inquérito, a morte do ativista “não tem ligação com crimes ambientais”, mas com o fato de que o réu estaria incomodado com a presença de Ari na região.
Os indígenas duvidam dessa versão e insistem que pode haver um mandante do crime. A resistência e luta da vítima para proteger seu povo e sua terra incomodava muito mais gente. O acusado não quis prestar depoimento e só deve falar em juízo.
Na hipótese criminal da Polícia Federal consta que alguém pode ter ajudado o réu no crime. Ari teria sido morto num local diferente de onde foi encontrado.
Uma campanha feita por indígenas nas redes e nas ruas será intensificada nos dias que antecedem o julgamento e o desfecho do caso deve repercutir novamente na imprensa nacional e estrangeira.
O nome do professor Ari ecoou fortemente quando foi lembrado na abertura oficial da Conferência da Cúpula do Clima (COP26) na Escócia, no discurso da ativista indígena Txai Suruí.
O indígena guardião da floresta ganhou uma pintura de 600 m² do artista Mundano, feita com terra e cinzas de queimadas na Amazônia, no centro da cidade de São Paulo.
O assassinato de Ari também foi retratado no documentário ‘O Território’, vencedor de mais de trinta prêmios, entre eles, o Emmy 2023, que narra a luta do povo indígena Uru-Eu-Wau-Wau em defesa de seu território.