Sem medo: comprometimento de mais de 1000 policiais civis na luta contra o crime no Acre

Corporação é celebrada hoje como símbolo de guardiã da sociedade contra a criminalidade no estado, principalmente, no enfrentamento a organizações criminosas

Por trás de quase toda ação policial, há um grupo de investigadores empenhado para que prisões aconteçam nos moldes que satisfaça, não à opinião pública, mas ao Estado democrático brasileiro e sua legislação. São peritos, escrivães, delegados, auxiliares de necrópsia e agentes de Polícia Civil que atuam em conjunto com outras forças de segurança, numa dimensão, algumas vezes perceptível, outras vezes mais discreta aos olhos da sociedade para que o alvo: o crime, sobretudo o organizado, seja atingido com o maior grau de precisão possível.

Membro da força de elite da Polícia Civil perfilado com fuzil; instituição desfruta de credibilidade entre a população/Foto: Cleiton Lopes/Secom

Na última sexta-feira (19), foi celebrado o Dia Estadual do Policial Civil do Acre, iniciando-se a Semana do Policial Civil, promovida pelo Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Acre (Sinpol) por meio de uma série de atividades aos seus afiliados.

E neste domingo (21), dia em que o país relembra a história de luta de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, pela Independência do Brasil, o patrono da instituição policial, *Contilnet* traz um diagnóstico sobre a Polícia Civil do Estado do Acre, que pode se orgulhar de ter um dos efetivos mais jovens do país, embora ainda haja muito o que melhorar quanto às condições de trabalho nas delegacias e na correção de defasagens salariais e de contingente, segundo o Sinpol.

Quando as hordas do mal entram de plantão, lá estão eles construindo a colcha de retalhos investigativos para alcançar o objetivo: colocar os criminosos atrás das grades.

Homens da Coordenadoria de Recursos Especiais, Core, da Polícia Civil, uma unidade de elite, procura por fugitivo de outro estado embrenhado em floresta no Acre/Foto: Diego Gurgel/Secom

Um levantamento do ContilNet, com base em informações da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, sobre os quatro anos da primeira administração do governo Gladson Cameli mostra que a gestão foi um divisor de águas entre o velho: o sucateamento das instituições de segurança, com viaturas ultrapassadas, coletes balísticos não-renovados, centros de instruções necessitando de reparos e um arsenal precário, com algumas armas de mais de dez anos de uso, e o novo: a contratação de 423 novos policiais civis, e de 699 policiais militares, além da convocação de outros 808. Foram ainda adquiridas 411 armas de última geração, mais de 400 mil munições, ampliadas as operações aéreas e renovada a frota policial, com 410 novos veículos de radiopatrulhamento, caminhões, ambulâncias e micro-ônibus.

Já em 2024, o desafio está sendo o de dar continuidade às demandas mais urgentes da categoria, que por meio do sindicato, elenca uma série de problemas que podem comprometer o bom andamento dos trabalhos da instituição. São queixas recorrentes de que as estruturas físicas das delegacias estão precisando de reformas, que falta material básico de trabalho para peritos criminais, que o efetivo policial continua reduzido e que não há pagamento de gratificações.

Hoje, a corporação é composta de 1.006 homens e mulheres, entre médicos legistas, peritos criminais, auxiliares de necrópsia, delegados, escrivães e agentes de polícia. O governo, por sua vez, alega entraves burocráticos causados pela Lei de Responsabilidade Fiscal para conceder benefícios remuneratórios, neste momento, à categoria. Mas trabalha no desafio de continuar aparelhando a instituição, com ênfase muito mais, neste momento, às delegacias do interior.

No dia 26 de novembro de 2020, jovens aprovados em concurso público são empossados na Polícia Civil, em frente ao Palácio Rio Branco/Foto: Marcos Vicentti/Secom

“Nós nunca nos queixamos de que o governo não nos recebe para conversar. Temos uma ótima relação, mas o problema é que não existe uma resolutividade desses imbróglios”, destacou o presidente do Sinpol, escrivão de polícia Rafael Diniz, em audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado do Acre cuja finalidade foi debater melhorias de condições de trabalho e de valorização salarial na corporação, na última segunda-feira (15).

Audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado do Acre discutiu as condições de trabalho dos policiais civis/Foto: Sergio Vale/Agência Aleac

Em contrapartida, o delegado-geral de Polícia Civil, José Henrique Maciel, defende que “o governo Gladson Cameli foi um dos que mais investiram na área de Segurança Pública. “Contratamos novos profissionais por meio de concurso e proporcionamos melhores condições de trabalho, não somente para a Polícia Civil quanto para todas as demais policiais, seja a Penal, a Militar e também o Corpo de Bombeiros”, ressalta o representante do governo.

Rafael Diniz, presidente do Sinpol, durante audiência na Assembleia Legislativa do Estado do Acre/Foto: Reprodução

Segundo Henrique Maciel, o estado tem avançado em questões triviais, “muito embora que na área de Segurança Pública sempre tenhamos alguma coisa a melhorar, disso não restam dúvidas, justamente, por se tratar de uma pasta complexa. Mas estamos sempre nos aprimorando”, assevera.

Agente do Departamento de Polícia Técnico-Científica: trabalho de perícia precisa de mais recursos materiais, diz Sindicato dos Policiais Civis/Foto: Asscom/Polícia Civil

Como exemplo de melhorias para a Polícia Civil, o delegado-geral cita a construção do Centro Integrado de Operações de Segurança no município de Porto Walter, intervenções recentes nas estruturas físicas das delegacias de Jordão, Tarauacá e Santa Rosa do Purus e a reforma da Delegacia de Sena Madureira, além da obra no prédio da Polícia Técnica em Brasiléia. Em Rio Branco, conforme Maciel, as reformas de diversas edificações da corporação também já estão em andamento.

Trabalho de estratégia contribui para a redução da criminalidade

A vocação para a Inteligência permite com que a Polícia Civil do Acre seja considerada hoje uma das mais bem preparadas na investigação de casos complexos e, desse modo, contribuindo para a redução de todo o tipo de crimes.

Alguns setores estratégicos, como por exemplo, a Delegacia de Combate ao Crime Organizado, que atua diretamente com o Ministério Público do Estado do Acre, são instrumentos de excelência na antecipação ao crime que permitem até mesmo frustrar as ações das organizações criminosas, quando elas ainda estão no seu embrião.

Core, da Polícia Civil, em cumprimento de mandado de prisão na periferia de Rio Branco/Foto: Asscom/Polícia Civil

Foi assim, por exemplo, que se conseguiu reduzir no Acre o número de homicídios entre o período de 2021 em relação a 2020, com um decréscimo de 38%. Entre 2021 e o primeiro semestre de 2022, houve nova redução de 15% no número de homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. Os números fazem parte do Monitor da Violência, do site noticioso G1.

Mais recentemente, um relatório sobre Mortes Violentas Intencionais (MVI), apresentado pelo Departamento de Inteligência da Polícia Civil, revelou nova redução significativa nos casos de homicídios no estado, com base nos registros de 2022 e 2023. De acordo com o relatório, houve uma queda de 8,25% nos casos de homicídios registrados em todo o estado neste último ano. Como exemplo, em julho de 2023, houve 26 mortes violentas, das quais cinco ocorreram durante uma rebelião no Presídio Antônio Amaro Alves, em Rio Branco.

Diretor de Inteligência da Polícia Civil, delegado Nilton Boscaro, posa para a foto em evento sobre combate à lavagem de dinheiro em Brasília/Foto: Asscom/Polícia Civil

Conforme o delegado Nilton César Boscaro, diretor do Departamento de Inteligência da Polícia Civil, “a redução nos casos de homicídios é fruto de um trabalho árduo e estratégico realizado pelas equipes de segurança do estado”.

“Nosso objetivo é sempre buscar formas de prevenir e combater a criminalidade, e esses dados nos mostram que estamos no caminho certo”, acredita o delegado.

O desafio das longas distâncias para a entrega de suprimentos

Computadores, mobília e outros equipamentos essenciais para os agentes nos municípios mais isolados do Acre estão sendo entregues numa operação desafiadora para os gestores da Polícia Civil. Uma delas é o município de Jordão, sem ligação terrestre com Rio Branco, onde só se chega por rio ou de avião, desde o município de Tarauacá (distante 440 quilômetros de Rio Branco).

Em Tarauacá, servidores da instituição embarcam suprimentos para a Delegacia do do Jordão; esforço grande para atender às demandas da Polícia Civil no interior do estado/Foto: Asscom/Polícia Civil

“De Tarauacá até o Jordão podemos levar quatro dias de viagem por causa da extensão pelo rio, mas estamos cientes dos desafios enfrentados pelos nossos policiais que trabalham em locais de difícil acesso. Esses investimentos representam um passo significativo para fortalecer a infraestrutura e os recursos disponíveis para nossos colegas que desempenham um papel vital na segurança das comunidades remotas do Acre”, pontua Henrique Maciel.

Computadores e mobília são embarcados em batelão e levados para a Polícia Civil no Jordão; esforço atende às demandas no interior/Foto: Asscom/Polícia Civil

Na semana passada e nesta semana que começa, a logística da Polícia Civil está concentrada nas áreas do Vale do Purus e do Vale do Juruá. “Entre os itens transportados estão três conjuntos de mesas, armários, bebedouro, fogões e cadeiras estilo longarina, que serão instalados na recepção da delegacia”, explica a Comunicação da Polícia Civil. “Além disso, serão fornecidos computadores e outros utensílios essenciais para fortalecer o trabalho da equipe que atua naquela região”, completa.

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