Mauri diz que alguns pré-candidatos desconhecem a história de saneamento básico na capital

O ex-prefeito é o responsável pela integração do transporte coletivo, permitindo ao usuário pagar apenas uma passagem

Aos 70 anos de idade e aposentado, o político Mauri Sérgio Moura de Oliveira, na semana que passou, deixou o cuidado com a esposa Nazaré e aos filhos e netos, além de faltar às pescarias das quais costuma participar como lazer preferido, para uma rara aparição pública na qual defendeu e procurou mostrar seu legado como prefeito de Rio Branco, no período de 1997 a 2000. Além de prefeito, Mauri Sérgio foi vereador da capital de 1982 a 1986; deputado estadual de 1987 a 1991; deputado federal de 1992 a 1996, quando se elegeu prefeito.

Além de prefeito, Mauri Sérgio foi vereador da capital, deputado estadual e federal/Foto: ContilNet

Sua última aparição pública, num encontro com a reportagem do ContilNet, foi para contestar declarações de pré-candidatos à Prefeitura que disseram que nenhum prefeito havia investido em reservatórios de água na cidade de Rio Branco, após a gestão Flaviano Melo. Mauri Sérgio considera injustas as declarações de alguns políticos.

“Muito do meu trabalho nesta área, porque foi encanação, está debaixo da terra, mas funcionando, porque até a encanação que colocamos era especial e de boa qualidade. Fora da terra, que podem ser vistos até hoje, estão os reservatórios em três pontos da cidade, no Segundo Distrito, ali perto do antigo aeroporto e do 14 Bis, na Sobral, e na Estrada Jarbas Passarinho. Cada um com capacidade de pelo menos 1 milhão de litros de água potável armazenada”, revelou.  

Mauri citou como exemplo, três bairros em que ele beneficiou a cidade, construindo uma completa rede de água: Chico Mendes, Eldorado e Vitória. Ele afirma que também restaurou um reservatório de água localizado no bairro Tucumã.

Inauguração da escola Francisca Aragão/Foto: Cedida

O ex-prefeito lembrou também outra obra que ele considera importante: a integração do transporte coletivo permitindo ao usuário pagar apenas uma passagem para se deslocar por toda a cidade. “Antes, o passageiro, se precisasse pegar dois ônibus, tinha que pagar duas passagens. A partir do que nós aprovamos, o passageiro pega tantos ônibus que queira e paga apenas um bilhete. Para isso, basta que ele retorne ao Terminal Urbano e salte de um ônibus para outro destino”, disse.

Outro grande feito da administração Mauri Sérgio, segundo ele, foi a terceirização da coleta de lixo na cidade de Rio Branco. “Antes, a coleta era feita em caminhões caçambas. Todas eram abertas e saiam derramando parte do lixo pela cidade. Hoje esse trabalho é feito através de veículos apropriados e modernos.

Lançamento do projeto Melhoria Sanitária Domiciliar/Foto: Cedida

Pontes interligando a cidade aos bairros São Francisco e Calafate também foram mostradas pelo ex-prefeito como obras marcantes de sua administração. “Ali sobre o Igarapé São Francisco, quando eu assumi, havia até uma placa na ponte dizendo que era proibido a passagem de veículos. Era apenas uma pontezinha de madeira, um perigo até para quem passava a pé. Fizemos uma ponte de alvenaria, assim como também na Estrada Calafate. Obras que estão aí até hoje a testemunhar que não fomos um prefeito omisso”, disse.

A seguir, os principais trechos de uma entrevista com Mauri Sérgio:

Conte um pouco de sua história, para que o leitor mais novo conheça um pouco sobre quem é Mauri Sérgio:

Mauri Sérgio – Eu nasci em Xapuri e vim para Rio Branco com cinco ou seis anos de idade, com minha família, meus quatro irmãos, duas mulheres e dois homens, e minha mãe Maria Ires e meu pai Sílvio Oliveira, mas o meu pai era conhecido como Totoca. Na verdade, eu não nasci na cidade de Xapuri. Nasci no Seringal São Francisco do Iracema, que pertence a Xapuri. Daqui lá, hoje, com o rio cheio, pelo Rio Acre, se gasta um dia de viagem.

Mauri: “Muito do meu trabalho nesta área, foi encanação, que está debaixo da terra/Foto: ContilNet

Como a política entrou na sua vida? Você sonhava em ser político?

Mauri Sérgio – Nunca isso havia passado pela minha cabeça. Na verdade, eu sonhava em ser militar, queria servir ao Exército. Antes, eu trabalhava no comércio, como vendedor e cobrador. Na infância, vendi picolé. Estudei no Colégio Maria Angélica de Castro e, já adulto, me graduei em gestão pública e cheguei a fazer o curso de Heveicultura na Universidade Federal do Acre (Ufac), na primeira turma, e também fiz metade do curso de Direito, mas não conclui nenhum desses dois. A política acabou me tomando o tempo integral. Tive mais de 20 anos de mandato, um atrás do outro.

E como se deu sua entrada na política? Você começou quando e como?

Mauri Sérgio – Eu sou funcionário da Câmara Municipal. E como funcionário da Câmara, uma antiga chefe, a dona Maria de Belém Castelo Bonfim, a dona Ziza, que vem a ser mãe da desembargadora Denise Castelo Bonfim, sempre me incentivou a entrar na política. Ela percebia que eu participava do movimento dos servidores da Câmara e depois da Prefeitura. Eu fui eleito o primeiro secretário da Assermurb (Associação dos Servidores Municipais), em 76 ou 77. E aí a dona Ziza me incentivou a sair candidato a vereador.  E sugeriu que eu me filiasse ao MDB e entrasse para a política. E foi o que aconteceu. Me filiei ao MDB em 1978, pensando em ser candidato a vereador, mas aí houve a prorrogação dos mandatos para a coincidência de eleição de todos os cargos, de vereador a governador. Foi a primeira vez que isso aconteceu. Me preparei para ser vereador em 1980, mas a eleição só veio em 1982, quando o Nabor Júnior se elegeu governador. Éramos 9 vereadores –  Edmundo Pinto, Paulo Pinheiro, José Aníbal Tinoco, José Augusto Farias, do PDS. No MDB, além de mim, foram eleitos Omar Marques, Adauto Biraba, João José, Airton Rocha e Manuel Lira. Eu apareci entre os mais votados.

E essa história de que o ex-deputado e também ex-prefeito de Rio Branco Adalberto Aragão é que foi seu padrinho na política, tem fundamento?

Mauri Sérgio – Tem, sim. Foi assim: o Luiz Pereira, que era o secretário de Finanças da Prefeitura, de saudosa memória, e o Aragão também; o Luiz Pereira era o secretário municipal no Governo do Fernando Inácio dos Santos, e era filiado à Arena. Um dia ele me chamou para sair candidato pela Arena, que ele me ajudaria. Mas a dona Ziza já havia pedido que eu saísse pelo MDB. E o Aragão nesse tempo, já eleito vereador, veio para ser o presidente da Câmara Municipal. Devo dizer que o Aragão me reconheceu como trabalhador da Câmara. Como ele era candidato a deputado estadual, disse que me ajudaria para vereador. Quando chegou a campanha, eu me surpreendi com o Aragão, porque poderia haver entre três ou quatro candidatos a vereador que ele apoiava, mas, na hora de preencher a cédula de propaganda, com o nome dele para deputado, ele colocava o meu nome para vereador, numa clara manifestação de apoio. Realmente, ele fez por mim coisas que eu não esperava. Como apareci entre os mais votados, logo começaram a falar que eu seria candidato a deputado estadual. E eu dizia: ser vereador, já me contempla. Estou satisfeito, mas o pessoal insistia. Mas eu já pensava: como esse pessoal quer que eu seja deputado, se o Aragão já é deputado. Eu não vou concorrer com ele.

Mauri Sérgio é nascido no seringal São Francisco do Iracema, que pertence a Xapuri/Foto: ContilNet

Mas e aí, como foi resolvido esse impasse?

Mauri Sérgio – O Aragão saiu para prefeito e foi eleito em 1985. Como Aragão já era prefeito, em 1986 saí para deputado estadual, também com o apoio do Aragão. Claro que, como prefeito, ele não ajudou só à minha pessoa naquela eleição, mas sei que o apoio dele foi muito importante. Em 1990, Aragão resolveu ser candidato a deputado estadual. Quando ele me falou, eu disse que não queria sair para federal porque eu não me sentia à vontade para deixar Rio Branco, para deixar o Acre. Minha família também não queria e, particularmente, eu achava que era um passo muito grande sair para federal. Para deputado estadual, eu tinha segurança da reeleição. Mas, ao final da campanha, eu fui eleito para federal e o Aragão não conseguiu a eleição para estadual, mesmo eu pedindo voto para ele – aliás, nunca deixei de pedir voto para ele.

Mauri durante obras de infraestrutura em Rio Branco/Foto: Cedida

O que aconteceu para o Aragão ser derrotado, já que ele aparecia como um dos líderes do MDB?

Mauri Sérgio – Eu não sei, mas, hoje, analisando friamente, eu acho que aconteceu foi o apoio dele ao Branquinho (Rubem Branquinho, ex-secretário de Transportes, que se elegeu deputado federal constituinte em 1986 e chegou a se apresentar como pré-candidato a prefeito à sucessão do próprio Aragão na Prefeitura). Nessa história, ele criou um problema do Partido porque o MDB não aceitava o Branquinho, tanto é que, na primeira oportunidade, ele saiu da nossa sigla para ser candidato a governador em 1990 pelo que seria hoje o PL. Mas, na pré-campanha do MDB, em 1988, o Aragão estava botando toda sua força na defesa do Branquinho. Eu mesmo, na convenção do MDB, votei no Branquinho, mas ele acabou perdendo a indicação para o Ariosto (Ariosto Pires Miguéis, então deputado estadual, que disputou as eleições para a Prefeitura, vencida por Jorge Kalume, do PDS, e Luiz Pereira, do então PFL). Ali, o Aragão teve praticamente toda a estrutura do partido contra ele pela defesa do nome do Branquinho, um nome que as pessoas não aceitavam..

Aí vem as eleições de 1994 e você é reeleito deputado federal, não termina o mandato e sai para a Prefeitura, não é isso?

Mauri Sérgio – Sim, saí para disputar a Prefeitura e quem assumiu o meu lugar na Câmara Federal foi a Regina Lino. Em 1996, na sucessão do prefeito Jorge Viana, eu concorri contra o candidato dele, que era o jornalista e vereador Marcus Afonso, e ganhei deles. Eu e o Chicão Brígido, que também era deputado federal, de vice. Mas, para ser eleito vice-prefeito, o deputado federal não precisaria se afastar do mandato, mas ele veio para a Prefeitura como secretário municipal e o mandato lá em Brasília foi assumido pela então primeira suplente Adelaide Neri.

Mauri mostra um dos reservatórios de água construido em sua gestão/Foto: ContilNet

E hoje, você se define como? De esquerda ou de direita?

Mauri Sérgio – Eu sempre me considerei de centro, mas à direita do que à esquerda, apesar das minhas origens de filho de seringalista.

Você poderia apontar outras obras construída na sua administração?

Mauri Sérgio – Sim, obras físicas. Por exemplo, os três reservatórios apoiados na cidade de Rio Branco. Esse negócio de os candidatos dizerem que candidatos a prefeitos não trabalham no sistema de abastecimento d’agua é uma mentira porque as obras estão aí para confirmar. E digo mais: se nossa gestão não tivesse trabalhado nisso, a gestão do sistema de abastecimento de água na cidade hoje seria impossível e muito mais deficitária. Os reservatórios que hoje já não lembro o valor, foram investimentos pesados na área, cujos recursos só consegui porque tive a sorte de ser prefeito com dois senadores, Flaviano Melo e Nabor Júnior, me apoiando. Eles tinham acesso ao presidente Fernando Henrique Cardoso e assim conseguimos trazer recursos para investir no saneamento da capital. Tenho consciência de que, sem o nosso trabalho lá atrás, a situação do abastecimento de água em Rio Branco, hoje, seria um caos. Mas fiz também pontes que estão até hoje, mais de 20 anos depois, dando trafegabilidade, como é o caso daquela que dá acesso às Placas, no São Francisco, atrás do Santa Juliana, e a de acesso ao Calafate, logo ali atrás do Cemitério Morada da Paz. Pontes de concreto armado, algumas até proibindo o trânsito de veículos. Eram pontes apenas para pedestres. Fiz também a obra de integração das linhas de ônibus a partir do terminal, com a passagem única. Antes, o passageiro tinha que pagar a cada vez que subisse num ônibus, para onde quer que fosse. Agora, com a nossa intervenção, o usuário, sai do Tucumã, desce no Termnal Urbano, entra em outro ônibus em direção ao Bairro 15 e só pagou uma passagem. Antes. os usuários tinham que pagar duas passagens. Foi uma das coisas mais acertadas da nossa gestão e até hoje, onde vou, nos supermercados, nas filas de banco, as pessoas me agradecem por isso. 

A gestão de Mauri ficou marcada pelo avanço de obras no saneamento básico/Foto: Cedida

Mas, apesar disso, o senhor não foi candidato à reeleição à Prefeitura. Por que?

Mauri Sérgio – Eu era tão comprometido com o Partido que, apesar de saber que havia feito muita coisa na Prefeitura, eu temia não ser reeleito e fui atrás do Flaviano Melo para convencê-lo a ser nosso candidato a prefeito. Com Flaviano Melo candidato a prefeito, nós sabíamos que teríamos uma eleição segura apesar de todo o poderio do PT e do Jorge Viana no Governo. Tanto é que vencemos aquela eleição.

E agora, você saiu da política ou a política saiu de você? Seu último mandato foi o da Prefeitura, finalizado no ano 2000?            

Abertura de ramais na gestão Mauri Sérgio/Foto: Cedida

Mauri Sérgio – Eu e a política saímos um do outro. Eu tentei voltar em duas eleições seguintes, quando me candidatei mas perdi. Hoje, não quero mais e até me desfiliei do MDB.

O ex-prefeito fez questão de citar algumas obras importantes de sua administração, como a construção de 273 casas no bairro Laérlia Alcântara, entre outros. “Qualquer técnico ou engenheiro antigo da Emurb, empresa que asfalta Rio Branco, sabe, que eu fui um dos prefeito que mais colocou asfalta na cidade”, garante.

Principais obras da administração Mauri Sérgio na cidade de Rio Branco:

Criação do Saerb

Ampliação do sistema de abastecimento de água de Rio Branco

Compra da primeira usina de asfalta com capacidade para 80/100 hora

Construção do conjunto habitacional Laélia Alcântara (273 casas doadas à população)

Aquisição do loteamento Ilson Ribeiro (hoje bairro Ilson Ribeiro)

Integração do transporte coletivo (passageiro passou a pagar somente uma passagem nos coletivos, ao invés de duas)

Ampliação e reforma de postos de saúde

Construção de açudes e escolas nos pólos

Aquisição de terras para assentamentos de famílias de agricultores

Abertura de ramais

Construção de pontes na cidade

Construção de pontes na zona rural

Implantação do Instituto Airton Senna em Rio Branco (Acelera Brasil)

Instalação de placas informativas em maioria dos domicílios de Rio Branco

Construção de uma praça em frente na rua Benjamin Constant (em frente ao Colégio Acreano)

Centro Cultural Thaumaturgo Filho (Manoel Julião)

Implantação de terceiro turno de atendimento no centro de saúde Cláudia Vitorino

Aquisição de veículos e máquinas pesadas

Convênio com Deracre no governo Orleir Cameli

Construção da escola modelo Francisca Aragão Silva, no bairro Geraldo Fleming

Construção de açudes em várias comunidades da zona rural

Distribuição de alevinos para produtores

Várias galerias de concreto armado

Três reservatórios de água, cada um com capacidade para um milhão de litros dágua

Muro de contenção nas barrancas do rio Acre para proteger a ETA I

Saneamento básico em dezenas de ruas de Ripo Branco

Asfaltamento de várias ruas da capital

Obras de readequacão do parque Chico Mendes, inclusive Maternidade para os animais

Primeiro curso de capacitação multiprofissional para assistência ao diabético

Construção de varias paradas de ônibus

Entrega de equipamentos na zona rural, incluindo casas de farinha completas

Consulta e doação de óculos nas escolas para crianças que necessitavam

Interbairros (competição de futebol entre os diversos bairros, com premiação).

Melhorias sanitárias em 4 bairros : conquista, Raimundo Melo, Nova Estação e calafate.

Atendimento odontológico nas unidades de saúde e Zona Rural

Criação e apoio em viveiros comunitários

Apoio à casa Rosa Mulher e equipamentos

Doação de maquinas de costuras, e outros artigos de costura em associação de produtores
Obrigado amiga

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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