Cabeça de tartaruga gigante e maior jacaré do mundo: o que a seca na Amazônia já revelou?

Entre os ossos, há até a cabeça de uma tartaruga gigante ainda desconhecida pela comunidade científica

Razão de redução na qualidade de vida ou até mesmo de desespero para quem precisa de água para se alimentar e se locomover, a seca severa nos rios da Amazônia são motivos de alegria para paleontólogos e outros pesquisadores. Graças às secas dos rios, ossos e outros fragmentos de animais pré-históricos, objeto de pesquisas desses profissionais, são expostas em quantidades razoáveis, segundo revelou uma expedição paleontológica às margens do Rio Purus, no sul do Amazonas.

Pesquisadores dedicados à descoberta de fósseis/Foto: Reprodução

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A expedição revelou uma descoberta impressionante: vértebras de um Purussaurus, o maior jacaré que já viveu na Terra há mais de 10 milhões de anos. O achado dos fósseis foi feito por Gerimar do Nascimento, um ribeirinho local, e destaca-se não só pelo valor científico, mas também pelo envolvimento de comunidades tradicionais na preservação da história natural da Amazônia.

Fósseis de animais pré-históricos estão sendo descobertos/Foto: Reprodução

Gerimar, conhecido como Geri, encontrou as vértebras à vista em um barranco, enquanto navegava pelo rio Purus.“Sabia que não era do nosso tempo”, relatou Geri, que guardou o achado próximo à sua casa.

O paleontólogo Carlos D’Apólito, da Universidade Federal do Acre (UFAC), destacou a importância do resgate do fóssil, que será levado ao Laboratório de Pesquisas Paleontológicas da instituição. O achado será batizado com o nome de quem o encontrou.

O reconhecimento do nome de Geri no estudo é um raro exemplo de atribuição de crédito a descobertas feitas por pessoas fora do meio acadêmico, muitas vezes invisibilizadas. Durante a expedição, que ocorreu em meio à maior seca da história recente da Amazônia, outros fósseis foram descobertos, incluindo o crânio de uma tartaruga desconhecida pela ciência e parte do fêmur de uma preguiça gigante.

Parte do que vem sendo encontrado graças à seca dos rios da região é bem conhecida da equipe do Laboratório de Paleontologia da Ufac, que foi montada e dirigida pelo professor-doutor Jonas Filho. Ele resgatou, em 2019, fragmentos da mandíbula de um purussauro, às margens do rio Acre, em Brasileia. O réptil, que media mais de dez metros, viveu no Acre há mais de 8 milhões de anos. O resgate durou três dias.

O material foi encontrado por Robson Cavalcante, então com 11 anos, e pelo pai dele, José Militão, de 58 anos, quando os dois pescavam. A notícia da descoberta chegou ao paleontólogo Jonas Filho, por meio de um vídeo.

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