Acre em foco: feira do Colégio Acreano destaca nomes da cultura e cataloga autores

A feira ExpoCA – Acre em Foco, realizada pelos alunos do Colégio Acreano neste sábado (23), é mais um dos projetos existentes para fomentar a curiosidade e engajamento dos alunos em atividades que expandem os conteúdos abordados em sala de aula.

Feira do Colégio Acreano destaca nomes da cultura e cataloga autores. Foto: ContilNet

O tema central da feira escolar foi recomendado pela secretaria estadual, e casou com ideia da diretoria da instituição, que já pensava em explorar o estado do Acre das mais diversas maneiras possíveis.

Uma das turmas da escola, comandada pelo professor Moacyr Chaves, que já está há 46 anos em sala de aula, falou sobre os escritores do estado do Acre, apresentando muitos deles à nova geração de jovens do estado.

Evento ocorreu neste sábado. Foto: Reprodução

“Ficamos com a parte dos escritores acreanos. Falta uma fonte de pesquisa sobre esse assunto, procuramos a Academia Acreana de Letras e estamos catalogando com todos os escritores que tiveram pelo menos um livro publicado. O catálogo ficará disponível aqui na escola quando estiver pronto”, contou o Chaves, pontuando que atualmente o número de autores registrados por ele e a equipe gira em torno de 100 nomes.

A equipe comandada pelo professor teve cerca de 18 alunos, que realizaram visitas à Academia Acreana de Letras como parte do processo de pesquisa para a produção do material apresentado na feira.

A visita também foi uma maneira de apresentar a academia aos alunos, que não conheciam suas atividades. “Pude falar pra eles também sobre alguns escritores, que foram meus colegas de faculdade, outros foram meus professores, outros colegas de profissão, e os alunos ficaram surpresos com isso”, revela Chaves.

As visitas e pesquisas funcionaram como uma provocação aos alunos, que começaram, mesmo que ainda de maneira tímida, a escrever seus primeiros poemas.

Segundo o professor Moacyr Chaves, número de autores é em torno de 100. Foto: Reprodução

“Acho que o caminho é esse. Quando o Alan Rick lançou seu primeiro livro, eu levei ele na escola onde dava aula, e depois disso vários alunos começaram e escrever, principalmente poesia, então acho que o caminho é esse (de apresentar cultura para incentivar os alunos a produzirem)”, conta o professor.

Chaves conta que os alunos apresentaram um desconhecimento quase completo dos escritores locais, e que o processo de conhecê-los e perceber que é sim possível fazer literatura diretamente do estado do Acre.

Entretanto, o professor revela que o projeto não foi apenas um empurrão para os alunos, já que durante o processo, ele mesmo percebeu que, de fato, conhecia muitos escritores acreanos, mas não suas obras, transformando assim a atividade escolar em uma oportunidade de descobrir um novo mundo dentro da literatura.

O professor ainda pontua que a Academia Juvenil Acreana de Letras (Ajal) é muito importante nesse processo de aproximar os jovens da leitura e da produção dos próprios textos.

“Há dois anos levei uma turma em uma biblioteca, e lá teve uma fala do presidente da Ajal, e o impacto que teve de alguém mais jovem, de uma faixa etária mais próxima da deles foi muito grande. Sempre que levo na livraria Paim, mostramos uns vídeos com pessoas mais jovens falando sobre a importância e impacto da leitura e isso atinge eles de forma diferente. Isso mostra como o papel da Ajal é super importante”, conta o professor.

Além disso, ele revela que, com o passar dos anos, mudou os livros usados nas suas aulas, para histórias na literatura que consigam se conectar com o mundo de hoje, que é muito diferente dos clássicos brasileiros.

“Eu tô fazendo (minhas aulas) por um outro caminho, fazendo algo mais consumível para criar o hábito. Eu trabalhei com uma obra aqui, ‘A Corrente da Vida’, falava de um garoto de 16 anos que teve AIDS e ele estava no ambiente escolar. Então fala sobre o preconceito contra a AIDS, a falta de solidariedade. Foi um livro que me surpreendeu e eles adoraram”, conta ele, dizendo que livros como este são necessários para motivar os alunos a ler de fato.

“Nós estamos diantes de jovens que quando motivados eles rendem, mas nós professores temos que ter cuidado na forma que levamos essa motivação, nem sempre vai ser uma execrável ficha de leitura que vai fazer ele sentir o fluir da leitura, que é através disso, já errei muito com livros que não tinham conexão com os alunos. Leitura pra mim é a salvação da humanidade”, encerra Moacyr Chaves.

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