O professor do curso de educação física da Universidade Federal do Acre (Ufac), de 31 anos, Jhonatan Gomes Gadelha, recebeu em novembro de 2024 a notícia de que havia passado no programa de doutorado em dança da Universidade Federal da Bahia (UFBA). A notícia mais que aguardada significa uma relevante conquista não só para ele, mas também para o meio artístico e acadêmico acreano que terá o primeiro doutorado em dança no estado.
A dança está presente na vida de Jhonatan desde cedo, sua primeira influência foi a igreja onde se apaixonou pela arte participando do Ministério de Dança, porém, aos 14 anos buscou se aperfeiçoar em escolas especializadas de Rio Branco onde se formou em estilos como ballet, jazz, sapateado e dança contemporânea.

“Ao longo dessa trajetória, pude observar a grande transformação que a dança proporcionava na vida de minhas alunas”, ele conta”. Foto: Cedida
Seu sonho era poder cursar uma graduação na área, mas o Acre não dispõe dessa formação acadêmica, dessa forma ele ingressou em educação física, concluindo em 2016. A apesar de não ser exatamente o que queria, a formação foi muito importante para o seu desenvolvimento. “Foi uma escolha que me encantou, cursei tanto o bacharelado quanto a licenciatura em Educação Física. Comecei a trabalhar com dança em academias de Rio Branco e, ao longo dessa trajetória, pude observar a grande transformação que a dança proporcionava na vida de minhas alunas”, ele conta.
Em seguida Gomes fez pós-graduações na área de formação como Gestão e Treinamento Personalizado para Grupos Especiais, Musculação e Ginástica de Academia, mas com a dança sempre em seu horizonte realizando uma pós-graduação em Docência no Ensino de Dança, Arte e Movimento e ainda apresentando seu espetáculo contemporâneo solo intitulado “Sobre Outras Janelas e Portas”.

Gomes acredita que a dança também pode ser uma ferramenta de afirmação da identidade acreana. Foto: Cedida
Para Gomes essa realização significa muito, levando em consideração a falta de incentivo: “Muitos dos artistas e pesquisadores em dança no estado resistem e persistem, a arte ainda é vista por muitos como algo secundário, muitas vezes desvalorizada e considerada supérflua. ”
Ele afirma que sua formação pode ser uma representação do valor que a arte tem para o meio social e da necessidade de investimentos na prática e pesquisa desses conhecimentos. “Ser o primeiro doutor da área aqui no estado, serve para inspirar outros artistas e pesquisadores a acreditarem que é possível viver da dança e fazer dela uma ferramenta de transformação cultural e social”, disse.
O professor irá iniciar seus estudos no programa em março desse ano. Após a conclusão do doutorado, ele pretende retornar ao estado e continuar lecionando na Ufac e incentivando seus alunos a pesquisarem sobre a dança e a enxergarem como uma ferramenta de afirmação identitária acreana. “Acredito que, com mais visibilidade e apoio à arte no Acre, podemos construir um cenário mais rico e diversificado para os artistas locais e fortalecer nossa identidade cultural”, ressaltou.