A visita oficial do presidente do Chile, Gabriel Boric, ao Brasil, nesta semana, teve como uma das prioridades a discussão com o governo brasileiro sobre a Rota Bioceânica de Capricórnio, que conectará o sul do Brasil ao norte chileno por meio de uma estrada de mais de 2.400 km. A iniciativa, que também atravessará o Paraguai e a Argentina, deve reduzir custos logísticos, ampliar o comércio regional e aproximar a América do Sul da Ásia. O projeto deve ser concluído em 2026.
Essas e outras rotas, de interesse da China, envolve muito dinheiro, porque os países do continente asiático, liderados pelo capital chinês, querem ter a ligação dos oceanos Atlântico e Pacífico o quanto antes. Um desses trechos incluiria uma estrada de prolongamento da Br-364, passando pelo Acre, na região do Juruá, sob a Serra do Divisor, até Pucallpa, no Peru e de lá acessos aos portos de Illo, MPtarani e Chankay, todos no Peru, o que encurtaria a distância para a Ásia em pelo menos 25 milha náuticas, poupando tempo e muito dinheiro nos valores agregados ao transporte.

Os mapas estratégicos divulgados pelo Ministério do Planejamento e Orçamento/ Imagem: Reprodução
O problema é que, com a radicalização do movimento ambientalista e indígena, com apoio internacional e de instituições do governo brasileiro, como o MPF (Ministério Público Federal), que não admitem qualquer ação que tirar do Parque da Serra do Divisor a condição de santuário ecológico e intocável, a rota que passaria pelo Acre, está sendo aos poucos sendo deixada de lado.
Os mapas estratégicos divulgados pelo Ministério do Planejamento e Orçamento, exibidos pela ministra Simone Tebet ao presidente chileno e sua comitiva, já não contemplam o Acre em seus roteiros. As novas rotas sugeridas agora são quatro, nenhuma delas passando pelo Acre.
A chamada Rota 1, passando pela ilha das Guianas, tem como objetivo destravar a comercialização de alimentos e bens de consumo final produzidos no Brasil para os países do norte do continente e do Caribe. No sentido da importação, o trajeto servirá para o escoamento da compra de petróleo da Margem Equatorial e de energia elétrica da Venezuela.
A Rota 2, também chamada de Rota Amazônica, visa conectar a região amazônica aos países do oeste do continente com saída ao Oceano Pacífico. A expectativa é que o traçado fortaleça a venda de produtos da Zona Franca de Manaus para essas localidades. O trecho também vai ligar a região Norte ao Porto de Chancay, no Peru. O terminal é o maior investimento chinês na América do Sul e deve intensificar as rotas comerciais do continente com o país asiático pelo Pacífico. O porto foi inaugurado em novembro de 2024.

. O trecho também vai ligar a região Norte ao Porto de Chancay, no Peru/ Imagem: Reprodução
A rota 3, chamada de Quadrante Rondon, assim como a Rota Amazônica, também mira a saída pelo Pacífico através do Porto de Chancay, no Peru. Dessa vez, o escoamento para a costa oeste será da produção agrícola da região Centro-Oeste. Destaque também para a intensificação do comércio com a Bolívia, em especial para compra de fertilizantes.
A rota 4, conhecida como Bioceânica de Capricórnio, também deve beneficiar a exportação da produção agrícola aos países vizinhos, além de máquinas e equipamentos. Assim como a Rota 3, a Bioceânica também mira o fortalecimento da demanda brasileira por fertilizantes. A expectativa é que o corredor reduza em até 10 dias o tempo de transporte de cargas entre regiões do interior do Brasil e países como China, Coreia do Sul e Japão.
Primeiro parlamentar o Acre a discutir a abertura da continuidade da BR-354 entre Mâncio Lima, no Are, e Pucallpa, no estado peruano de Ucaiali, uma área de 250 quilômetros de rodovia dento da Floresta da Serra do Moa, o senador Márcio Bittar (UB-AC) praticamente já entregou os pontos no embate com os movimentos ambientalista e indígena e contra o MPF em relação á estrada.
“Enquanto este governo estiver no poder, enquanto o Ministério do Meio Ambiente estiver sob influencia da Marina, essa obra, assim como a exploração de Petróleo na Foz do Amazonas, não sai”, disse Bittar. “Vamos continuar com o nosso povo pobre, passando por privações, sobre as riquezas naturais. Enquanto outras regiões vão receber suporte para seu desenvolvimento, mais uma vez o Acre passa a ser condenado à segregação. Eu praticamente perdi a esperança e acho que essas obras importantes e necessárias só saem do papel, coma mudança do Governo”, acrescentou.
Márcio Bittar disse estudar com sua assessoria a possibilidade de convidar ou convocar a ministra Simone Tebet a explicar no Senado a mudanças nas rotas e as estratégias que podem deixar o Acre de fora dessa integração. “Algo muito lamentável porque começa a ser desenhado”, acrescentou Bittar.