Na segunda edição da websérie de depoimentos inspiradores da campanha “MP em Ação: Fortalecimento do Ministério Público Brasileiro no Combate ao Feminicídio – Respeito e Inclusão”, Rubby da Silva Rodrigues divide com o público sua trajetória de luta e resistência contra a violência doméstica. Primeira mulher trans no Acre a obter medida protetiva amparada pela Lei Maria da Penha, Rubby inaugura um marco histórico na defesa de direitos e respeito à diversidade de gênero.

Rubby foi a primeira mulher trans a ter medida protetiva pela lei Maria da Penha
Desde a infância, Rubby soube que seu ser não cabia nas expectativas alheias. “Desde quando eu era criança, eu já me reconheceria diferente, eu já me via de forma diferente, mas eu não entendia o que era esse ser diferente, eu não entendia a razão desse ser diferente”, lembra, deixando claro que reconhecer‑se mulher não foi seu maior desafio, mas convencer a sociedade disso, sim.
Quando a violência chegou em sua vida, ela se viu desprotegida: sem armas, sem um guarda, “sem várias coisas”. Ao buscar ajuda na delegacia, Brasil transbordou novos horrores: “Eu estava toda machucada, toda cortada, eu acabei da cena desencorajada, ele quase chegou a tirar a minha vida.”
Foi um longo processo até o Ministério Público e o Centro de Atendimento à Vítima ouvirem seus pedidos. “Até o sistema de justiça dizer assim: ‘Olha, agora não, não é dessa forma que você está passando. Realmente eu não estava errada em buscar meu direito, em ir atrás do que era necessário para que aquela dor fosse aliviada.’”
Para Rubby, a violência deixa marcas que o tempo não apaga por completo. “Hoje já são quase nove anos e isso nunca saiu assim completamente, se eu dissesse, eu estou completamente curada, eu estaria mentindo.” A reação da sociedade, segundo ela, é marcada por hipocrisia: “Ela não reconhece a gente como mulher, mas nos violenta por ser mulher. Nós temos vários problemas sociais, nós temos infinitas violências acontecendo, só que as pessoas insistem em nos ver como órgãos sexuais e não como pessoas.”