Cleusimar Cardoso, mãe de Djidja Cardoso, afirmou em depoimento que a filha morreu em decorrência de uma depressão. A mãe da ex-sinhazinha do Boi Garantido não citou o uso excessivo de cetamina, forte anestésico usado em animais, como a causa do falecimento.
Para quem não lembra, Cleusimar, Djidja e Ademar Cardoso se dopavam com a droga durante os cultos da seita religiosa Pai, Mãe, Vida. A genitora e o irmão estão presos. A modelo perdeu a vida em maio deste ano e, desde então, a família passou a ser investigada.
O juiz Celso de Paula interrogou Cleusimar, por mais de meia hora, segundo o G1, sobre o uso da cetamina, seu conhecimento sobre a droga e se ela injetava a substância em seus filhos:
“A cetamina não foi a solução para Djidja, mas ela lutou contra a depressão usando cetamina. Não que a cetamina tenha causado a morte dela; na verdade, ela tomava altas doses de clonazepam, o que eu considero mais arriscado e perigoso do que a cetamina”, disse.
Quanto a estimular os filhos a se drogarem, Cleusimar negou: “Eles usavam a droga sozinhos. Eu usava em casa e não participava de negociações ou vendas. Apenas usava na minha mesa, para quem quisesse usar. Antes de começar, estudei sobre a cetamina”.
Cleusimar Cardoso Alegou surpresa ao ser presa, uma vez que era apenas usuária de entorpecentes. “Intolerância religiosa é crime. Espero que ninguém me impeça de meditar as cartas de Cristo, que foram escritas por Jesus. Pretendo continuar com meus salões, minhas meditações e seguindo a palavra”, declarou se referindo as teorias usadas no grupo religioso.
A audiência de instrução sobre o caso, que aponta tráfico de drogas e associação para o tráfico, iniciou há alguns dias. A defesa dos réus pediu o relaxamento da prisão, que não foi deferido. Cleusimar e Ademar Cardoso seguem presos.
Inquérito revela que Djidja Cardoso era torturada fisicamente pela mãe
De acordo com o inquérito, que tramitava em segredo de Justiça, a mãe da ex-sinhazinha do Boi Garantido, Cleusimar Cardoso, agredia a filha fisicamente.
No documento que a publicação teve acesso, a empregada que trabalhava na casa da família que criou a seita Pai, Mãe, Vida, que promovia o uso de cetamina, afirmou que a matriarca tinha um comportamento agressivo com a filha. Por muitas vezes, machucava Djidja, como “assanhar” os cabelos dela, beliscá-la, além de torções no braço.
“Djidja estava fraca e mal conseguia se defender e, inclusive, sempre pedia para Cleusimar parar com o comportamento que a machucava”, disse a funcionária que prestava serviços desde 2022.
A colaboradora ainda relatou que o uso da droga sintética se tornou frequente com o passar dos anos. Cleusimar, Djidja e Ademar Cardoso, irmão da dançarina, também passaram a injetar o anabolizante Potenay, que é um preparado químico usado, originalmente, para recuperação física de animais de grande porte.
Segundo ela, Djidja e Ademar costumavam fazer pedidos de analgésicos por telefone, durante a manhã, enquanto tomavam café. Na delação, a empregada garantiu que a família utilizava um código para pedir os entorpecentes, que eram divididos em 20ml para Djidja, 20ml Ademar e 10ml para Cleusimar.
Em julho, a Justiça do Amazonas aceitou a denúncia do Ministério Público contra a mãe de Djidja Cardoso, Cleusimar Cardoso, o irmão dela, Ademar Cardoso, e o ex-namorado dela, Bruno Roberto da Silva, por tráfico de drogas. Os três, além de outras sete pessoas, se tornaram réus pelo crime.