Acre não tem como competir com Estados industrializados, diz líder do governo sobre a ZPE

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Há seis meses como líder do governo na Assembleia Legislativa, o deputado Daniel Zen (PT) avalia que a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Acre, criada em 2012, não funcionam por causa da guerra fiscal. Ele disse que a iniciativa “continua sendo um projeto importante” que ainda depende de “uma questão de tempo”.

“Obvio que enfrentamos dificuldades. Sinceramente, acredito que, enquanto persistir esta guerra fiscal, o Acre seguirá sendo prejudicado. Não tem como competir com Estados industrializados como Minas Gerais, São Paulo e outros”, afirma.

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Zen considera natural o desgaste do governo petista e riu ao ser questionado sobre a possibilidade de outro deputado da base tomar dele o cargo que ocupa atualmente. Defendeu indicações feitas por deputados para ocupantes de cargos no governo, comentou sobre a greve dos professores e sua relação com os deputados do “baixo clero”.

Veja os principais trechos da entrevista que o deputado concedeu à ContilNet:

ContilNet – Ser líder do governo é o que o senhor imaginava?

Daniel Zen – Eu nem imaginava ser líder do governo. Quando abriu as urnas e eu vi o indicativo que o deputado Ney Amorim, que é do mesmo partido que eu, poderia ser presidente da Assembleia Legislativa, não imaginei que o PT pudesse ter a liderança. Historicamente, este cargo foi ocupado por alguém de um partido aliado, como foi o caso do Moisés Diniz (PCdoB), Astério Moreira (PEN).

Como o senhor enxerga esta hegemonia petista de ocupar os principais cargos no Executivo e Legislativo mesmo fazendo parte de uma coligação com mais 16 partidos?

Acho natural no sentido de entender que o PT foi o partido que mais apostou em novos quadros. Nós investimentos na formação de novos líderes – não que eu ache que os demais partidos não fazem, mas com certeza é em proporção menor.

O cargo de líder do governo exige muita exposição e natural desgaste. O senhor teme sair desgastado?

Há mesmo um desgaste natural. O papel da liderança é de fato desgastante, mas não acredito nessa lenda da maldição que pesa sobre o líder, segundo a qual não chega a se reeleger. Não tenho medo disso.

Por falar em desgaste, o senhor é líder de um governo que cujo partido está no poder há 16 anos, há um desgaste natural?

Somos um partido que estamos no governo há muitos anos e com muitas conquistas, mas naturalmente há processo de desgaste. As conquistas são maiores tanto que continuamos com a aprovação popular tanto é que nos reelegemos.

Com relação à política de desenvolvimento industrial do governo do Acre, há conquistas reais?

Há conquistas. A fábrica de camisinha está em pleno funcionamento, a fabrica de tacos mudou o foco de produção, mas continua na ativa.

Há informações de que o governo beneficia em demasia alguns projetos, como é o caso da Acre Aves. Há privilégios?

Há incentivo fiscal dentro do que a lei permite. Há toda uma análise técnica para que haja os benefícios. Há uma política de incentivo fiscal para todos que provarem viabilidade econômica que ajude no desenvolvimento do Estado. A Comissão de Política de Incentivos às Atividades industriais do Acre (COPIAI) faz um estudo rigoroso dos casos.

Onde foram parar projetos como a ZPE?

A Zona de Processamento de Exportação continua sendo um projeto importante. Continua sendo uma grande aposta. É uma questão de tempo. Obvio que enfrentamos dificuldades. Sinceramente, acredito que, enquanto persistir esta guerra fiscal, o Acre seguirá sendo prejudicado. Não tem como competir com Estados industrializados como Minas Gerais, São Paulo e outros.

Qual a saída para levar o Acre ao caminho do desenvolvimento?

O governador Tião Viana (PT) e eu acreditamos muito na parceria público-privada-comunitária. Sei que estamos no caminho certo e iremos ter ainda mais conquistas.

O Acre, como um Estado sem indústria e com um comércio frágil, acaba sofrendo com o inchamento da máquina pública. Como o senhor vê indicações que parlamentares fazem para que algumas pessoas ocupem cargos no governo?

Enxergo como natural até um certo ponto, desde que não ultrapasse os limites legais, e desde que os indicados desempenhem as funções com a dedicação que o cargo requer.

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Este tipo de indicação não abre espaço para uma espécie de nepotismo cruzado?

Não acredito que haja nepotismo cruzado aqui. Se há eu não tenho conhecimento. Eu, particularmente, não tenho nenhum parente nomeado no governo do Estado.

Durante seus primeiros meses na liderança do governo, um dos assuntos mais comentados foi as péssimas condições da BR-364. Afinal de contas, as obras estão sob responsabilidade do governo ou do Dnit?

As obras estão com o DNIT, inclusive o governo irá a Brasília para uma reunião com o diretor para tratar sobre a BR.

O requerimento que pedia a instauração de uma CPI da BR foi abortado pelo fato do deputado Nicolau Júnior ter retirado a assinatura. Houve lobby do governo para que isto acontecesse?

Eu não tenho conhecimento de qualquer coisa neste sentido, inclusive nós dissemos para o deputado Luiz Gonzaga, autor do requerimento, que se houvesse as assinaturas nós da base aprovaríamos da tribuna.

Se o senhor era tão favorável à CPI por que não assinou o requerimento?

Porque a ideia da CPI era deles, da oposição. Seria um contracenso se eu ou qualquer outro deputado da base assinássemos.

Qual a sua avaliação com relação a greve da educação?

É um direito legítimo. O governo está negociando, mas é de conhecimento de todos, que estamos vivendo um momento de crise.

Há rumores de que deputados da base querendo seu cargo. O senhor teme perder a liderança?

(Risos) Não tenho medo disso. Há alguém querendo meu cargo? Sou até a favor do rodízio de dois em dois anos.

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