Alarme: nível do rio Amazonas em aumento e isso pode ser catastrófico

Um estudo recente acaba de divulgar um dado preocupante: os níveis do rio Amazonas estão aumentando.

O estudo, que vem registrando há cerca de 100 anos os níveis do Amazonas, foi publicado na revista Science Advances por pesquisadores de instituições brasileiras e estrangeiras.

A pesquisa mostra que tem havido um aumento significativo nas enchentes nos últimos 30 anos, o que pode influenciar as previsões dos cientistas sobre sobre inundações na bacia Amazônica, a maior bacia hidrográfica do mundo, que contém 20% da água doce do planeta.

Foram analisados 113 registros dos níveis de água. Recentemente, as mudanças no ciclo hidrológico da bacia têm afetado as populações dos países amazônicos.

O pesquisador Jochen Schöngart, que é também integrante do Grupo de Pesquisa do Inpa Ecologia, Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas (MAUA), disse que: “As pessoas perdem moradia, sofrem várias doenças, serviços básicos como água potável ficam restritos e a pecuária e agricultura são bastante reduzidas nas várzeas resultando em enormes prejuízos econômicos e sociais para essa parte da sociedade”, informa o G1.

Outro cientista, Jonathan Barichivich, da Universidade Austral do Chile, contou que as inundações severas na Amazônia têm chamado a atenção da comunidade científica: “(…) o que realmente se destaca no registro ao longo prazo é o aumento da frequência e magnitude das inundações. Cheias extremas na bacia Amazônica têm ocorrido todos os anos, desde 2009 até 2015, com raras exceções” e ainda “há efeitos catastróficos nas vidas das pessoas quando a água potável é inundada e as casas são completamente destruídas”.

A explicação para o fenômeno está na intensificação da circulação de Walker, um tipo de sistema de circulação de ar movido pelo oceano a partir das diferenças térmicas e de pressão atmosférica sobre os oceanos tropicais. Esses sistema determina a temperatura e a chuva não apenas nos trópicos mas para além deles.

O aumento das enchentes, para o professor Manuel Gloor, da Escola de Geografia da Universidade de Leeds, deve-se a mudanças nos oceanos vizinhos – Pacífico e Atlântico e na forma como eles interagem.

Gloor explica que o aquecimento do Atlântico e o resfriamento do Pacífico concomitantemente geram as alterações na circulação de Walker, o que acaba por influenciar a precipitação na Amazônia.

Didaticamente, ele acrescenta que é um efeito quase oposto ao El Niño: “Ao invés de causar seca, leva a uma maior convecção e precipitação intensa nas regiões central e norte da bacia Amazônica”.

Não se sabe ao certo a causa do aquecimento do Atlântico. Além da sua variação natural, o aquecimento global pode estar, também, relacionado ao fenômeno, mas de maneira indireta.

A pesquisa acena para a persistência das enchentes. Embora 2017 não tenha sido incluído no estudo, registrou-se um nível de água acima de 29 metros. Espera-se que o alto nível de água ainda permaneça nos próximos anos, visto que a expectativa é de que o Atlântico Tropical siga aquecendo mais rapidamente do que o Pacífico Tropical.

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