O mais irascível dos deputados estaduais em relação ao Governo na atual crise que envolve o legislativo e o Executivo por causa da derrubada dos vetos dos parlamentares para matérias que não deveriam ter sido aprovadas segundo os interesses do governador, vem a ser exatamente aquele que deveria ser o mais próximo de Gladson Cameli. José Bestene, que está no seu quinto mandato de deputado estadual, foi presidente do PP (Partido Progressistas), pelo qual Gladson Cameli foi eleito deputado federal por dois mandatos, um de senador e de governador, além de suas famílias serem muito próximas, quase parentes.
Para Bestene, a eleição de Gladson Cameli para o governo só foi possível por causa de sua luta pessoal, enfrentando internamente adversários, como era o caso de César Messias, ex-presidente da Assembleia Legislativa e ex-vice-governador do Estado. “Nós tivemos que botá-lo para fora para que este governador pudesse se sentar à cadeira”, disse Bestene ao Contilnet, nesta sexta-feira (20).
Magoado com o tratamento que ele e o parlamento vêm recebendo por parte do governador, já anunciou que está rompido com o governo e afirma que não perdoa a ingratidão.
Estarei no parlamento para defender o meu Estado e a minha população/Foto: Reprodução
A seguir, os principais trechos da entrevista:
Deputado, como está o clima entre os deputados e o Executivo após esse princípio de crise entre o governo e o parlamento?
José Bestene – Olha, o clima, depois do veto mantido às mensagens do governador, é ruim. Isso nos deixou muito chateados porque, evidentemente, jogaram o parlamento e os deputados contra a população. E a população tem que saber quem é o mentiroso nesta história. Os deputados não são, porque nós recebemos ordem do presidente da Casa Nicolau Júnior, do líder do Governo na Casa, deputado Luis Tchê e do primeiro secretário Luiz Gonzaga, que disseram ter conversado com o governador e afirmaram que os deputados poderiam votar (pela derrubada dos vetos). Eu e o deputado Gerlen Diniz ainda ponderamos e liguei por diversas vezes para o governador. O Gehlen ligou também por diversas vezes e não obtivemos retorno do governador.
E aí, o que aconteceu?
Aí nós seguimos a liderança – no caso o voto do deputado Luis Tchê, porque a liderança nos disse que o governador havia liberado e autorizado para que os parlamentares da base pudessem votar contra o veto.
O governador disse que a demissão desses 340 cargos comissionados não é uma retaliação à votação dos vetos. O que o senhor acha disso?
Não é uma retaliação? Eu não ligo para cargo. Eu sou um deputado que, no quinto mandato, me indispus com o Edmundo Pinto, com o Romildo e com o Orleir (ex-governadores). Depois até nós retomamos as relações, mas me indispus. Me indispus porque eu não ligo muito para cargo. Agora, ingratidão dói e machuca. E eu não perdoo. O meu mandato vai até o dia 2 de fevereiro de 2023 e eu estarei sempre em defesa do meu estado e da minha população. Vai ser esta a aminha linha dentro do parlamento.
Tem alguma condição de o senhor romper de vez com o Governo?
Romper? Isso, para mim, é indiferente. Estarei no parlamento para defender o meu Estado e a minha população. Se este for o papel do Governo eu estarei com ele. Mas se for ao contrário, eu não tenho dúvida de que estarei sempre na defesa do meu Estado e daminha população.
O senhor está bem com o governador? Esta boa a sua relação com o governador?
Há 40 dias que eu não tenho contato com o governador e eu estou tão bem no parlamento que a minha linha política é de respeito às pessoas. Agora, não esqueça de uma coisa: eu me sinto um criador desse projeto porque fomos nós que o iniciamos lá atrás, mandando embora um vice-governador e um presidente da Assembleia (César Messias, primo do governador, que é seu adversário) e enfrentando muita gente para que este governador pudesse sentar-se à cadeira. É isso.