Codiv-19: no Acre, povo indígena Yawanawá proíbe acesso de estranhos às aldeias

O povo indígena Yawanawá seguiu o exemplo dos Ashaninka e decidiram proibir o acesso de não índios às suas aldeias, situadas nas margens do Rio Gregório, em Tarauacá, distante mais de 400 quilômetros da capital Rio Branco.

A medida começou na aldeia Nova Esperança, uma das mais importantes da Terra Indígena Yawanawá, com o intuito de proteger seus 370 moradores do coronavírus, que já infectou pelo menos 176 pessoas no Acre, matando oito delas. Nos dias seguintes, as demais aldeias também adotaram a restrição de entrada e saída.

“Sabemos que esse vírus não é uma gripe comum. Somos muito vulneráveis a essa doença. Estamos fechando a aldeia, a porta da nossa casa, até que a ciência encontre a cura. Cancelamos qualquer visita. Também ninguém pode sair. Se sair, não volta. Nem os próprios Yawanawá que vão para a cidade”, disse, em entrevista ao site Amazônia Real, o cacique Biraci Brasil.

Com o fechamento temporário das aldeias para não índios, as festividades culturais que todos os anos atraem turistas do Brasil e do exterior estão canceladas até que a ameaça da covid-19 cesse. Em abril, os indígenas receberiam para um desses eventos quase 80 convidados internacionais.

“Não estou pensando em nada financeiro. Aqui tem bastante alimento; tem muita agricultura, abundância de peixe. Se o mundo se acabar lá fora vou poder viver por muito tempo aqui dentro. Estou muito tranquilo. Não penso no sal, na roupa, na gasolina ou em algum outro mantimento que dependemos de fora. Só não quero que meu povo morra por causa dessa doença; não quero que seja dizimado. Vamos nos fechar na nossa terra, na nossa floresta”, afirmou o cacique.

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