A atriz global Letícia Spiller, amiga do povo Ashaninka do rio Amonea, em cujas terras ela já esteve por algumas vezes, no território do município de Marechal Thaumaturgo, interior do Acre, na fronteira com o Peru, foi às suas redes sociais parabenizar seus amigos pelo monitoramento territorial da área. Os membros do povo Ashaninka pelo respeito que têm á natureza e pelo cuidado com a Terra Indígena em que que há dezenas de anos.
Eles fazem o replantio de árvores, cuidam dos animais ajudando-os na reprodução e lutam contra a presença de invasores, caçadores e madeireiros. Para fazer o monitoramento, eles se utilizam de barcos, como ocorreu no início do ano, em que membros da aldeia visitaram o Igarapé Revoltoso, dentro da Terra Indígena.
O relato de um dos membros da expedição ao Revolto, que chamou a atenção da atriz e aliada das causas daquele povo, foi o seguinte: “Diversas vezes, no ano, percorremos vários caminhos dentro da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, tanto para averiguar possíveis invasões, como para verificar o resultado de nosso manejo de fauna. No início deste ano de 2021, realizamos uma expedição ao Igarapé Revoltoso, que é uma área que deixamos isolada para a recuperação da fauna. Lá, não vamos caçar nem pescar. A expedição foi liderada pelo presidente da Associação Apiwtxa, Wewito Piyãko, que nos contou um pouco a experiência de visitar este lugar cheio de cachoeira e uma navegação difícil”.
O povo Ashaninka também vem chamando a atenção do país pelo cuidado de suas lideranças em relação à pandemia do novo coronavírus. O vírus não chegou à Terra Indígena dos Ashanikas, comemora o líder da comunidade, Francisco Pianko. Ele lamenta que outros povos indígenas não tenham tido a mesma sorte e condena o governo federal pelas mortes entre os índios.
“Qualquer doença que vier para matar os povos indígenas eles vão comemorar. Para eles, seria um ganho muito grande se os povos desaparecessem com esta pandemia”, afirma Francisco Piyãko, ao responsabilizar o governo federal pelas mortes entre os índios de outras aldeias.
Segundo Francisco Piyãko, não fossem as medidas adotadas pelas próprias populações indígenas para enfrentar a pandemia – como o autoisolamento dentro das aldeias e o uso de tratamentos tradicionais a partir de plantas da floresta – o impacto da Covid-19 teria sido bem mais devastador. “Se não tivéssemos força para suportar esta doença, teria sido um genocídio mesmo”, disse.