“Lockdown em Dourados é exemplo para todo MS”, diz pesquisador da Fiocruz

CAMPO GRANDE (MS) – O médico infectologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e professor da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), diz que Lockdown no município de Dourados, desde domingo (30) até dia 12 de junho, é exemplo para todo Estado. O especialista explica porque a ação funciona para frear a disseminação da Covid-19, na cidade a 250 km de Campo Grande, bem como a qualquer lugar que faça o fechamento temporário das atividades.

O infectologista aponta em um só dado preocupante, que 20% das pessoas contaminadas pelo vírus vão precisar de internação. Porque não bata cuidados pessoais e individual, mas sim um amplo tratamento coletivo, pois todos são responsáveis ou irresponsáveis por todos.

“Mesmo que a população adote 100% das medidas preventivas, que são: usar máscara, lavar as mãos, usar o álcool em gel, fazer o isolamento social, o vírus tem transmissão respiratória, então quando se reduz a mobilidade, o resultado é imediato. Quanto maior a adesão da população ao lockdown, menor a chance do vírus ser transmitido. Dourados é exemplo para todo Estado, porque com o lockdown vai diminuir a transmissão da doença”, destaca Croda.

Julio Croda (@juliocroda) | Twitter
Júlio Croda (Reprod Twitter)

O prefeito de Dourados, Alan Guedes, decretou lockdown por 14 dias no município desde domingo (30) , como o ContilNet noticiou, para frear a disseminação da Covid-19. Segundo o último Prosseguir MS (Programa de Saúde e Segurança da Economia de MS), o município foi classificado na bandeira Cinza, considerado o grau extremo de contaminação.

Não há alternativa após demanda explodir

O pesquisador explica que quando se chega a uma elevada transmissão do vírus, não se tem outra solução que não seja o Lockdown. “E quanto mais restritivo -fechado- ele for, mais rápido se consegue sair da situação. Na verdade, o lockdown só é efetivo quando realmente a maioria das atividades é interrompida para que não haja contato entre as pessoas”, destaca Croda.

E para quem ainda dúvida da eficácia da medida, que é considerada a mais severa no enfrentamento da pandemia, o pesquisador responde: “Temos dados científicos que comprovam que a medida funciona sim, se a população unida adotá-la. Por exemplo, a cidade de Araraquara, no interior de São Paulo, conseguiu resultados positivos com o lockdown e também, o próprio MS, quando adotou a medida teve uma grande redução de casos de Covid-19”, disse.

“Além disso, a própria OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda quando a saúde chega a um ponto de colapsar. E não existe nenhum país registrado no mundo que venceu o vírus aumentando leito de hospital”, lembrou Croda.

O pesquisador da Fiocruz, ressalta que 20% das pessoas contaminadas pelo vírus vão precisar de internação. Em Dourados, temos uma média de 200 novos casos da doença por dia e uma média de 50 pessoas na fila de espera por uma vaga de UTI Covid.

“Não temos a imunidade de rebanho e a nova variante P1 de Manaus, que é considerada a mais transmissível, esta circulando no Estado e quanto mais o vírus circular, maior o colapso no sistema de saúde. É constatado que 20% das pessoas contaminadas pelo vírus vão precisar de internação hospitalar e 1% vão morrer. O prefeito Alan é muito corajoso e eu desejo que ele aguente firme nessa decisão, porque ele vai colher os frutos positivos dessa atitude”.

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