Figurinhas digitais de macacos se tornam os Rolexes e Lamborghinis dessa geração e apontam futuro do NFT

Não é fácil conquistar os macacos estampados acima. Banana? Que nada. Na última semana, o cantor canadense Justin Bieber, de 27 anos, desembolsou US$ 1,29 milhão, o equivalente a R$ 6,9 milhões, para se apropriar de um dos bichos. Dias antes, o jogador Neymar havia adquirido a figura de outros dois animais pelo valor equivalente a R$ 6,2 milhões. Lançada há pouco mais de oito meses, a coleção de arte batizada de “Bored Ape Yacht Club” — com dez mil desenhos digitais de macacos “entediados” — já movimenta cerca de US$ 1,2 bilhão e, para especialistas, consolida uma tendência irrefreável no (ainda) excêntrico universo de NFTs.

Para entender esse admirável mundo novo, recomenda-se, antes, que se dê nome aos bois. Sigla para “tokens não fungíveis”, NFTs (non-fungible token) são peças virtuais únicas autenticadas digitalmente. Isso quer dizer que artigos não palpáveis, como obras de arte eletrônicas, vídeos, músicas, GIFs, memes, tuítes e personagens de games podem ser comercializados como propriedades insubstituíveis, algo garantido por meio de um sistema criptografado chamado “blockchain”. No caso dos macaquinhos acima, por mais que eles sejam reproduzidos e “printados” por qualquer pessoa na web, cada um deles têm, legalmente, apenas um dono.

Especialistas afirmam que a nova tecnologia, movida a criptomoedas, é um papel em branco aberto a possibilidades infinitas. Faz sentido. De 2017 pra cá, muita coisa tem sido vendida e revendida neste formato, não apenas arte. Houve quem comprasse bizarrices como o código genético de um cientista americano e uma escultura invisível, idealizada por um artista plástico italiano, representada pela fotografia de um chão vazio. Isso sem falar no projeto que pretendia comercializar — “como forma de não esquecer antepassados”, segundo seus autores — NFTs com fotos de pessoas escravizadas. A ação considerada racista gerou revolta e, na última semana, foi banida.

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