Aquarela do Acre
“A julgar pelo início de campanha e pelo contexto, o eleitor vai votar no deputado estadual de um partido, federal de outro, senador de outro, governador de outro e presidente de outro. Estas eleições estão muito curiosas. Quase uma singularidade”. O raciocínio é do Dr. Gilson Pescador, advogado acreano especialista em direito eleitoral.
Paradoxo
O pensamento do Dr. Gilson faz bastante sentido, mas esse fenômeno do voto ‘multipartidário’ não chega a ser uma novidade no Acre. O voto casado ideologicamente é menos comum que o voto pulverizado. Um exemplo clássico é que mesmo o PT elegendo governador atrás de governador aqui no estado, o voto do acreano para presidente tendia majoritariamente para candidatos alinhados ideologicamente à direita. Um paradoxo.
Conjuntura
O certo é que a conjuntura desse ano deve ajudar a pulverizar o voto. Com tantos candidatos ao Governo e ao Senado, e com muitos deles resolvendo o cargo que iriam disputar de última hora, alguns acordos já estavam costurados entre lideranças e candidatos a deputados estaduais e federais. Ou seja, se lá atrás o acordo fazia sentido, depois dos inúmeros rompimentos, foi todo mundo pra um lado diferente.
PL
Um exemplo dessa tendência do voto pulverizado é o recorte do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro. O PL local montou chapa pra deputado estadual mas não montou para federal, logo, um eleitor que vai dar o voto a um deputado estadual do PL, não conseguirá dar o voto ao mesmo partido na disputa pela Câmara Federal.
Thor
Um dos médicos mais respeitados do Acre, o infectologista Thor Dantas é candidato à Câmara Federal pelo PSB no pleito deste ano. Se engana quem pensa que o médico está na chapa só pra cumprir tabela ou fazer “rabo de voto”. Thor tem potencial pra ser o mais votado da legenda e tem trabalhado pra isso. Se o PSB conseguir eleger um deputado, tem tudo pra ser o Thor.
Ribeiro
Outro candidato que tem tudo pra se eleger é o jovem advogado Eduardo Ribeiro (PSD), só que nesse caso para a Assembleia Legislativa. Eduardo, que é filho do ex-deputado Valmir Ribeiro e da Dra. Dilza Ambros, tem ido pra rua todo dia pedir voto e mostrar suas propostas. Com a campanha que vem fazendo e com o capital político herdado dos pais, deve ser um dos novos deputados da Aleac a partir de 2023.
Na rua
Iniciada oficialmente no último dia 16, ou seja, há três dias, a campanha eleitoral tem levado muito candidato pra rua. A maioria dos postulantes tem apostado na conversa ao pé do ouvido, no abraço e no pedido de voto in loco. Lá na frente isso pode fazer a diferença. O eleitor é supremo em uma eleição, e ele gosta de ser ouvido e de escutar também. É bom que seja atendido.
Bagaceira
Ontem, durante a inauguração do seu comitê em Feijó, o candidato ao Governo, Sérgio Petecão (PSD), comentou sobre o jingle do seu principal adversário, o governador Gladson Cameli (PP): “É melhor estar na bagaceira do que na roubalheira”. É que em um trecho do jingle de Gladson a letra diz “o resto é bagaceira”, o que foi interpretado por Petecão como uma referência aos demais candidatos ao Governo.
Trans
Um levantamento divulgado pelo coletivo Vote Lgbt+ mostrou que dos mais de 28 mil candidatos e candidatas com registro nas eleições deste ano, só 33 se identificaram como transsexuais ou transgêneros. Proporcionalmente isso corresponde a pouco mais de 0,1% do total de candidaturas, um contraste se comparado ao tamanho da comunidade trans no país, que representa cerca de 2% da população brasileira, de acordo com um estudo Unesp.
1º turno
A pesquisa divulgada ontem pelo DataFolha apontou que o ex-presidente Lula (PT) pode ganhar a eleição já no primeiro turno. O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato a reeleição, tem 32% das intenções de voto contra 47% do ex-presidente Lula. Bolsonaro diminuiu a vantagem em relação a Lula para 15 pontos, mas mesmo assim, pode não ser suficiente para levar a disputa para o 2º turno. Isso porque Lula tem 51% dos votos válidos, percentual suficiente pra se eleger em um turno.