O Prêmio Nobel de Física 2023 foi concedido nesta terça-feira (3) a Pierre Agostini, Ferenc Krausz e Anne L’Huillier. Os pesquisadores realizaram experimentos que deram à humanidade novas ferramentas para explorar o mundo dos elétrons dentro dos átomos e moléculas (entenda abaixo).
Pedro Agostini é da Ohio State University, nos Estados Unidos. Ferenc Krausz é da Hungria e atualmente é professor da Ludwig-Maximilians-Universität München, na Alemanha. Anne L’Huillier é francesa e dá aulas na Suécia.
L’Huillier, inclusive, não deixou que os alunos perdessem a aula por causa do prêmio. A nova laureada recebeu a notícia durante o intervalo e, após o telefonema, voltou direto para os alunos.
Dedicated teacher alert!
Not even the 2023 #NobelPrize in Physics could tear Anne L'Huillier from her students.
Our new physics laureate was busy teaching a class. During a scheduled break, she heard the news.
After the phone call, L'Huillier went right back to her students. pic.twitter.com/bAeMzmeTlP
— The Nobel Prize (@NobelPrize) October 3, 2023
Pesquisas
Em suas pesquisas, eles descobriram maneiras de investigar os processos rápidos que antes eram impossíveis de acompanhar.
- ⌚ No mundo dos elétrons, as mudanças ocorrem em alguns décimos, o que é chamado de attosegundo.
- ⚡ Um attosegundo é tão curto que há tantos em um segundo quantos segundos desde o início do universo.
- 👩🔬 Os ganhadores conseguiram produzir pulsos de luz tão curtos, que podem ser medidos em attossegundos.
- 🔬 Assim, esses pulsos de luz puderam fornecer imagens de processos dentro de átomos e moléculas permitindo que a humanidade conhecesse processos que antes seriam impossíveis de acompanhar pela rapidez.
Por enquanto, esta ciência trata da compreensão do universo e não de aplicações práticas, mas a esperança é que eventualmente contribua para ajudar no diagnóstico de doenças.
Além do reconhecimento, eles ganharam 11 milhões de coroas suecas, a serem divididos igualmente entre eles. O valor corresponde a cerca de R$ 5 milhões.
Veja as pesquisas de cada um:
Anne L’Huillier descobriu que muitos tons diferentes de luz surgiam quando ela transmitia luz laser infravermelha através de um gás nobre. Cada harmônico é uma onda de luz com um determinado número de ciclos para cada ciclo da luz laser. Eles são causados pela interação da luz laser com os átomos do gás e dão a alguns elétrons energia extra que é então emitida como luz. Sua pesquisa é considerada o amparo para avanços que vieram depois.
Pierre Agostini conseguiu produzir e investigar uma série de pulsos de luz consecutivos, em que cada pulso durou apenas 250 attossegundos.
Ao mesmo tempo, Ferenc Krausz trabalhava com outro tipo de experimento, que permitia isolar um único pulso de luz com duração de 650 attossegundos.
L’Huillier é a quinta mulher a ganhar um Nobel de Física.
“Este é o de maior prestígio e estou muito feliz por receber este prêmio. É incrível”, disse ela na entrevista coletiva de anúncio do prêmio. “Como vocês sabem, não há tantas mulheres que receberam este prêmio, então é muito especial”.
O anúncio dos laureados com o Nobel segue ao longo da semana. Na segunda-feira, foi divulgado o prêmio Nobel de Medicina, que foi para Katalin Karikó e Drew Weissman por seus estudos que permitiram o desenvolvimento de vacinas eficazes contra a Covid-19. (Veja mais abaixo.)
Ainda vão ser divulgados os nomes para Química, Literatura, Economia e o prêmio Nobel da Paz.
Nobel de Medicina
🧬 Em suas pesquisas, Katalin Karikó e Drew Weissman, laureados com o Nobel de Medicina, eles encontraram uma maneira de modificar o mRNA (entenda abaixo). Essa tecnologia revolucionária foi descoberta há mais de 15 anos e possibilitou a produção, em tempo recorde, de vacinas a partir de material sintético.
🧫 Até recentemente, as vacinas eram feitas a partir de um agente infecioso morto ou atenuado que levava o nosso organismo a reconhecê-lo como um corpo estranho e a desenvolver uma resposta imunológica para prevenir a infecção.
Como a pesquisa de Karikó e Weissman ajudou na pandemia?
O primeiro ponto é entender como o mRNA funciona:
- Todas as células do nosso corpo carregam dentro do núcleo o genoma completo, o DNA.
- Nesse conjunto de cromossomos, estão “gravadas” as informações sobre nós que definem, além de nossas características físicas, a propensão para algumas doenças.
- O DNA não faz nada sozinho. Ele envia comandos às nossas células como que espalhando uma cópia de si. Essa “cópia” genética é o RNA mensageiro, ou mRNA.
- Esse material, então, sai do núcleo e viaja até os ribossomos, no citoplasma da célula. Essa estrutura lê o que está na “cópia” e fabrica uma proteína específica relacionada àquele comando.
👉 Esse processo que acontece no nosso corpo é conhecido desde 1960 e, desde então, pesquisadores tentavam descobrir como impedir que essas cópias enviassem comandos para a produção de proteínas específicas. A pesquisa de Katalin Karikó e Drew Weissman foi um ponto de virada nessa questão.
- Juntos, eles viram que algumas modificações básicas na estrutura do mRNA poderiam deixá-lo menos inflamatório. A descoberta, feita em 1997, foi usada para a criação da vacina contra a Covid-19.