Desde sua introdução revolucionária em 1950, a pílula anticoncepcional oral combinada tornou-se uma opção de contracepção amplamente utilizada por inúmeras mulheres em todo o mundo. Além de fornecer um método eficaz para evitar uma gravidez indesejada, os contraceptivos hormonais oferecem uma variedade de benefícios.
O remédio pode ser usado para o tratamento de condições ginecológicas, como endometriose, adenomiose, síndrome dos ovários policísticos e distúrbios menstruais. No entanto, os recentes estudos levantam preocupações sobre os efeitos neuropsiquiátricos associados aos medicamentos, revelando que podem ser mais comuns do que se imaginava.
Segundo Alexandra Ongaratto, médica ginecologista, especializada em ginecologia endócrina e climatério, e Diretora Técnica do primeiro Centro Clínico Ginecológico do Brasil, o Instituto GRIS, a relação ainda é incerta, mas os estudos mostram incidências.
“A relação exata dos contraceptivos com transtornos de humor ainda é incerta, porém, atualmente alguns estudos têm apontado que a incidência de problemas como depressão e ansiedade é maior em usuárias de métodos contraceptivos hormonais. Tudo indica também que existe uma relação de dose/dependência do efeito.”
Contracepção hormonal e depressão
Uma pesquisa dinamarquesa publicada no JAMA Psychiatry, que incluiu mais de 1 milhão de mulheres, encontrou uma associação significativa entre o uso de contracepção hormonal e o uso de antidepressivos, bem como o primeiro diagnóstico de depressão.
Além disso, observou-se que os adolescentes tinham uma taxa mais alta de primeiro diagnóstico de depressão e uso de antidepressivos em comparação com mulheres de 20 a 30 anos.
Outras análises também identificaram preocupações sobre o uso prolongado de levonorgestrel – hormônio presente em muitos contraceptivos. A exposição prolongada ao hormônio foi associada à ansiedade e problemas de sono, mesmo em mulheres sem históricos relacionados às complicações.
Risco de suicídio triplicado
Outro estudo, publicado no American Journal of Psychiatry, encontrou um risco quase duas vezes maior de tentativa de suicídio e mais de três vezes o risco de suicídio entre mulheres que tomam contraceptivos hormonais em comparação com mulheres que nunca receberam esses medicamentos.
No entanto, Alexandra adverte que ainda há lacunas de conhecimento significativas nessa área, o que dificulta tirar orientações definitivas. Segundo a especialista, as informações mais recentes sobre o uso de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos em mulheres em idade reprodutiva são escassas.
“A anticoncepção é uma grande aliada na vida da mulher. Cabe ao médico responsável pelo tratamento ter sensibilidade de individualizar a escolha do método mais adequado para cada paciente, pois um hormônio ou tratamento que não é bom para um, pode ser ótimo para outro.”
Em meio a essas descobertas, é fundamental que as mulheres tenham conhecimento dos possíveis efeitos neuropsiquiátricos ao considerar o uso de contraceptivos hormonais. Consultar um profissional de saúde e tomar decisões informadas sobre a contracepção é crucial para garantir a saúde e o bem-estar geral das mulheres.
“A pesquisa sobre o tema continua evoluindo, e é essencial que a comunidade médica e científica continue investigando os riscos e benefícios dos anticoncepcionais hormonais, fornecendo informações cada vez mais precisas e desenvolvidas para ajudar as mulheres a tomarem decisões assertivas sobre sua saúde reprodutiva”, finaliza Alexandra.
Instituto GRIS
O Instituto GRIS, tem como compromisso priorizar o bem-estar e a saúde feminina. Sediado em Curitiba, é pioneiro como o primeiro Centro Clínico Ginecológico do Brasil, agregando as mais avançadas tecnologias para o cuidado da saúde íntima feminina. Seu enfoque abrangente e especializado combina inovação e dedicação, ajudando as mulheres a assumirem o protagonismo em suas jornadas de saúde.