Números de guerra: mais de 3 mil acreanos foram assassinadas em uma década, diz levantamento

Quase 10% das mortes foram de mulheres e o Estado ocupa o 8º lugar no país com mortes violentas, acima até do Maranhão, diz pesquisa do Ipea

Em dez anos, o Acre registrou números de mortes violentas parecidos com os de uma guerra formal: 3 mil e 100 homicídios no período de 2011 a 2021. Do total de mortes na década, 284 – quase 10% –  foram de mulheres. Os números são de um estudo elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), publicado nos primeiros dias de dezembro.

Os mesmos números apontam uma redução no número de mortes de 32% no período entre 2020 e 2021, mas já acumula crescimento de 25% entre 2011 e 2021, segundo aponta o Atlas da Violência. O levantamento não especifica mortes classificadas como feminicídio, mas, homicídios contra mulheres em geral.

Os números são de um estudo elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)/Foto: iStock

Homicídios de mulheres no Acre

Em 2011, foram 18 homicídios contra mulheres, número que subiu para 28 em 2021. O ano com maior índice de mulheres assassinadas foi 2018, com 35 casos. Os outros 91% de homicídios no período, de homens, somaram 2.884 casos. O ano com maior índice de homicídios contra homens foi 2017, com 481 mortes.

Na última década, o Acre teve 3.177 homicídios, saindo de 164 em 2011, para 205 em 2021. O maior índice da série foi registrado no ano de 2017, quando 516 pessoas foram mortas de forma violenta. Após esse pico, os números registram seguidas quedas.

Neste mesmo recorte de tempo, o Acre registrou 2.633 homicídios de pessoas negras, sendo que a maioria, 2.406 casos, foram de homens, e outros 227 de mulheres.

O Acre registrou aumento no número de mortes violentas intencionais entre 2021 e 2022, saindo de 194 para 237 casos, o que representou um crescimento de 22% no período. Com isso, a taxa de mortes a cada 100 mil habitantes chegou a 28,6 no ano passado, acima da média nacional, que foi de 23,3 mortes.

Os dados constam no relatório Cartografias da Violência na Amazônia, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e Instituto Mãe Crioula no dia 30 de novembro. O estudo é baseado em dados de secretarias estaduais de Segurança Pública de nove estados da Amazônia Legal.

O Acre ocupa o oitavo lugar no índice de mortes violentas intencionais a cada 100 mil habitantes, acima apenas do Maranhão, que teve índice de 28,5 mortes. O estado com a maior taxa é o Amapá, com 50,6.

O relatório também traz dados preocupantes no recorte de mortes violentas por gênero. Entre 2021 e 2022, o Acre teve uma pequena redução nos casos de feminicídio, saindo de 12 para 11 casos. Porém, considerando a taxa proporcional, o estado ficou na segunda colocação, com 2,7 mortes a cada 100 mil habitantes, atrás apenas de Rondônia, com 3. O índice também é maior do que a média da Amazônia Legal, que ficou em 1,8 mortes.

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