Bittar diz buscará reeleição em 2026 e já sabe quem vai apoiar para suceder Gladson no Governo

Em uma entrevista exclusiva concedida ao ContilNet, Bittar expressou suas análises sobre o atual cenário político

O cenário político brasileiro passou por transformações significativas em 2023, e o senador Marcio Bittar, representante do Acre pelo União Brasil, se viu diante do desafio de se reinventar após o término do governo Bolsonaro e manter seu protagonismo mesmo em meio a uma nova conjuntura.

Ao longo deste ano, Bittar, que era considerado um aliado de primeira hora do ex-presidente Bolsonaro, transformou-se em uma figura de destaque também na oposição, principalmente na CPI das ONGs, na qual foi relator. Sua atuação e a mudança de presidente trouxeram questionamentos sobre como ele lidaria com o novo governo liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em uma entrevista exclusiva concedida ao ContilNet, Bittar expressou suas análises sobre o atual cenário político. Sobre o governo de Lula, ele destacou discordâncias ideológicas, enfatizando a divergência na abordagem econômica e a retomada do papel do Estado com as estatais.

Senador Marcio Bittar/Foto: Arquivo

Bittar ressaltou uma possível insegurança econômica gerada por decisões como a questão do marco temporal, argumentando que tais medidas impactam negativamente os investimentos no país.

“A esquerda tem um programa que é oposto ao que a gente empreendeu no governo do Bolsonaro, de austeridade fiscal, de diminuição do Estado brasileiro, da máquina pública, de transferir para o setor particular, para o mercado, aquilo que pode. O governo da esquerda está voltando a dar importância para as estatais, é uma linha ideológica. Essa questão do marco temporal é uma das demonstrações de como eles criam instabilidade. Se você acaba com o marco temporal, se não tem um limite, você pode criar mais 10%, 15% de terras indígenas no Brasil. Você vai avançar em cima do quê? Você não vai criar reserva em cima de reserva. Então, só pode ser em cima de áreas, ou pelo menos a maior parte, que estão hoje na agricultura, na pecuária. Então quem está no agronegócio passa a ter a insegurança”, argumenta Bittar.

Suas críticas se estenderam também ao temperamento do presidente Lula, caracterizando-o como alguém que governa com ranço e ressentimento.

“O Lula está pela terceira vez governando o Brasil. Então, quem está governando pela terceira vez, espera-se grandeza, mas ao contrário, ele mostra um ressentimento. Ele governa com ranço. A indicação [ao STF] do Dino, por exemplo, foi uma aposta na guerra, de aumentar a fogueira. Ele [Lula], de forma até meio psicopata, faz questão de pisar em cima de quem perdeu. Ele diz que pela primeira vez na história do Brasil, como se fosse um grande feito, ele conseguiu colocar um comunista no Supremo Tribunal Federal. Recentemente ele falou do indulto de Natal e faz questão de dizer que ele não vai dar indulto para ninguém do dia 8 de janeiro. É um traço de psicopatia, de quem governa com raiva, com rancor, com revanche. Ele precisa do Congresso, depois critica o Congresso. Então é um temperamento lamentável”, reclama.

Quanto à sua atuação após a saída de Bolsonaro da presidência, Bittar reconheceu a derrota, mas afirmou ter se adaptado à nova realidade.

“Eu senti muito a derrota do Bolsonaro, eu senti mais a derrota dele do que todas as minhas derrotas, acho que o Brasil perdeu uma oportunidade muito grande, a Amazônia nem se fala. Mas eu me calei, me recolhi, o mandato continuava (…) Claro que eu sei muito bem que a primeira análise, no mundo da política, é de que eu havia morrido outra vez, não é a primeira vez que isso acontece. Não tenho nenhum ressentimento com isso, mas claro que na política a ansiedade é muito grande, então a gente acaba se precipitando. Mas o tempo acaba encarregado de confirmar ou não essas avaliações. Eu acho que no meu caso o tempo acabou demonstrando que eu soube me recolocar na outra metade do mandato numa nova situação. Eu passei quatro anos sendo governo e isso mudou, mas eu tive a responsabilidade com o Acre de me adaptar a isso. E no Senado você vale quanto pesa. Nós temos o mesmo peso, nós temos o mesmo poder original. Cada estado manda três para Brasília”.

Senador Marcio Bittar em entrevista ao ContilNet/Foto: Gustavo Monteiro/ContilNet

Para Bittar, manter o foco em questões relevantes para o Acre, como a destinação de recursos e a execução de obras nos 22 municípios do estado é primordial para o sucesso do seu mandato. Ele ressaltou também o papel desempenhado como relator do orçamento, garantindo investimentos para a região.

“Eu, por exemplo, não fico me envolvendo com um monte de assuntos, eu priorizo temas. O trabalho para o Estado, de arrumar recursos, de liberar emenda, é um dos assuntos que eu mais me concentro. Tenho hoje, nos 22 municípios do estado, obras sendo lançadas, obras sendo executadas, fruto do trabalho que a gente fez no Congresso Nacional. Tenho que agradecer e reconhecer as prefeituras e o governo do estado, sem eles eu não tinha como executar essas obras, não estariam executando. E vou continuar, independente qualquer relação com o prefeito, com o governador, meu dever continua, as três cadeiras pertencem ao Acre, os personagens mudam, mas as cadeiras continuam sendo do Acre”.

Senador Marcio Bittar relembrou a CPI das ONGs/Foto: Reprodução

A CPI das ONGs foi um dos pontos altos do ano para Bittar, que acredita que a comissão evidenciou os reais interesses por trás das organizações que atuam na Amazônia. Segundo ele, a CPI mostrou que muitas ONGs agem em favor de grandes oligopólios econômicos do mundo, em uma guerra econômica que visa manter o controle sobre a região.

“A CPI é muito importante para nós, ela mostra quem são os nossos verdadeiros inimigos, os inimigos do progresso do Acre. A CPI ajudou a mostrar para o Acre, mas principalmente para o resto do Brasil, que as ONGs que atuam na Amazônia, que dizem que estão preocupados com o meio ambiente, e isso é mentira. Elas recebem fortunas de países estrangeiros que têm interesses econômicos. Um exemplo de tantos que eu podia dar, é o Canadá que financia ONG do Brasil, para que elas atrapalhem de nós explorarmos o potássio que tem na Amazônia. A preocupação do Canadá não é com o meio ambiente, nem conosco. A preocupação é porque eles vendem potássio para o Brasil, e se o Brasil ficar o autossuficiente, não precisa mais. Eu acho que a CPI prestou o grande serviço de mostrar para uma parcela grande da população brasileira o que de fato está por trás do interesse dessas ONGs. Não é questão ambiental, é uma guerra econômica dos grandes oligopólios econômicos do mundo, que tem interesse econômico na Amazônia”.

Marcio Bittar é o relator da CPI das ONGs no Senado/Foto: Reprodução

Quando questionado sobre suas perspectivas para o próximo ano, Bittar destacou sua agenda de direita, conservadora e cristã, enfatizando seu compromisso com os valores que o aproximaram do ex-presidente Bolsonaro. Ele assegurou que, independentemente das discordâncias, o povo acreano pode esperar dele uma postura firme e comprometida com os interesses do estado.

“Eu acho que o mandato que eu exerço está à altura do que merece o povo acreano. Eu não fico aqui em cima do muro. A minha agenda é da direita, eu sou conservador, cristão, e liberal na economia. O que me aproximou do Bolsonaro foi a agenda que ele representa. Hoje criamos uma relação pessoal, mas o que nos uniu foi o pensamento comum em cima de uma agenda para a economia, para a segurança, para a Amazônia, para a educação, enfim, e para os valores cristãos. E eu acho que o povo acreano, mesmo a parcela que não concorda comigo, sabe que eu tenho lado. Eu brinco com alguns amigos dizendo que eles tem todo o direito de não gostar de uma posição minha, de uma opinião minha, mas não se sentirá traído, porque ele sabe onde eu estou. O acreano pode esperar de mim é que eu vou continuar do mesmo jeito, nada pode fazer um senador da República deixar de lutar pelo seu estado, ele sendo amigo do governador ou não, se tiver apoio de prefeito ou não. O compromisso do senador é trazer para o Acre o que lhe faz falta”.

O senador relembrou também da sua relatoria do orçamento da União, que rende frutos para o Acre até hoje.

“Eu tive uma oportunidade e fiz tudo para que acontecesse, de ser o relator. E isso garantiu um investimento para o Acre, que nunca teve, porque nós nunca tínhamos tido um relator do orçamento. Eu relatei um orçamento que foi o mais difícil, o mais complicado de toda a vida da República Brasileira, porque o orçamento é anual, o orçamento que eu relatei durou mais de dois anos e teve muitos altos e baixos, mas eu me concentrei o tempo inteiro para não perder a oportunidade de ajudar a trazer um recurso maior para o Acre, e eu consegui. Hoje tem obra sendo lançada e ainda tem outras tantas para serem lançadas, tudo fruto do trabalho lá de trás, quando eu fui relator. O estado inteiro, os 22 municípios, estão colhendo frutos agora. Eu acho que é um mandato positivo”.

Senador Marcio Bittar foi relator do orçamento da União/Foto: ContilNet

O senador contou ainda que vem se movimentando com vistas a 2026, quando deve tentar a reeleição e já tem um candidato ao governo do Estado, para suceder Gladson Cameli (PP).

“Eu acho que esse ano, posterior à eleição, mostra que o jogo está aberto. Eu devo, se tiver saúde, vida, devo disputar a reeleição, já que o senador Alan Rick (União) se saiu muito bem na eleição passada. Ele lidera um processo que tem três grandes partidos, o PL, União Brasil e o Republicanos. Os três juntos são uma grande aliança. E nós vamos trabalhar, eu já estou fazendo isso, para viabilizar uma candidatura ao governo do Estado como alternativa ao término do governo do Gladson. Então nós temos um rumo. E aí o jogo está aberto. Tudo pode acontecer daqui para 2026”, concluiu.

Bittar mostra que, mesmo diante das adversidades, continua com apurada percepção política e conseguiu se reinventar e manter seu protagonismo no cenário nacional, especialmente ao liderar debates polêmicos no Senado e na sociedade, como a CPI das ONGs.

PUBLICIDADE
logo-contil-1.png

Anuncie (Publicidade)

© 2023 ContilNet Notícias – Todos os direitos reservados. Desenvolvido e hospedado por TupaHost