Pomada para cicatrizar feridas em cães e gatos é criada com produtos naturais na Ufac

O produto faz parte da pesquisa de doutorado de Adna Maia e pode representar uma melhora na qualidade de vida de comunidades tradicionais do estado

O desenvolvimento de produtos naturais e da bioeconomia de maneira geral é uma das diversas formas de se utilizar as potencialidades, com isso em mente, através da utilização de materiais amazônicos, pesquisadores da Universidade Federal do Acre criaram uma pomada cicatrizante para cães e gatos.

Batizada de CicaPet, o novo medicamento não se utiliza de substâncias oriundas do petróleo, já está na fase de testes e vem mostrando bons resultados quanto a sua eficiência nos animais.

A Rede Amazônica fez uma visita ao laboratório Bionorte, onde as pesquisas têm sido desenvolvidas, e conversou com Adna Maia, doutoranda que está desenvolvendo a pesquisa como parte do seu processo de graduação, além de outros participantes do projeto.

Maia evidencia, durante a entrevista, que o estudo desenvolvido é uma maneira de aproximar a ciência acadêmica com os conhecimentos de muitos anos das comunidades amazônicas “Já fizemos esse teste em vitro, testamos em laboratório para ver a ação bactericida, ação anti-inflamatória, testes em camundongos, e assim a gente tem seguido e tem observado de fato o processo de cicatrização acontecendo, com 60% mais ativo que as pomadas convencionais vinculadas no comércio, no mercado”.

Ela ainda destaca que a pomada é realizada com produtos 100% naturais, o que pode reverter em uma oportunidade de renda para comunidades locais, que eventualmente serão empregadas na cadeia de produção do medicamento.

A base da pomada é feita a partir do bambu, que é muito abundante na região amazônica, entretanto os principais princípios ativos da pomada não podem ser revelados, já que o processo de patenteamento ainda está acontecendo.

O professor do Instituto Federal do Acre (Ifac), Marcelo Ramon Nunes, explicou um pouco sobre o processo que foi desenvolver a nova pomada. 

“A gente conseguiu desenvolver no nosso laboratório a Carboximetilcelulose, que é a base dessa pomada, que substitui bases de pomadas convencionais à base de petróleo, que geralmente apresentam alto teor de toxicidade, e pode ser até cancerígeno”.

Vale destacar que a Carboximetilcelulose também é um produto de origem acreana, e foi desenvolvido pelo próprio Nunes, durante o seu estágio de doutorado.

O coordenador do laboratório Bionorte/Acre, onde as pesquisas têm sido realizadas, Luis Maggi, afirma que o principal avanço em produtos como este é aumentar o valor destes produtos naturais, já que muitas vezes são levados do estado ainda in natura e retornam, já processados, com valores muito mais altos.

Além disso, pesquisas como esta representam uma possibilidade de melhora nas condições de vida das comunidades indígenas e tradicionais que vivem no local, que ganham mais uma maneira de monetizar os produtos locais.

“Nós sabemos que várias instituições internacionais vêm para o Brasil pegar nossos produtos e comercializar lá fora e deixando as comunidades sem seus grandes lucros, sem saber o seu valor agregado. Então, a ideia da Bionorte é valorizar os produtos que são da Amazônia para dar maiores condições de vida às comunidades da Amazônia”, encerra Maggi.

O produto poderá estar disponível no mercado em cerca de dois anos.

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