Conheça James de Oliveira, flanelinha que ganha a vida há 30 anos no centro de Rio Branco

No Acre, as pessoas que trabalham na informalidade são 44,7% dos que têm algum tipo de ocupação, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Aos 48 anos de idade, José James de Oliveira nunca teve carteira assinada. Mas não reclama por isso. Às 4 horas da manhã está de pé. Toma o banho, faz o café e dispara na sua magrela de aço, desde a Rua 15, na Baixada da Sobral em direção ao centro. Desde os 18 anos, Zé James é flanelinha entre a praça do Fórum Barão do Rio Branco e a Catedral Nossa Senhora de Nazaré.

James tem 48 anos e trabalha há pelo menos 30 no centro de Rio Branco/Foto: Juan Diaz/ContilNet

No Dia do Trabalhador, celebrado nesta quarta-feira (1º), ele disse que ia parar, não por vontade própria, mas porque seus clientes não iriam trabalhar para deixar os carros aos seus cuidados. “Gosto muito do que eu faço. Trabalhar faz bem. É como aquela canção do Fagner que diz que ‘sem o seu trabalho, o homem não tem honra’. Eu, graças a Deus, sou honrado”, filosofa, enquanto limpa o aro de um pneu.

Água tirada da fonte do Palácio Rio Branco, um balde, um pouco de sabão e pedaços de esponja são os objetos de trabalho de James/Foto: Juan Diaz/ContilNet

A água usada na limpeza, ele retira da fonte atrás do Palácio Rio Branco. “O governador Gladson é legal que só. Ele autorizou a gente a pegar água lá. Em troca, a gente vigia os muros do palácio contra os pichadores”.

Zé James é querido por muitas pessoas que ali deixam seus veículos. A maioria, funcionários da Assembleia Legislativa do Estado do Acre. Cada higienização custa R$ 20. Na sua área, ele lava 15 carros em média por dia, o que dá uns R$ 300 diários.

O acreano cuida dos veículos deixados nas ruas do centro de Rio Branco/Foto: Juan Diaz/ContilNet

Por ganhar a confiança dos proprietários dos automóveis, a demanda aumentou. Então, trouxe as irmãs também para trabalhar num setor próximo dali.

“São a Iris Célia e a Iris Léia”, pronuncia os nomes com orgulho. “Só não vejo elas agora. Mas estão pra ali, lavando carros também”. Zé James teve 5 filhos e 10 netos.

“Trabalhar faz bem. É como aquela canção do Fagner que diz que sem o seu trabalho, o homem não tem honra”/Foto: Juan Diaz/ContilNet

Dos 30 anos que trabalha no centro, diz ter presenciado a cena mais triste de sua vida, há dois dias, quando três moradores de rua mataram a pauladas uma capivara próximo à catedral. “Sabe, aqui é um caso sério essas pessoas. Tudim viciado em crack. Eles queriam vender a carne do animalzinho. Vê se pode um negócio desses”.

James tem uma “magrela de aço”. É assim que ela chama a bicicleta que usa para ir de casa ao centro da cidade/Foto: Juan Diaz/ContilNet

José James de Oliveira faz parte de um grupo de 39 milhões de trabalhadores informais no Brasil, no 3º trimestre de 2023. O número equivale a 39,1% da população ocupada do país. No Acre, os trabalhadores informais são 44,7%. O estado está na 13ª posição entre os demais. O Maranhão é o que tem o índice mais alto de informalidade (57,3%), seguido do Pará (57,1%), do Amazonas (55%) e Piauí (55%). Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

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