Aves endêmicas: Acre tem mais de 30 espécies exclusivas para observação; conheça todas

Em entrevista exclusiva ao ContilNet, o professor explicou que as aves endêmicas são encontradas apenas em uma região mais delimitada

Morada de uma grande biodiversidade, o Acre abriga milhares de espécies diferentes de animais e plantas. Dentre esses animais, as aves ganham notoriedade pela beleza, pelo canto e até mesmo pela raridade.

Em meio a 720 espécies já encontradas no Acre, representando mais de 50% do total encontrado na Amazônia brasileira, e 35 delas são endêmicas, que são aves nativas, restritas à região do sudoeste da Amazônia, que engloba todo território acreano.

Segundo o doutor em ornitologia e professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Edson Guilherme, na Amazônia há divesas regiões que funcionam como centros de endemismos e a maioria é delimitada por grandes rios. O Acre está localizado dentro do centro de endemismo Inambari, que é delimitado pelos rios Guaporé/Madeira.

Capitão-de-colar-amarelo é um exemplo de ave endêmica do estado do Acre/Foto: Ricardo Plácido/Sema

Em entrevista exclusiva ao ContilNet, o professor explicou que as aves endêmicas são encontradas apenas em uma região mais delimitada, mas que há espécies que, basicamente, só são encontradas no Acre.

“As espécies encontradas no Acre, que são endêmicas, também são, em maioria, vistas no sul do Amazonas, no Peru e na Bolívia. Se você recortar esse pedaço, levando em consideração o planeta inteiro, é uma área muito restrita”, disse.

Edson Guilherme é doutor em ornitologia e professor da Ufac/Foto: Cedida

Risco de extinção

Animais ameaçados de extinção são aqueles que correm risco de desaparecer de maneira definitiva do nosso planeta, ou seja, de tornarem-se extintos. Questionado se essas aves endêmicas correm risco de extinção, o doutor em ornitologia afirmou que há uma possibilidade.

“Essas aves vivem em uma área muito restrita, em um pedacinho da América do Sul. Se você desmatar todo o estado do Acre, a região da Bolívia, Peru e sul do estado do Amazonas, você vai extinguir essas espécies, porque elas só existem naquele local. Se você não preservar aquela área com floresta, as aves vão desaparecer”, explicou.

Consideradas de pequeno porte, as aves endêmicas do Acre vivem no interior da floresta e pesam entre 150 a 200 gramas. Além do desmatamento da floresta onde elas vivem, outra causa que pode levar à extinção é a caça.

Maracanã-de-cabeça-azul (Primolius couloni)/Foto: Wiki Aves

O professor explicou ainda que há locais mais específicos onde é possível avistar essas aves.

“Se você for de Rio Branco a Acrelândia, você verá que quase não tem mais árvores, são mais áreas de plantação, você dificilmente verá uma dessas aves. O contrário acontece quando você vai de Sena Madureira a Cruzeiro do Sul, que existem mais áreas preservadas, tem a floresta que não foi totalmente substituída, principalmente os parques da Serra do Divisor, Chandless e Antimary”, explicou.

Além de parques e unidades de conservação no Juruá, há um ramal no km 50 da Transacreana, chamado Ramal do Noca, onde diversos observadores de aves têm buscado olhar as espécies endêmicas que existem na região.

Maria-sebinha-do-acre (Hemitriccus cohnhafti)/Foto: Wiki Aves

Observação de aves e o turismo no Acre

O Acre está ganhando destaque nacional ao se posicionar como um destino turístico para a observação de aves, chamado de birdwatching.

Segundo o professor Edson Guilherme, a atividade está em franca ascensão no Brasil, assim como no Acre.

Prática de observação de aves em Rio Branco, capital acreana/Foto Alice Leão/Sete

“Tem uma espécie em específico que só existe uma foto dela, de qualidade ruim, feita em território peruano. Caso algum observador de aves faça uma foto dela, centenas de outros observadores do Brasil e do mundo inteiro viriam ao Acre só por causa dessa espécie. Então é uma área do turismo que cresce bastante e tem crescido no Brasil. Se essas pessoas vêm ao Acre, elas gastam com hospedagem, artesanato, comida e muito mais, o que fomenta a economia local”, finalizou.

As aves foram catalogadas pelo professor no livro “Aves do Acre”, publicado em 2016. Veja a lista de espécies:

  • inhambu-de-coroa-preta (Crypturellus atrocapillus);
  • inhambu-anhangaí (Crypturellus bartletti);
  • jacamim-de-costas-brancas (Psophia leucoptera);
  • beija-flor-de-peito-azul (Amazilia lactea bartletti);
  • agulha-de-garganta-branca (Brachygalba albogularis);
  • barbudo-de-coleira (Malacoptila semicincta);
  • freirinha-amarelada (Nonnula sclater);
  • capitão-de-colar-amarelo (Eubucco tucinkae);
  • pica-pau-anão-de-barras-sutis (Picumnus subtilis);
  • pica-pau-lindo (Celeus spectabilis);
  • maracanã-de-cabeça-azul (Primolius couloni);
  • tiriba-rupestre (Pyrrhura rupicola);
  • periquito-da-amazônia (Nannopsittaca dachilleae);
  • choquinha-do-bambu (Myrmotherula oreni);
  • choquinha-do-purus (Myrmotherula heteroptera);
  • uirapuru-azul (Thamnomanes schistogynus);
  • choca-do-acre (Thamnophilus divisorius);
  • formigueiro-do-bambu (Myrmoborus lophotes);
  • formigueiro-de-goeldi (Akletus goeldii);
  • cantador-galego (Hypocnemis subflava);
  • mãe-de-taoca-de-cauda-barrada (Gymnopithys salvini);
  • tovacuçu-xodó (Grallaria eludens);
  • pinto-do-mato-de-fronte-ruiva (Formicarius rufifrons);
  • arapaçu-bico-de-cunha (Glyphorynchus spirurus
  • albigularis);
  • arapaçu-de-tschudi (Xiphorhynchus chunchotambo);
  • barranqueiro-ferrugem-do-acre (Clibanornis watkinsi);
  • fruxu-de-barriga-amarela (Neopelma sulphureiventer);
  • dançador-de-cauda-graduada (Ceratopipra chloromeros);
  • anambé-de-cara-preta (Conioptilon mcilhennyi);
  • flautim-rufo (Cnipodectes superrufus);
  • abre-asa-do-acre (Mionectes amazonus);
  • ferreirinho-de-cara-branca (Poecilotriccus albifacies);
  • maria-sebinha-do-acre (Hemitriccus cohnhafti);
  • maria-sebinha (Hemitriccus aff. minor);
  • maria-topetuda (Lophotriccus eulophotes).
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