O Brasil enfrenta a maior seca dos últimos 44 anos. Segundo o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), essa seca supera a estiagem de 2015 e as previsões para outubro são ainda mais preocupantes. Essa situação é resultado dos crise climática agravada pela devastação e queima da floresta amazônica e do cerrado e também pela prática de incendiar os pastos e lixo nas cidades.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Cerrado perdeu 3.724 km² hectares de vegetação nativa, nos primeiros 6 meses de 2024. Na Amazônia a perda foi de 1.639 km². Até o final de agosto foram registrados mais de 154 mil focos de calor, com mais de 80% desses focos concentrados na Amazônia e no Cerrado.
No Acre, três meses após a segunda maior cheia do Rio Acre ter destruído várias plantações na zona rural de Rio Branco (AC), os produtores e a população agora enfrentam o oposto: a falta de chuva. Toda a Bacia do Rio Acre está em situação de alerta máximo para seca, e o nível do manancial em Rio Branco está abaixo de 4 metros há mais de três meses. Como resultado, mais de 387 mil pessoas nas zonas urbana e rural de Rio Branco sofrem com a estiagem severa.
A combinação de queimadas e seca severa tem impactado a qualidade do ar, a saúde da população, o meio ambiente e até a economia.
Diante da gravidade dessa situação, a Iniciativa Inter-religiosa pelas Florestas Tropicais (IRI Brasil) está iniciando uma nova fase da campanha “Pelo direito de respirar ar puro e acesso à água potável”, que busca conscientizar a população e as autoridades públicas sobre os problemas de saúde relacionados a esses eventos climáticos.
A primeira etapa da campanha foi a entrega de um guia informativo com dados sobre desmatamento, queimadas e os riscos à saúde devido à fumaça, além de estratégias para enfrentar a seca. O guia, composto por seis capítulos, aborda temas como: “O que está acontecendo com nosso planeta e como isso nos afeta?”, “Como está a situação ambiental no Estado do Acre?”, “Impacto das queimadas e da seca na saúde”, “Como você deve se proteger?”, “O que fazer em caso de falta d’água?”, e “O que os governos devem fazer para proteger a todos?”.
Agora, a campanha busca alcançar a população em geral por meio da veiculação de mensagens nas rádios e organizações parceiras. Serão transmitidos 8 spots de 45 segundos cada, abordando os temas da campanha.
A campanha também busca mobilizar a solidariedade da população da Amazônia, do restante do país e a comunidade internacional para doarem filtros de nanotecnologia para as famílias mais afetadas pela falta de acesso à água potável, reduzindo assim a incidência de enfermidades evitáveis e protegendo a vida dos recém nascidos, crianças, pessoas com comorbidades e os idosos, especialmente.
Para participar da campanha basta acessar o site da IRI Brasil: iribrasil.org/campanhas e ter acesso aos Guias de Orientação sobre como agir diante da seca e das queimadas, cards, vídeos informativos e informações sobre os filtros de nanotecnologia, que precisam ser compartilhados com toda a população.
“A seca e os desmatamentos, incêndios florestais e queimadas são problemas extremamente graves que impactam a vida de milhões de pessoas na Amazônia e no restante do país. Acreditamos que as lideranças e comunidades religiosas podem mudar essa situação, criando um ambiente de diálogo e cooperação entre a população, empresários, parlamentares e governantes para que sejam tomadas as medidas necessárias para restaurar e preservar as florestas, os rios e as nascentes e para proteger a saúde da população contra a poluição provocada pela fumaça e pela dificuldade de acesso a água potável”, afirma Carlos Vicente, Coordenador Nacional da IRI Brasil.
SOBRE A IRI BRASIL
A Iniciativa Inter-religiosa pelas Florestas Tropicais – IRI Brasil está ligada ao Programa de Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas (PNUMA) e visa trazer urgência moral e unir a força espiritual das religiões aos esforços globais para acabar com o desmatamento das florestas tropicais. A IRI atua no Brasil, Colômbia, Peru, República Democrática do Congo e Indonésia, os cinco países que, juntos, reúnem 70% das florestas tropicais remanescentes no mundo.
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