Cessar-fogo em Gaza começa domingo de madrugada e primeiros reféns serão soltos pela manhã

Primeira fase do acordo prevê trégua nos combates e a liberação de 33 reféns mantidos em Gaza em troca de 737 prisioneiros palestinos sob custódia de Israel

O acordo para um cessar-fogo em Gazae, fechado ontem por Israel e pelo grupo terrorista Hamas, entrará em vigor às 03h30 (horário de Brasília) deste domingo, 19. A troca de reféns tomados nos atentados de 7 de outubro por prisioneiros palestinos começa às 11h do mesmo dia.

O acordo, alcançado após mais de um ano de negociações complexas, prevê uma primeira fase de seis semanas, durante as quais estão previstos o cessar das hostilidades e a liberação de 33 reféns mantidos em Gaza em troca de 737 prisioneiros palestinos sob custódia de Israel.

Prédios destruídos pelos bombardeios israelenses dentro da Faixa de Gaza; cessar-fogo começa neste domingo
Prédios destruídos pelos bombardeios israelenses dentro da Faixa de Gaza; cessar-fogo começa neste domingo Foto: Ariel Schalit/AP

De acordo com o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdelrahmane Al-Thani, o pacto anunciado na quarta-feira, 15, busca colocar um fim definitivo à guerra.

Aguardando o início da trégua, na véspera da posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos na segunda-feira, 20, o Exército israelense continuou seus ataques contra Gaza, que mataram mais de 100 pessoas desde quarta-feira, de acordo com os serviços de emergência palestinos, controlados pelo Hamas.

Por sua vez, o Exército israelense interceptou no sábado um projétil vindo do Iêmen, o que ativou os alarmes antiaéreos no centro do país.

Uma chance para a paz

O gabinete de ministros israelense aprovou o acordo na madrugada de sábado, algumas horas depois que o Hamas também concordou com o pacto. O governo israelense anunciou ainda que alguns reféns seriam liberados no domingo, mas sem especificar o número.

Um oficial militar afirmou que a liberação ocorrerá em três pontos da fronteira de Israel com Gaza, onde os reféns serão atendidos por médicos e depois transferidos para hospitais.

De acordo com duas fontes próximas ao Hamas, o primeiro grupo de reféns a ser libertado será composto por três mulheres israelenses.

Israel, por sua vez, estabeleceu uma lista de 95 prisioneiros palestinos que poderiam ser liberados já no domingo, em sua maioria mulheres e menores de idade, que foram detidos após 7 de outubro.

Manifestantes israelenses pedem o fim da guerra e a libertação dos reféns em Gaza
Manifestantes israelenses pedem o fim da guerra e a libertação dos reféns em Gaza  Foto: Ariel Schalit/AP

“O momento que estávamos esperando”

Entre os prisioneiros palestinos que fazem parte do acordo está Zakaria al-Zubeidi, ex-líder das Brigadas de Mártires de Al-Aqsa, o braço armado do partido Fatah, do presidente Mahmud Abás.

Entre os 33 reféns que serão libertados durante a primeira fase, estão dois franco-israelenses, Ofer Kalderon, de 54 anos, e Ohad Yahalomi, de 50, informou o governo francês.

“É o momento que estávamos esperando. Espero ver meu avô voltar para casa, de pé, vivo”, disse Daniel Lifshitz, neto de Oded Lifshitz, de 84 anos, sequestrado no kibutz de Nir Oz.

Na Faixa de Gaza, devastada pelos bombardeios aéreos israelenses e pela ofensiva terrestre em represália ao ataque de 7 de outubro, os deslocados – a grande maioria dos aproximadamente 2,4 milhões de palestinos – se preparam para retornar aos seus lares.

“Vou retirar os escombros da casa e montar minha tenda lá”, disse Umm Khalil Bakr, que fugiu da cidade de Gaza para Nuseirat. “Sabemos que vai fazer frio e que não teremos cobertores para dormir, mas o importante é voltar para nossa terra.”

Segundo a ONU, a guerra provocou um nível de destruição “sem precedentes na história recente” da Faixa de Gaza.

15 meses de violência

Do lado israelense, o ataque de 7 de outubro deixou 1.210 mortos, em sua maioria civis, segundo um levantamento da AFP com base em dados oficiais.

Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 94 ainda estão como reféns em Gaza, das quais 34 morreram, de acordo com o exército.

Pelo menos 46.876 pessoas, em sua maioria civis, morreram na ofensiva israelense em Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas.

Além da liberação dos reféns, a primeira fase do acordo inclui, segundo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, “um cessar-fogo total”, a retirada israelense das áreas densamente povoadas de Gaza e um aumento da ajuda humanitária.

Durante a primeira fase, serão negociadas as modalidades da segunda fase, que deverá permitir a liberação dos últimos reféns, antes da terceira e última, dedicada à reconstrução de Gaza e à devolução dos corpos dos reféns mortos em cativeiro. / AFP

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