Justiça concede liberdade para Nelma Kodama, delatora da Lava Jato

Nelma Kodama estava presa desde 2022 acusada de ser doleira do narcotráfico

Tribunal Regional Federal da 1ª Região atendeu ao pedido da defesa Nelma Kodama (foto em destaque) e concedeu liberdade para a delatora da Lava-Jato. Presa desde de 2022, ela foi um dos alvos da Operação Descobrimento, deflagrada pela Polícia Federal contra o tráfico internacional de cocaína. Investigações apontam que ela atuava como doleira do narcotráfico.

A decisão liminar, assinada pelo desembargador federal Ney Bello nesta quarta-feira (21/2), estabelece que Nelma está proibida de manter contato com os demais denunciados no âmbito da Operação Descobrimento.

Além disso, ela deve comparecer a cada 15 dias ao Juízo Federal da localidade de residência para informar e justificar atividades. Ela também está proibida de ausentar-se da cidade onde mora sem autorização judicial.

O magistrado pediu a entrega do passaporte da doleira, no prazo de 24 horas, e determinou que ela use tornozeleira eletrônica.

“Assim, embora a decretação da prisão preventiva da paciente tenha sido devidamente fundamentada, com base na garantia da ordem pública, não se pode negar que a situação de clausura, desde a sua prisão, em Portugal, em 19/04/2022, já perdura por quase dois anos, não tendo sido informado qualquer registro de descumprimento das medidas cautelares impostas”, considerou o desembargador.

O que diz a defesa

Em nota, os advogados de Nelma comemoraram a decisão da Justiça Federal. Leia a nota na íntegra:

“Bruno Ferullo e Felipe Cassimiro advogados impetrantes do Habeas Corpus, aduzem que não havia justa causa para que a prisão domiciliar de Nelma Kodama fosse mantida, como infelizmente fez o Juiz Federal de Salvador ao indeferir o pedido da Defesa Técnica.

Novamente, o Desembargador Federal Ney Bello honra o Poder Judiciário pátrio ao proferir uma decisão em Habeas Corpus que está em total consonância com os valores fundamentais da Constituição Federal.”

Quem é Nelma Kodama

Figura emblemática do escândalo Petrobras, que culminou na Operação Lava Jato, Nelma foi presa pela primeira vez em 15 de março de 2014, enquanto tentava embarcar para a Itália com 200 mil euros escondidos na calcinha.

A empresária foi condenada a 15 anos de prisão pelo então juiz federal e atual senador Sergio Moro (União-PR), pela lavagem de R$ 221 milhões. Ela também enviou para o exterior U$S 5,2 milhões, por meio de 91 operações de câmbio irregulares.

Nelma Kodama é ex-namorada do também doleiro Alberto Youssef. Em 2019, a investigada teve extinta a pena decretada na Operação Lava Jato. A decisão ocorreu graças ao indulto natalino concedido, no fim de 2017, pelo então presidente Michel Temer (MDB).

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